A captação dos 13 principais laticínios do País aumentou 4,10% em 2019, totalizando 7.8 bilhões de litros de leite. Juntos, os grupos responderam por 76,30% da captação, estimada em 33 bilhões de litros pela Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil), responsável pelo ranking.
A tendência de concentração na pecuária leiteira continuou. O aumento na captação dos laticínios no ano passado ocorreu mesmo com um número 7,10% menor de produtores (33.500). Isso só foi possível porque o volume recebido por produtor aumentou 8%, para 446 litros diários.
“O ano passado foi marcado por preços razoáveis em que o mercado conseguiu crescer e o produtor se profissionalizar”, disse o vice-presidente da Leite Brasil, Roberto Jank.
O ranking da associação que faz o levantamento sobre captação de matéria-prima pelos laticínios há 23 anos, não inclui a multinacional francesa Lactalis, maior indústria de lácteos do país, e a Goiasminas, dona da marca Italac.
Em 2019, a Lactalis encerrou uma disputa iniciada em 2017 com a mexicana Lala, dona da Vigor, e assumiu o controle da Itambé e também a liderança na captação de leite. Juntas, Lactalis e Itambé captam 2.3 bilhões de litros de leite por ano.
Considerando somente as companhias que participam do ranking da Leite Brasil, a Nestlé manteve a liderança em 2019, apesar da queda de 8,30% na comparação com o ano anterior. A empresa captou 1.5 bilhão de litros de leite.
Vale lembrar que a multinacional suíça vendeu suas unidades de produção de leite longa vida para a Laticínios Bela Vista, dona da marca Piracanjuba, que é a segunda colocada do ranking, com captação de 1.45 bilhão de litros no ano assado e aumento de 5,10% na comparação anual.
Até a sexta colocação (ver quadro abaixo), não houve mudanças na lista dos principais laticínios. Na parte de baixo da lista, a alteração mais notável foi a queda da francesa Danone, da oitava colocação para a décima. A captação da multinacional recuou 13,10%, para 293.6 milhões de litros de leite.
De modo geral, o ano passado foi marcado por margens apertadas para as indústrias, que esperavam um aumento de demanda e um aquecimento na economia que não se concretizaram. Jank, da Leite Brasil, acrescentou que as perspectivas otimistas do começo deste ano deram lugar à incerteza provocada pela crise da Covid-19.
Com o canal de alimentação fora do lar (food service), que absorve metade da produção brasileira de queijo, paralisado em razão da pandemia, sobrou leite no mercado, o que levou a uma queda significativa dos preços ao produtor nas últimas semanas.
“Com o câmbio mais alto, elevando custo de produção e preços mais baixos recebidos das indústrias, o produtor tem um desestímulo duplo”, lamentou o vice-presidente da Leite Brasil. Segundo ele, o dólar mais valorizado inibe as importações, o que deve tornar a oferta de leite mais enxuta no mercado interno. “Esses fatores poderão gerar problema de oferta”, disse.
Valor Econômico