Os exportadores brasileiros das carne bovina e suína voltaram a ter esperança na reabertura do mercado da Rússia, que está fechado desde dezembro passado. Depois de verem as mesmas expectativas frustradas em maio, quando a decisão de Moscou parecia próxima, os exportadores agora depositam a confiança na reunião entre os presidentes Michel Temer e Vladimir Putin, que deverá ocorrer quinta-feira durante a Cúpula dos BRICS, em Johanesburgo, na África do Sul.
Em entrevista a jornalistas ontem, o presidente da Minerva Foods, Fernando Galletti de Queiroz, demonstrou otimismo com a possibilidade de a Rússia anunciar a reabertura durante a cúpula. “Há uma boa chance de acontecer”, disse Galletti, após participar de debate no Global Agribusiness Fórum, realizado na capital paulista.
A avaliação dos exportadores de carnes do Brasil é que uma sinalização positiva de Putin poderá abrir o caminho para a reabertura do mercado do país, que vem sendo adiada pelos técnicos do serviço sanitário da Rússia (Rosselkhoznadzor).
Ontem, uma nova rodada de negociações entre técnicos do Ministério da Agricultura brasileiro e do serviço sanitário russo ocorreu, em Moscou. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, a reunião transcorreu bem. A efetiva reabertura do mercado, no entanto, depende da reunião entre os presidentes do Brasil e da Rússia, reconheceu o dirigente.
Oficialmente, o Rosselkhoznadzor ainda aguarda um documento formal do governo brasileiro sobre a investigação feita para determinar as causas da presença de ractopamina, um promotor de crescimento proibido na Rússia, em lotes de carne suína e bovina importados no ano passado do Brasil.
Em nota divulgada em seu site, o serviço sanitário da Rússia informou que os técnicos brasileiros prestaram “verbalmente” as informações sobre a investigação durante a reunião de ontem. Pelo lado brasileiro, a comitiva foi liderada pelo novo diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), Alexandre Pontes.
“Especialistas do Rosselkhoznadzor observaram que, para considerar em profundidade esse tema e analisar os riscos potenciais, os colegas brasileiros precisam enviar uma carta oficial ao Serviço Federal sobre os resultados da investigação, bem como informações sobre a implementação da supervisão veterinária estatal nas empresas”, informou o serviço sanitário russo.
Segundo o órgão russo, os representantes do Ministério da Agricultura do Brasil teriam informado que os documentos solicitados serão entregues na próxima semana.
A reabertura da Rússia é crucial para os frigoríficos de carne suína do Brasil. Antes do embargo, o mercado russo era responsável por 40% do volume embarcado e cerca de 50% da receita obtida com as exportações. Após o embargo, os preços desabaram. No caso da carne bovina, a Rússia representava 10% da exportação.
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