ABIOVE estima safra de soja em 98.6 milhões de toneladas e exportações de 53.8 milhões de toneladas em 2016

Entidade faz retrospectiva dos acontecimentos envolvendo o setor em 2015 e traça perspectivas para 2016.

Em 2015, entre os pontos positivos, estão os dois “road shows” na Europa sobre sustentabilidade da soja (o primeiro foi em março e o segundo em novembro), avanços no biodiesel e no escoamento pelos portos do Norte, fortalecimento do Soja Plus e interesse europeu pelo programa. Os pontos negativos continuam sendo o problema tributário (acúmulo de créditos fiscais) e o aumento das exportações de soja em grão, em detrimento de produtos de maior valor agregado, como o farelo protéico.

Em 2015, a sojicultura brasileira continuou contribuindo para a economia nacional com taxas de crescimento importantes na produção e na exportação. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), cujas empresas processam 60% da soja produzida no País, projeta mais um ano de safra recorde.

PRODUÇÃO EM 2016 – a safra estimada, de 98.6 milhões de toneladas, dependerá das condições climáticas, ainda incertas. Se esse patamar for atingido, o crescimento será de 3,6% em relação à colheita de 2015. A produção de farelo está projetada em 30.7 milhões de toneladas, aumento de 1% em relação a produção em 2015 e a de óleo, em 8.0 milhões de toneladas, crescimento de 1,3%.

EXPORTAÇÃO EM 2016 – A Abiove prevê embarques de soja em grão de 53.8 milhões de toneladas, aumento de 1,5% na comparação com o resultado em 2015. Quanto ao farelo, a expectativa é que as vendas externas sejam semelhantes às de 2015 (15.2 milhões de toneladas). As exportações de óleo deverão ficar em 1.47 milhão de toneladas, crescimento de 5%.

PRODUÇÃO EM 2015 – o Brasil deverá fechar 2015 com a produção de 95.2 milhões de toneladas de soja, um aumento de 10,2% na comparação com a safra anterior. A produção de farelo está estimada em 30.4 milhões de toneladas e a de óleo, em 7.95 milhões de toneladas.

PROCESSAMENTO – o processamento de soja, neste ano, deve atingir 40.1 milhões de toneladas, mais 6,6% em relação a 2014. Em 2016, o esmagamento da oleaginosa, de 40.5 milhões de toneladas, deve mostrar uma pequena variação positiva de 1% ante 2015.

DESINDUSTRIALIZAÇÃO – a tendência de desindustrialização será mantida com o aumento de 1% no esmagamento, em 2016, na comparação com um acréscimo de 3,6% na safra de soja no mesmo ano. A estimativa é que 41% da safra, em 2016, seja industrializada, contra um esmagamento de 42% em 2015.

CAPACIDADE INSTALADA – números de 2014 revelam uma capacidade instalada total de processamento de 59.5 milhões de toneladas, das quais 53.4 milhões referentes às unidades industriais ativas e 6.1 milhões de toneladas referentes às fábricas paradas.

EXPORTAÇÕES EM 2015 (dados de janeiro a outubro) – a exportação de soja deve atingir 53 milhões de toneladas, um aumento de 16% em relação à safra de 2014. As vendas externas de farelo em 2015 devem ser de 2 milhões de toneladas, aumento de 10% na comparação com 2014. Já os embarques de óleo devem totalizar 1.4 milhão de toneladas, aumento de 8%.

CÂMBIO E QUEDA NOS PREÇOS – mesmo com câmbio favorável, as vendas externas do complexo soja deverão totalizar, em 2015, US$ 26.74 bilhões, um recuo de 15% e relação aos US$ 31.4 bilhões contabilizados em 2014. O principal fator é a queda nas cotações internacionais da oleaginosa, motivada por safras recordes nos EUA e no Brasil. A queda dos preços é expressiva: 25% na soja em grão, 28% no farelo e 17% no óleo.

PRINCIPAIS MERCADOS EM 2015 – os principais mercados externos para o complexo soja, em 2015, foram (os dados contemplam apenas os meses de janeiro a outubro):

Soja em grão: a China liderou as compras brasileiras, com 39.49 milhões de toneladas (75% das exportações totais da commodity). A China aumentou em 21% suas importações da soja brasileira. A UE, mesmo com queda de 12% em suas compras da oleaginosa produzida no Brasil, representa 10% das exportações do grão. O Sudeste Asiático, que vem ampliando sua demanda em 30%, representa 8,5% das vendas externas da oleaginosa.

Farelo: a União Europeia continua como principal comprador, com 7.04 milhões de toneladas. A UE reduziu em 5% suas compras de farelo de soja do Brasil, mas ainda absorve 46% do volume exportado pelo País. O Sudeste Asiático é o segundo importador, com 4.43 milhões de toneladas. A região aumentou as compras do produto brasileiro em 22% e já representa 29% do volume total exportado pelo Brasil.

Óleo: os três principais importadores são Sudeste Asiático, com 835.000 toneladas, China, com 207.000 toneladas e África, com 162.000 toneladas. Sessenta por cento (60%) das exportações de óleo de soja têm como destino os países do Sudeste Asiático, cujo crescimento, no período, foi de 69%. A China, que diminuiu em 39% o volume de óleo de soja importado do Brasil, absorve 15% das exportações brasileiras do produto. A África, com acréscimo de 25% nas importações do óleo de soja do Brasil, participa com 12% do total do volume exportado.

CONSUMO INTERNO DE ÓLEO E DE BIODIESEL – a Abiove estima uma retração no consumo de óleo de soja para fins alimentícios da ordem de 2%. Em 2015, também houve redução semelhante no consumo de diesel, o que implica queda proporcional do consumo de biodiesel. Contudo, houve aumento da proporção de óleo de soja usado na fabricação desse biocombustível. Por isso, registra-se estabilidade nas vendas de óleo para o mercado de biodiesel.

DEMANDA CHINESA – a economia da China tem crescido em níveis elevados (entre 6% e 7% ao ano). O país é a segunda economia mundial e, portanto, esse crescimento percentual representa um forte aumento de renda em bases anuais. Outros fatores importantes a serem levados em conta pelos exportadores brasileiros de soja são a urbanização de mais 243 milhões de pessoas até 2025 e o aumento do consumo per capita de proteína animal em cerca de 40%. Esses elementos permitem concluir que a China continuará importando farelo de soja e milho para atender à produção doméstica de proteínas.

INFRAESTRUTURA INADEQUADA PARA ESCOAMENTO – com seguidas safras recordes, como a projetada para 2016, continuará havendo dificuldades de escoamento, em função da infraestrutura inadequada e do crescimento da produção de grãos nas novas fronteiras do Centro-Oeste e na região do Mapitoba. Condições críticas de escoamento se encontram no trecho Sinop-Miritituba-Santarém e na BR-158/155, que leva a soja de Mato Grosso ao Pará. Os gargalos para a exploração da hidrovia do Tocantins o ano todo são a falta de asfaltamento e a manutenção dessas rodovias, bem como a necessidade de derrocamento do Pedral do Lourenço. Também causa preocupação a indefinição sobre o modelo de exploração de ferrovias, pois o trecho Palmas (TO)-Anápolis (GO) não está sendo usado. A produção no Mapitoba deve crescer, em 2016, cerca de 9%, para 11.5 milhões de toneladas. No Pará, prevê-se estabilização em torno de 1 milhão de toneladas.

AUMENTO DAS EXPORTAÇÕES PELO ARCO NORTE – a exportação pelo Arco Norte é uma realidade. Em 2014, as exportações agregadas dos portos de São Luís (MA), Barcarena (PA), Santarém (PA) e Manaus/Itacoatiara (AM) totalizaram 6.5 milhões de toneladas. Em 2015, os dados oficiais indicam que as exportações deverão ultrapassar as 10 milhões de toneladas. Esse crescimento advém da posição geográfica favorável da região em relação às regiões produtoras e aos centros consumidores. Partindo desses portos, os navios economizam vários dias em viagens ao exterior.

Por que não se fala mais em caos logístico?

Porque se implementou um sistema de agendamento de entrega de caminhões em Santos (SP), à semelhança do que já foi feito em Paranaguá (PR). Isso evitou a formação de filas e congestionamentos.

Qual outro fato novo, em 2015, em relação a logística?

Neste ano, houve a fusão entre a ALL e a Rumo. Espera-se, com isso, que os investimentos em curso e a mudança na gestão tragam aumento da produtividade da ferrovia, que tem acesso aos portos de Santos, Paranaguá, São Francisco do Sul e Rio Grande.

PROBLEMAS CRÔNICOS NA ÁREA DE TRIBUTAÇÃO – a deterioração da situação fiscal do País prejudicou as empresas processadoras, que possuem créditos acumulados de PIS e Cofins. Com isso, o sistema de ressarcimento rápido, negociado em 2013 (“fast track”), praticamente não saiu do papel. O setor espera que o governo reconheça as dificuldades da indústria em competir internacionalmente e implemente solução definitiva para o problema do acúmulo de créditos fiscais.

CHINA E INTERVENCIONISMO ESTATAL – a indústria de óleos vegetais do Brasil, que opera em ambiente de incentivo à exportação de matéria-prima, sofre ainda com a competição chinesa. O Estado chinês tem uma política clara de apoio à agregação de valor e à geração local de emprego, por meio de um conjunto de medidas: escalada tarifária, investimento governamental na indústria, fornecimento de matéria-prima pelo governo. Exemplo recente do fortalecimento do intervencionismo estatal chinês foi a realização de investimento em empresas internacionais de originação de soja em grão. A China também protege o seu mercado de valor agregado com barreiras técnicas e sanitárias. É realmente muito difícil para empresas privadas competirem com tradings e indústrias chinesas controladas pelo governo.

AVANÇOS NO BIODIESEL – no segmento de biodiesel, registrou-se importante avanço, em 2015, com a publicação de Resolução do Conselho Nacional de Política Energética – CNPE que regulamenta o uso autorizativo de biodiesel de 20% em frotas cativas, 30% no transporte ferroviário ou uso industrial, e 100% para uso experimental ou específico. Essa medida facilitará a aquisição de biodiesel por distribuidoras, especialmente em épocas e regiões em que o biocombustível tem preços mais favoráveis que os do diesel. Também houve avanço político com o entendimento entre produtores de biodiesel e o governo na definição de cronograma de aumento da mistura de 7% para 10% em um período de três anos, conforme aprovado no Senado (PLS 613/2015).

O segmento de biodiesel, representado pela Abiove, Aprobio e Ubrabio, cobra da Prefeitura Municipal de São Paulo o cumprimento da Lei 14.933/2009, que prevê a redução progressiva do uso dos combustíveis fósseis e a utilização, em 2018, de combustível renovável por todos os ônibus do sistema de transporte público da cidade.

A indústria nacional de biodiesel deve fechar 2015 com cerca de 4 bilhões de litros produzidos para atender à mistura obrigatória de 7%, mas tem capacidade para produzir mais de 7 bilhões. Portanto, há como expandir a produção para atender o cumprimento da lei na cidade de São Paulo, bem como em outras regiões metropolitanas.

MORATÓRIA DA SOJA: 10 ANOS EM 2016 – em 2016, a Moratória completará dez anos. Para celebrar a data, em julho do próximo ano, estão previstos dois grandes eventos: um seminário nacional e um seminário internacional, que poderá acontecer no Parlamento Europeu, em Bruxelas.

A Moratória da Soja, como conceito de desmatamento ilegal zero, deverá continuar por meio da implementação do novo Código Florestal. Este é muito mais amplo do que a Moratória, compromisso do setor privado de não adquirir nem financiar soja de áreas desmatadas no bioma Amazônia após julho de 2008.

O Código é mais abrangente, pois diz respeito a outras culturas que não apenas a soja, tem uma abrangência territorial maior e mecanismos de monitoramento, fiscalização e punição. O Código Florestal, uma vez implementado, será a ferramenta mais completa para se reduzir e acabar com o desmatamento no Brasil. O Grupo de Trabalho da Soja, o braço operacional da Moratória que reúne o Ministério do Meio Ambiente, o Banco do Brasil, o setor privado (Abiove e Anec) e a sociedade civil (ONGs), continuará a existir, pois o diálogo permanente entre essas instituições é importante para todas as decisões do setor na área de sustentabilidade.

ROAD SHOW NA EUROPA SOBRE A SUSTENTABILIDADE DA SOJA BRASILEIRA – o Road Show na Europa, de 9 a 13 de novembro, que reuniu Abiove, Aprosoja MT, Famato e Ministério do Meio Ambiente, produziu bons resultados: além de ter aumentado o nível de informação dos europeus sobre os avanços na governança ambiental brasileira, principalmente após a aprovação do novo Código Florestal e a implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR), solidificou a percepção de que é preciso a realização de visitas anuais dessas entidades à Europa e a visita ao Brasil de missões europeias, sobretudo de parlamentares.

Essas missões brasileiras são relevantes para mostrar aos consumidores europeus as boas práticas agrícolas e os diversos programas de sustentabilidade adotados pela sojicultura brasileira.

A próxima viagem à Europa sobre a sustentabilidade da soja brasileira está prevista para maio de 2016, após o encerramento do prazo para o registro de propriedades rurais no CAR e após a Conferência das Partes sobre Clima (COP 21), que acontece neste mês de dezembro, em Paris. O Parlamento Europeu é a mais importante caixa de ressonância para a demonstração dos esforços do Brasil – governo e setor privado – em cumprir as normas rígidas do Código Florestal.

SOJA PLUS E O INTERESSE EUROPEU – os destaques do Soja Plus, em 2015, foram: 1) parceria com o IDH (fundo do governo holandês) e a ONG Solidaridad para o fortalecimento do programa no Oeste da Bahia; 2) fortalecimento da parte ambiental do programa com cursos sobre o Código Florestal; 3) distribuição de 5 mil manuais sobre a lei ambiental e de 2 mil banners orientativos sobre o CAR; 4) capacitação de 30 estagiários da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em final de curso, para oferecer assistência técnica nas fazendas; 5) realização do 5º seminário anual em Campo Grande, na Bienal da Agricultura, com 400 participantes; 6) atração do interesse europeu pelo fortalecimento do programa e a sua expansão a outros estados sojicultores. A Europa quer que os 180 indicadores socioambientais do Soja Plus diagnosticados nas fazendas, em consonância com os indicadores da Fefac (Federação Europeia de Rações), possam comprovar uma região de origem sustentável.

PERSPECTIVAS DO SOJA PLUS PARA 2016 – nos próximos dois anos, se buscará fortalecer o programa em Minas Gerais e no Mato Grosso do Sul, bem como a sua expansão para Goiás e Paraná. O fortalecimento e a expansão do Soja Plus se viabilizarão com a adesão de novos parceiros e patrocinadores, a exemplo da parceria com o Banco do Brasil. A Abiove é a coordenadora nacional do Soja Plus e tem parceiros nos estados onde o programa está implantado (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia).

PROTOCOLO DE GRÃOS DO PARÁ – os principais destaques em relação ao Protocolo Verde de Grãos foram a excelente relação com o Ministério Público Federal e a parceria com a Secretaria de Municípios Verdes do Pará. O Protocolo de Grãos funciona mediante cumprimento de cinco critérios para compra e financiamento de soja do Pará: exigências de nota fiscal do produto, de Cadastro Ambiental Rural, de desmatamento ilegal zero a partir de julho de 2008 (ainda não foi implementado), além de atendimento às listas de embargo do Ibama e de trabalho degradante do Ministério do Trabalho e Emprego. O protocolo, assinado em 2014, está em fase de adaptação. Quando estiver totalmente operacional e implementado, a soja originada no Pará poderá ser considerada uma das mais sustentáveis do mundo, com endosso do Ministério Público e auditada por terceiras partes.

 

Fonte: Assessoria de Comunicação/Abiove

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