Na contramão do mercado internacional, o dólar comercial fechou em alta de 1,30%, cotado a R$ 3,1950 para compra e a R$ 3,1965 para venda, com máxima a R$ 3,2056 e mínima a R$ 3,1500.
O dólar fechou em alta, impactado pela notícia de que o FBI abriu nova investigação sobre e-mails da candidata democrata à presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton, algo que poderia arranhar sua candidatura.
A moeda norte-americana já subia de forma consistente desde cedo, influenciada pelo crescimento mais forte do que o esperado da economia dos Estados Unidos, em meio às especulações de que os juros devem voltar a subir ainda este ano na maior economia do mundo. A proximidade da formação da Ptax também influenciou o comportamento do mercado.
Na semana, a moeda norte-americana acumulou alta de 1,14%, interrompendo três semanas seguidas de queda.
“Ninguém quer ficar vendido no final de semana com esse tipo de notícia no ar”, disse um operador de uma corretora nacional, referindo-se às eleições norte-americanas.
O FBI informou nesta tarde que a agência vai investigar e-mails adicionais que surgiram relacionados com o uso de um servidor de e-mail pessoal de Hillary para determinar se contêm informações sigilosas, acrescentando que não está claro o quão significativo o novo material pode ser.
A candidata democrata agrada mais ao mercado do que o republicano Donald Trump e a notícia saiu a poucos dias da eleição norte-americana, em 8 de novembro. Até agora, Hillary tem estado à frente nas pesquisas de opinião.
Uma das moedas mais afetas pela notícia foi o peso mexicano, que passou a subir por causa da posição adversa que Trump tem em relação aos imigrantes.
Durante toda a sessão, o dólar exibiu forte valorização, com a divulgação de que o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu à taxa anual de 2,9% no trimestre passado, melhor que a previsão de alta de 2,5% em pesquisa Reuters.
Com o resultado, os juros futuros dos EUA passaram a precificar chances de 83% do Federal Reserve elevar a taxa de juros na reunião de 13 e 14 de dezembro, acima das expectativas de 78% na véspera, de acordo com o programa FedWatch do CME Group.
Após da notícia sobre Hillary as expectativas recuaram para 74%.
A trajetória de alta do dólar no Brasil ainda foi sustentada pela briga da formação da PTAX –taxa mensal que serve de referência para diversos contratos cambiais– no final do mês.
Também influenciou o fato de o Banco Central ter anunciado que deixará de rolar integralmente os swaps tradicionais com vencimento em 1º de novembro. Hoje, esse estoque é de US$ 2.96 bilhões, segundo o BC.
O BC vendeu nesta manhã o lote integral de 5.000l contratos de swap cambial reverso.
Os ingressos de recursos por conta da regularização de ativos brasileiros no exterior chegaram a reduzir um pouco os ganhos do dólar em momentos do dia, mas foram insuficientes para inverter a tendência. Segundo profissionais, o fluxo já estaria se esgotando.
“Na minha avaliação, acredito que o principal fluxo da repatriação já aconteceu”, disse o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.
O prazo para regularização termina na próxima segunda-feira. Segundo a Receita Federal, até as 17:00 de quinta-feira, a arrecadação com impostos e multas no âmbito da regularização havia chegado a US$ 45.78 bilhões.
No mercado internacional, por volta das 18h45 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em baixa de 0,62%, cotado aos 98,31 pontos, enquanto o euro estava em alta de 0,83%, cotado a US$ 1,0987.
Juros futuros curtos recuam com IGP-M e ajustes após alta na semana
Os contratos futuros de taxas de juros recuaram na BM&F com a surpresa positiva do IGP-M. O mercado também aproveitou para ajustar as posições após a alta das taxas verificadas nesta semana.
O DI janeiro/2018 caiu de 12,25% para 12,23% no fechamento do pregão regular, enquanto o DI janeiro/2019 recuou de 11,56% para 11,53%. Já o DI janeiro/2021 fechou estável a 11,34%.
O IGP-M ficou em 0,16% em outubro. O IPCA de outubro será divulgado apenas em 9 de novembro.
Para o gestor da Brasif Henrique de la Rocque, o BC tem mantido o discurso de que a aceleração do ritmo do ciclo de afrouxamento monetária vai depender dos próximos dados de inflação, principalmente de serviços.
Ele acredita que ainda há chance de a taxa Selic voltar para um dígito, entre 9% e 9,50%, no fim do ciclo de corte de juros, mas reconhece que o BC tem adotado um discurso cauteloso em relação ao tamanho da redução da taxa básica no período.
Nesse cenário, o gestor acredita que o prêmio no mercado futuros de taxas de juros em relação à expectativa para a Selic já caiu muito. “Houve um movimento grande de queda dos juros futuros, mas vemos um risco maior agora em montar posições nas taxas prefixadas uma vez que não está dado que a taxa Selic vai chegar a um dígito”, disse.
Fonte: Valor Econômico