Anúncio do Plano Safra 2015/16 é adiado e ainda não tem nova data

O anúncio do Plano Safra 2015/16, que aconteceria no próximo dia 19, deverá ser adiado. De acordo com o consultor da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) para a área de Política Agrícola, Célio Porto, as novas informações deverão ser anunciadas na última semana de maio ou na primeira de junho.

O adiamento teria sido em função da visita do primeiro ministro da China, Li Keqiang, ao Brasil na mesma data. Na agenda, estão previstas diversas reuniões da presidente Dilma Rousseff e sua equipe com o prêmie e também sua equipe e, entre os principais assuntos, está a retomada das exportações de carne bovina brasileira para a nação asiática. Haverá, inclusive, um encontro das autoridades chinesas com a ministra da Agricultura, Kátia Abreu.

“Caso não fosse adiado, o anúncio conflitaria com essa visita e o governo não queria isso”, explica Porto. O consultor da FPA afirma ainda que a medida desagrada o setor, que sempre tem como demanda uma antecipação dessa divulgação e, neste ano, ainda mais, já que os primeiros problemas começam a aparecer na aquisição de crédito para o financiamento do chamado “pré-custeio” e os ministros, tanto da Fazenda quanto da Agricultura, já anunciaram que as taxas de juros na próxima temporada serão mais altas.

Dessa forma, Porto acredita que entre as consequências do adiamento, a que mais preocupa refere-se a esses prematuros problemas com a aquisição de recursos para o planejamento da próxima safra. “E isso acontece em dois pontos: de um lado, com uma perspectiva de aumento dos preços, os vendedores querem segurar seus produtos para venderem mais caro, e de outro, há uma antecipação por parte do produtor, que quer adiantar suas compras e evitar esses preços mais altos. Assim, a demora do anúncio sempre é ruim”, esclarece.

Joaquim Levy em reunião com a FPA

E esse adiamento do anúncio vem logo após uma reunião, nesta terça-feira (5), do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, com os deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária para tratar do ajuste fiscal. No balanço, os parlamentares afirmaram apoiar as medidas do ajuste contanto que algumas demandas do agronegócio sejam antendidas. A votação do ajuste proposto pelo governo deve ser iniciada nesta quarta-feira (6).

Entre os pedidos da FPA, o principal refere-se ao volume de recursos que serão destinados à agropecuária e em quanto será elevada a taxa de juros na próxima temporada. Porém, as especificades dessa demanda serão discutidas em uma nova reunião do ministro com os deputados, a qual deverá acontecer somente depois da resolução e aprovação do ajuste, ainda segundo Célio Porto.

Além disso, os parlamentares solicitaram ainda o pagamento das parcelas atrasadas do seguro rural. Sobre isso, Levy se comprometeu a pagá-las, porém, não definiu uma data específica para a operação.

O terceiro ponto solicitado pela frente foi o apoio à lei da terceirização da atividade fim que é de extrema importância para a agropecuária brasileira. “É importante que a presidente Dilma e o seu partido reconheçam a importância e necessidade da aprovação dessa lei para o setor e isso foi colocado pelos deputados para o ministro”, relata o consultor da FPA.

Em entrevista ao Notícias Agrícolas, o deputado federal Alceu Moreira (PMDB-RS), da FPA, afirma que os parlamentares presentes na reunião com Levy se mostraram insatisfeitos com sua postura e que ainda haverá muita discussão sobre as medidas antes de serem aprovadas.

“Há muitas contradições que precisam ser debatidas. Nós da bancada do PMDB e da bancada ruralistas ficaremos em compasso de espera para ver se o principal partido de apoio ao governo se posiciona com fidelidade em defesa a esse projeto (da terceirização) e depois vamos analisar, ponto a ponto, inclusive substituindo alguma coisa que poderia ser o aumento de tributo, por outra, como por exemplo, o depósito de garantia feito na poupança de 70% de R$ 150 bilhões para 78%, e só aí já teríamos mais R$ 9 bilhões a mais”, explica Moreira. No depósito à vista, que tem 34% de garantia, poderia chegar a 38 ou 40% e se arrecada mais R$ 5 ou R$ 6 bilhões. Há outras fontes de financiamento para o déficit que não necessariamente precisam onerar as empresas e lhes dar condições menos competitivas do que as atuais”, completa.

O deputado afirma ainda que o debate em torno do ajuste fiscal deverá ser levado pelos parlamentares para ser o mais longo possível, “discutido com tempo e responsabilidade, para poder buscar todas as formas de alternativas”.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

 

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