Agropecuária novamente se destaca no PIB trimestral

A participação do setor em valor adicionado superou a do primeiro trimestre do ano passado. Foto: Pixabay – geralt

Setor alavancou economia brasileira nos três primeiros meses de 2025

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados no último dia 30 de maio, mostraram forte desempenho da agropecuária no primeiro trimestre de 2025. O setor respondeu por 7,74% do Produto Interno Bruto (PIB) para o período, gerando R$ 233,86 bilhões de um total de R$ 3,01 trilhões. A participação do setor em valor adicionado superou a do primeiro trimestre do ano passado, quando os R$ 186,59 milhões representaram 6,67% do total do período, que foi de R$ 2,75 trilhões.

O IBGE também atualizou os valores referentes a todo o ano de 2024, quando a atividade rural representou 6,5% do PIB nacional. Em um ano com problemas climáticos que afetaram a produção, essa participação ficou menor que a de 2023, de 6,9%, e de 2022, de 6,7%.  Já o ritmo do primeiro trimestre em 2025 se mostra semelhante ao registrado em todo o ano de 2021, quando o setor teve a sua maior participação da soma das riquezas do país desde 2010.

Em relação ao quarto trimestre de 2024, a expansão do setor foi de 12,2%, a maior desde o início de 2023. O acumulado dos últimos 12 meses encerrados em março deste ano houve alta de 1,8%. Para economistas e analistas do mercado, as safras boas, beneficiadas pela regularidade das chuvas, proporcionaram esse cenário, bem como questões cambiais e o desempenho de alguns concorrentes. Apesar dos principais fatores serem domésticos, situações como a guerra tarifária, cujos efeitos já começam a aparecer, serão refletidas nas próximas aferições. A China já indica maior volume comprado do Brasil, e tende a aumentar sua dependência de outras commodities nacionais.

Por trás dos números: razões do desempenho e prudência por parte da CNA

Os técnicos do IBGE, na apresentação dos dados, destacaram a expansão da colheita de soja, de 13,3% em relação a 2024; milho, de 11,8%; arroz, de 12,2%; e fumo, 25,2%, conforme o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola que a instituição divulgou neste mês. A economista do IBGE, Rebeca Palis, disse que um quarto do crescimento da economia brasileira no primeiro trimestre desse ano em relação ao quarto trimestre do ano passado, foi motivado por agropecuária. Em áudio disponibilizado no site do IBGE, Rebeca aprofunda:

Desse crescimento interanual de 2,9%, 25%, ou seja, um quarto foi responsabilidade somente de uma atividade econômica que pesa 6,5% da economia brasileira. A agropecuária, com condições climáticas favoráveis e expectativa de safra recorde da soja, nossa principal lavoura”.

Pelos números consolidados historicamente até o ano de 2002, também ficou claro o crescimento econômico de regiões do interior brasileiro que tem no agronegócio sua principal atividade. É o caso do Centro – Oeste, onde o agro representou 18,2% do PIB regional, com destaque para o Mato Grosso. O maior produtor de soja, milho e algodão do Brasil respondeu por 37,4% da riqueza gerada na região em 2022, seguido por Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal.

Na região Norte do Brasil, a agropecuária representou 11,9% do PIB regional, com liderança do Tocantins (23,8%). No Nordeste, a proporção foi de 8,8% em 2022, com liderança de Alagoas (16,9% do PIB da região). No Sul, o campo respondeu por 8,6% das riquezas geradas na região três anos atrás, com dianteira do Paraná (10,4%). E no Sudeste, o setor respondeu por 2,5%, com Minas Gerais no topo da lista (7,5%).

A Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), apesar de saudar o bem desempenho do setor no primeiro trimestre, pregou cautela. Para a entidade, esse patamar pode não se repetir nos próximos ciclos. Em nota oficial, a CNA lembrou que o investimento dos produtores foi determinante para o bom resultado, e que um aporte equivalente pode não ser possível no cenário atual. O comunicado técnico divulgado também atribui o crescimento às colheitas de verão, com destaque para a soja da primeira safra e o milho das duas primeiras safras.

O mesmo nível de investimento pode não se repetir na próxima safra, diante do elevado custo do financiamento produtivo, atrelado à instabilidade econômica e política, dadas as incertezas globais […] é necessária a adoção de políticas estruturantes que garantam a continuidade da produção, incluindo crédito rural com taxas de juros compatíveis e mecanismos de gestão de risco. Essas medidas asseguram a permanência do produtor no campo, promovem a segurança alimentar da população e fortalecem a balança comercial por meio das exportações”, conclui a CNA.

Por Marcelo Sá – jornalista/editor e produtor literário (MTb13.9290)  marcelosa@sna.agr.br
Com informações do IBGE, Ministério da Agricultura, CNA, Consultoria MB Associados.
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