A safra de soja 2018/19 do Brasil, já em colheita, deverá alcançar 116.9 milhões de toneladas, estimou nesta quarta-feira a AgRural, em um corte frente à estimativa anterior, de 121.4 milhões de toneladas, em razão da estiagem e do calor desde dezembro.
Caso se confirme, o volume ficaria abaixo do recorde de 119.3 milhões de toneladas registrado em 2017/18, apesar de produtores terem semeado quase 36 milhões de hectares com a cultura, uma área histórica.
O corte na previsão ocorre dias após a INTL FCStone também reduzir sua estimativa para a colheita no maior exportador global da oleaginosa.
Na véspera, o Departamento de Economia Rural (DERAL) informou que, só no Paraná, 12% das lavouras estão em condição ruim por causa da falta de chuvas e elevadas temperaturas.
Em boletim, a AgRural disse que “a irregularidade das chuvas e o calor que marcaram o mês de dezembro em alguns Estados, com destaque para Paraná e Mato Grosso do Sul, tiraram do Brasil a chance de ter mais uma safra recorde de soja”.
Segundo a consultoria, houve redução de 2.5 milhões de toneladas na estimativa de colheita no Paraná, de 1 milhão em Mato Grosso do Sul e de outro 1 milhão nos demais Estados.
As perdas se “concentram em áreas plantadas em setembro, com variedades de ciclo mais curto, cujas lavouras não aprofundaram suficientemente as raízes devido à umidade presente no plantio e desenvolvimento vegetativo e que durante a estiagem de dezembro atravessavam a fase decisiva de enchimento de grãos”, afirmou a AgRural.
O relatório da consultoria vem um dia antes de a estatal Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apresentar atualizações para a safra brasileira.
Especificamente para o Paraná, a AgRural disse que “todas as regiões do Estado foram atingidas pela estiagem e pelo calor, mas as maiores perdas se concentram no oeste, que planta mais cedo”. Em Mato Grosso, há por ora “perdas isoladas”.
Os problemas climáticos no Brasil têm dado sustentação aos contratos futuros de soja Bolsa de Chicago nos últimos dias.
Nos últimos 2 meses, as chuvas ficaram abaixo do normal tanto em Mato Grosso quanto no Paraná, os dois maiores produtores de soja do Brasil, segundo o Agriculture Weather Dashboard, do Refinitiv Eikon.
No sudeste mato-grossense, as precipitações foram 162,5 milímetros inferiores ao esperado, enquanto no oeste paranaense, 124,1 milímetros.
O Agriculture Weather Dashboard também aponta chuvas aquém da média em Mato Grosso do Sul, Goiás e em parte do Matopiba, fronteira agrícola composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. No noroeste goiano, choveu 261,4 milímetros menos que o normal.
Para as próximas duas semanas, a previsão aponta para acumulados mais expressivos no Paraná, enquanto Mato Grosso e Mato Grosso o Sul seguirão com precipitações abaixo da média, ainda segundo o serviço do Refinitiv Eikon.
Milho
A AgRural também fez ajustes em sua estimativa para a primeira safra de milho 2018/19, prevendo uma colheita de 27.1 milhões de toneladas, contra 27.2 milhões de toneladas anteriormente.
O volume considera uma “safra verão” de 21.3 milhões de toneladas no Centro-Sul e o restante no Norte/Nordeste, a partir de dados da Conab.
“As temperaturas altas e a distribuição irregular das chuvas também impactaram a produtividade da safra 2018/19 de milho verão no Sul do Brasil. As maiores perdas estão no Paraná, mas cortes também foram feitos em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul”, disse a AgRural.
A empresa acrescentou que não houve alteração nos números de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, que plantam mais tarde e terão revisão em fevereiro.
Reuters