BNDES triplica número de operações para financiar armazéns

Ao longo de 2023, foram 13 financiamentos aprovados entre a instituição e cooperativas ou empresas do agronegócio no valor de R$ 241.5 milhões, sem bancos intermediários – Imagem de standret no Freepik

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mais que triplicou o número de operações diretas realizadas neste ano para financiar novas estruturas de armazenagem de grãos no País. Ao longo de 2023, foram 13 financiamentos aprovados entre a instituição e cooperativas ou empresas do agronegócio no valor de R$ 241.5 milhões, sem bancos intermediários.

Os armazéns terão capacidade para estocar 900.000 toneladas, principalmente de soja e milho, e devem ajudar a reduzir o déficit de armazenamento da produção agrícola no Brasil, estimado em mais de 115 milhões de toneladas.
Em 2021 e 2022, o BNDES havia fechado apenas quatro operações similares a essas em cada ano, com o desembolso de valores próximos a R$ 150 milhões por período. Nessa modalidade, a contratação é feita diretamente no banco, sem o envolvimento de outra instituição financeira na função de repassador dos recursos. Com isso, o financiamento fica mais barato, pois o spread do terceiro intermediário é eliminado do processo.

O salto no número desse tipo de operação se deve ao alinhamento estratégico do BNDES com a política de expansão da armazenagem no País, disse à reportagem José Luis Gordon, Diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior. “Essa é uma agenda estratégica e prioritária. Estamos trabalhando para tentar financiar o máximo possível que pudermos na agenda direta”, disse.

Segundo ele, para isso, houve uma aproximação maior do banco com potenciais clientes do setor produtivo. Mas ressaltou que ainda há um desconhecimento de grandes produtores, empresas e cooperativas sobre a possibilidade de acessar diretamente esses recursos. O BNDES tem recebido demandas encaminhadas pelo Ministério da Agricultura e por associações do agronegócio.

“Os financiamentos diretos têm custo menor, a diferença de buscar recursos diretamente com o BNDES é que não tem o spread da instituição financeira repassadora”, disse.

Para acessar os recursos, é preciso ter faturamento anual acima de R$ 80 milhões e ter um cadastro no banco para avaliação do risco e da margem de crédito. “Muitas empresas podem acessar e ainda não sabem”, disse Gordon. Segundo ele, há uma procura crescente das usinas de etanol de milho por esse tipo de operação.

Ao todo, as 13 operações somam mais de R$ 450 milhões, mas os valores aplicados efetivamente na construção ou ampliação de armazéns foi de R$ 241.5 milhões. Os recursos são oriundos, principalmente, de duas linhas do Plano Safra, o PCA e o Prodecoop, mas também há liberações com dinheiro do Fundo do Clima e da linha em dólar do BNDES. As operações seguem as diretrizes das linhas originais em questão de prazos e juros.

As operações foram realizadas com a C. Vale Cooperativa Agroindustrial, a Cooperativa Agropecuária Tradição (dois contratos), a CRAS Agroindústria Ltda, a Cocamar Cooperativa Agroindustrial (dois contratos), a Cocal Comércio Indústria Canaã Açúcar e Álcool Ltda., a Lar Cooperativa Agroindustrial (dois contratos), a Neomille S.A., a Copacol Cooperativa Agroindustrial (dois contratos) e a Coopavel Cooperativa Agroindustrial. “É uma agenda que une o setor industrial e o agronegócio”, estimou Gordon.

A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) indicou que as cooperativas agropecuárias têm buscado mais recursos para armazenagem para atender demandas dos cooperados e estão incluindo projetos de investimento em infraestrutura nos seus planejamentos. O aumento das operações diretas com BNDES são fruto de aproximação do segmento com o banco, fortalecida por um acordo de cooperação existente entre as partes, e da maior disponibilidade de recursos equalizados na instituição estatal para a ampliação dos armazéns, indicou a OCB.

Além das operações diretas, o BNDES emprestou mais de R$ 1.4 bilhão no PCA desde julho por meio de recursos repassados às instituições financeiras credenciadas, as chamadas operações indiretas. O desempenho total no Plano Safra 2023/24 até agora nas linhas de armazenagem somam R$ 1.7 bilhão. “Neste ano, o banco operou 30% do valor total do PCA e 100% dos recursos já foram aprovados”, disse o Diretor. Considerando todos os programas de investimento e custeio, o banco estatal já aprovou a liberação de mais de R$ 22 bilhões em financiamentos.

Gordon ressaltou que o banco tem buscado atuar com outros modelos de financiamento para esta área. Um deles é um Fiagro de R$ 300 milhões da Kepler Weber, empresa líder na produção de estruturas armazenadoras. O BNDES subscreve até R$ 210 milhões do fundo, valores que são acessados por produtores, empresas e cooperativas para financiar a instalação de silos e armazéns. Como não tem subvenção federal, o instrumento também pode ser acessado por cerealistas.

Fonte: Globo Rural
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