Analistas da Embrapa destacam as perspectivas para a pecuária brasileira no próximo ano

Pecuária de corte. Foto: Wenderson Araujo/CNA

Especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) traçaram algumas perspectivas para a pecuária nacional em 2022, a partir de dados compilados do boletim do Centro de Inteligência da Carne Bovina (CiCarne), destacando informações sobre custos e margens, consumo, ciclo pecuário e cenário macroeconômico futuro.

Segundo os analistas, no próximo ano, as exportações de carne bovina brasileira devem aumentar. A Ásia permanecerá como o principal mercado, embora as vendas ainda tenham sofrido com a suspensão das importações pela China, em razão dos casos atípicos de vaca louca, até semana passada.

O avanço da vacinação e a retomada das economias globais, apesar da inflação mundial estimada, mantém uma perspectiva positiva. Entretanto, a inflação e o desemprego deverão pressionar o consumo de carne bovina no Brasil, que representa 75% do total da produção total.

As exportações de carne bovina dos EUA, ganhando acesso à China, irão proporcionar uma competição adicional à carne bovina brasileira.

Por sua vez, a China deve se manter como o principal parceiro comercial da cadeia produtiva da carne bovina brasileira. Para o câmbio, as expectativas em função das incertezas globais causadas pela Covid-19 são de preços firmes, com o mercado estimando o dólar em R$ 5,50 ao final de 2022, em alta volatilidade.

Demanda interna

Já em relação a demanda, a pandemia provocou mudanças na mesa dos brasileiros, que reduziram o consumo de carne bovina para o menor nível em 25 anos. Entretanto, esse consumo se fortalecerá em um futuro próximo.

Os analistas esperam um crescimento constante e proporcional à expansão da renda e das preferências alimentares. A tendência de ‘premiumisation’ (percepção de mais saúde, qualidade e experiência) também será forte na carne bovina, gerando oportunidades para projetos de carne de qualidade e de marcas-conceito.

Cotação

O preço do bezerro continua acima do valor médio nominal registrado em 2020, o que levará à retenção de fêmeas, aumentando a produção de animais e, consequentemente, a disponibilidade de ofertas para os recriadores no médio prazo.

Como o atual ciclo pecuário se iniciou em 2019, os custos de reposição devem começar a baixar somente em 2023, apesar do aumento da oferta destes animais em 2022.

Suínos

Ainda segundo os especialistas, a produção de suínos deve voltar a cair em muitos mercados asiáticos em 2022, incluindo a China, pelos preços em queda e alto custo com insumos, desestimulando assim a produção. Esse contexto deverá criar oportunidades para as exportações brasileiras.

Custos de produção

Por fim, em relação aos custos, os analistas acreditam na continuidade dos aumentos nos preços dos insumos, dos animais de reposição e na menor disponibilidade de animais. O produtor rural irá conviver com o alto custo dos fertilizantes, o que impactará o valor de produção do milho e da soja, afetando o preço da ração para suplementação.

Em 2021, houve um aumento de mais de 100% nos custos com fertilizantes e defensivos para culturas como milho e soja. O custo com animais de reposição, em virtude da tendência de alta no ciclo pecuário, também deverá impactar o custo final da terminação.

De acordo com os especialistas, as margens devem continuar apertadas em 2022. Faltarão vacas para abate e abastecimento do mercado interno e as indústrias buscarão bois, que estarão com a demanda aquecida no mercado externo e com a arroba valorizada.

Retrospectiva

Em 2021 a pecuária enfrentou a falta de animais para abastecer o mercado doméstico, enfraquecido em virtude da crise econômica provocada pela pandemia. A principal causa da escassez de animais foi o ciclo pecuário e a ausência de chuvas nos principais polos produtores do País.

O patamar elevado de preços da arroba do boi gordo se manteve no primeiro semestre acima dos R$ 300,00. Os problemas para os produtores se agravaram em setembro, quando a China, que comprou 50% das 1.27 milhão de toneladas exportadas pelo Brasil no período de janeiro a setembro, suspendeu as importações do Brasil depois de dois casos atípicos de encefalopatia espongiforme bovina (EBB), conhecida como a doença da Vaca Louca.

Isso teve um impacto negativo significativo nas exportações brasileiras de carne bovina, nos últimos meses (menos 43% no volume e 31% na receita), com alguns produtores operando em níveis bem abaixo da capacidade.

No acumulado do ano, até agora, as exportações brasileiras de carnes bovinas totalizaram 1.6 milhão de toneladas, uma queda de 2,40% em relação ao acumulado no mesmo período do ano passado. Em receitas, porém, houve um crescimento no mesmo período de 16%, pois o produto está mais caro no mercado global.

Acesse aqui o boletim CiCarne da Embrapa.

 

 

Fontes: Embrapa/Agrolink

Equipe SNA

 

 

 

 

 

* com informações da Embrapa

Agrolink

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