A Balança Comercial brasileira registrou superávit de US$ 2.293 bilhões em julho, pior para o mês desde 2014 (US$ 1.562 bilhão), com a fraqueza da economia se refletindo tanto nas exportações como nas importações. O dado, divulgado pelo Ministério da Economia nesta quinta-feira, também está abaixo das expectativas de um saldo positivo de US$ 3.8 bilhões, segundo pesquisa da Reuters com analistas.
No mês, as exportações registraram queda de 14,80% em relação a julho de 2018, totalizando US$ 20.054 bilhões. Já as importações caíram 8,90% na mesma base de comparação, totalizando US$ 17.761 bilhões. No acumulado dos sete primeiros meses do ano, a Balança Comercial apresenta superávit de US$ 28.369 bilhões, com queda de 16,30% em relação a igual período do ano passado.
“(Há) menor demanda externa por conta da desaceleração da economia mundial e menor demanda interna por conta de desempenho aquém do esperado para a economia nacional”, disse o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão.
Depois de iniciar 2019 estimando uma alta de 2,50% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, o governo foi revisando sua perspectiva para baixo, até cortá-la a 0,81% no último mês. Para o resultado consolidado da Balança Comercial no ano, a expectativa de analistas ouvidos pelo Banco Central na mais recente pesquisa Focus é de um superávit de US$ 52 bilhões, contra um superávit de US$ 58 bilhões em 2018.
No mês passado, o Ministério da Economia ajustou suas estimativas e passou a prever um superávit comercial de US$ 56.7 bilhões para este ano.
Destaques em julho
Do lado das exportações, o desempenho negativo em julho foi verificado em todas as categorias, com destaque para os embarques de produtos básicos, que recuaram 16,70% em relação a igual período do ano passado. No mês, houve redução de 61,20% nas vendas de petróleo bruto e de 34,60% da soja em grão, dois importantes produtos da pauta comercial brasileira.
“Esses dois produtos registraram queda, tanto de volume quanto de preço no mês”, disse Brandão. Ele apontou que o apetite por petróleo foi afetado pela desaceleração da economia mundial, com reflexo nas cotações internacionais do produto.
Já as vendas de soja, segundo o subsecretário, têm sido impactadas pelos problemas sanitários da China. A soja comprada do Brasil é utilizada principalmente na produção de ração para alimentação de porcos, mas em função da Peste Suína Africana (PSA), o país asiático registrou forte redução das importações.
Olhando para as demais categorias, as exportações brasileiras de manufaturados e semimanufaturados caíram 12,30% e 4,60% em julho, respectivamente.
Com relação às importações, as compras de combustíveis e lubrificantes aumentaram 22% em julho. Também registraram alta as compras de bens intermediários (+ 4,90%) e de bens de consumo (+ 1%).
Em contrapartida, as importações de bens de capital despencaram 53% em relação a julho do ano passado. O Ministério da Economia chamou a atenção para a retração verificada, principalmente, em barcos-faróis, guindastes, docas e diques flutuantes.
Reuters