Uma cooperativa de produtores rurais está proporcionando a seus associados uma tecnologia inovadora no Brasil com o uso de drones para aplicação autônoma e “cirúrgica” de defensivos nas lavouras. A Coopercitrus começou, há dois anos, com a solução que já foi aplicada em 15 mil hectares de lavouras.
“O principal benefício dessa tecnologia é que, ao invés de pulverizar uma lavoura inteira, se a gente identifica uma pequena região que precisa de tratamento, o drone faz um tratamento “cirúrgico” só naquela área”, afirma Marcelo Bassi, superintendente de tecnologia agrícola da Coopercitrus.
O uso dessas aplicações localizadas, segundo Bassi, tem as vantagens de reduzir o volume de produtos usados, ser mais econômico, ecológico e eficiente, aumentando a produtividade. “O uso de drone para aplicação de defensivos já era feito, mas, na aplicação autônoma como estamos fazendo, somos pioneiros”, acrescenta.
A tecnologia foi apresentada, na semana passada, durante o Fórum de Modelos Financeiros para o Agronegócio, em Bebedouro (SP), à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que ficou empolgada com a iniciativa e quer mostrá-la em audiência pública na Câmara dos Deputados sobre defensivos agrícolas. “Isso (drones) não é apenas para grande produtor. Vocês estão usando com seus cooperados, que não são produtores enormes, latifundiários. Quero mostrar o drone passando exatamente no local onde é necessário”, disse Tereza Cristina na ocasião.
O drone autônomo tem capacidade para levar 10 litros de produtos, que podem ser herbicidas, fungicidas ou inseticidas. De acordo com o superintendente da cooperativa, o equipamento foi mais usado até agora em café de montanha, cana-de-açúcar, milho e citros, mas pode ser empregado em qualquer cultura.
A cooperativa tem mais de 35 mil associados nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Segundo Bassi, a Coopercitrus já utilizava Vants (sigla para Veículo Aéreo Não Tripulado) para avaliações da lavoura, há três anos, e drones para fazer também imagens de controle do plantio, há dois anos. Foi a partir da importação do novo modelo de drone de pulverização, que tem valor 12 vezes maior do que os usados só para imagens, que começou a fazer as aplicações autônomas.
O superintendente explica que fazem as avaliações da lavoura para identificar as áreas que necessitam de tratamento, com as imagens de drones ou Vants, e, a partir daí, colocam as coordenadas do local das aplicações no equipamento. “Colocamos a reboleira (área que necessita de tratamento) no programa do drone, que faz a aplicação de forma autônoma, sem precisar de ninguém para operar o equipamento”, conta.
Bassi acrescenta ainda que o drone tem a vantagem de ser usado no momento certo da lavoura porque pode sobrevoar as plantas em qualquer estágio. “Por exemplo, quando a cana já está muito alta, você não consegue entrar na plantação para fazer as aplicações”, diz. Neste caso ainda, se fosse usada a alternativa de um avião agrícola para pulverizações aéreas, teria de se aplicar os produtos em toda a lavoura e não só na área necessária, como o drone pode fazer.