Por Cleiton Evandro dos Santos /AgroDados
Os exportadores brasileiros embarcaram 253.200 toneladas de arroz (base casca) em maio, consolidando a expectativa de forte elevação no saldo da Balança Comercial do grão.
Isso ocorreu graças a uma conjuntura de demanda internacional impulsionada pela pandemia do novo Coronavírus e um câmbio com o real muito desvalorizado entre a segunda quinzena de março, abril e os 20 primeiros dias de maio.
O reflexo foram os preços domésticos mais altos e um cenário inédito nas duas últimas décadas de uma colheita farta, com produtores alcançando rentabilidade.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), quase metade do volume movimentado para o exterior a partir dos portos brasileiros foi de arroz em casca (49%), seguido por grão beneficiado (39%) e quebrados (12%), em valores aproximados.
A tonelada da matéria-prima nacional alcançou média, aproximada, de US$ 268,00/FOB. Os números são provisórios, uma vez que o MDIC tem ajustado o detalhamento ao longo dos meses.
Por este relatório, as vendas externas aumentaram 81,80% no mês, enquanto a importação caiu 40,20%, para 55.800 toneladas (base casca), com predomínio paraguaio, e o saldo de maio evoluiu 329,10%, para alcançar 197.400 toneladas.
No primeiro trimestre do ano comercial (março a maio) o País já embarcou 483.200 toneladas de arroz (base casca), um aumento de 13,20% em relação ao mesmo período do ano comercial anterior; importou 244.000 toneladas (-0,80%) e tem um saldo de 239.200 toneladas, que é 31% maior do que o anterior.
No entanto, nos três primeiros meses do ano comercial 2019/20, os embarques tinham volumes mensais mais equilibrados, enquanto que, em 2020, maio foi decisivo para a Balança Comercial voltar a registrar um saldo mais folgado.
Mantida a média de 161.000 toneladas exportadas por mês, alcançada agora, o Brasil poderia chegar ao longo de um ano (até fevereiro de 2021) a mais de 1.93 milhão de toneladas negociadas, enquanto a estimativa do governo federal é de 1.1 milhão. Por essa projeção, em três meses o Brasil já teria alcançado quase metade da “meta”.
Expectativa
No entanto, a expectativa dos agentes de negócios, no momento, não é essa. Com a atual apreciação do real e a previsão de um dólar cotado a R$ 5,40 no final do ano, e algumas oscilações por causa dos cenários interno e externo, a previsão é de que, gradativamente, o fôlego brasileiro seja reduzido.
O ingresso de uma safra maior dos Estados Unidos no comércio internacional a partir do final de agosto e um quadro mais ajustado de oferta e demanda do Brasil tendem a reduzir nossas vendas.
Além do Uruguai, Paraguai e Argentina começam a ganhar potencial de competição, diante dos preços internacionais e as cotações da moeda estadunidense, devendo crescer tanto nas remessas para as Américas, Europa, África e Oriente Médio, quanto para o próprio Brasil.
Pelo volume de navios nomeados, o país deve garantir perto de 200.000 toneladas, ou mais, em junho, em função das vendas já consolidadas e em processo de embarque desde a semana passada.
Os valores dos contratos são travados pela média do dólar no fechamento, o que garantiu um bom saldo às tradings e operadores. Porém, a recuperação do real frente ao dólar nestes primeiros dias do mês levou as tradings a saírem do mercado, aguardando uma definição das cotações do câmbio.
Nos preços atuais, o Brasil vê o Uruguai se tornar mais competitivo. A relação entre os preços internacionais, as cotações internas e o câmbio, já não permite as vantagens de 15 dias atrás para o grão nacional.
Venezuela, Serra Leoa (registrada como Turquia), Montenegro, Costa Rica, México, Peru, Cuba e África do Sul, que adquiriu 13.000 toneladas em Santa Catarina, são alguns dos destaques.
Planeta Arroz