Apesar de menor apoio oficial, indústria de etanol expande a capacidade nos EUA

A indústria de etanol de milho dos EUA vem ampliando sua capacidade de produção, mesmo depois de as vendas domésticas e o apoio governamental ao setor terem alcançado um platô.

Há planos de duas novas refinarias, as primeiras em anos, uma no Estado de Iowa e a outra em Dakota do Sul. Ambas fazem parte de uma expansão que, em todo o país, deverá aumentar a capacidade de produção anual em 500 milhões de galões (1.89 bilhão de litros) até 2018, segundo a Associação de Combustíveis Renováveis dos Estados Unidos (RFA, na sigla em inglês).

A indústria de biocombustíveis americana é a maior do mundo e produz 44% da oferta mundial. Foi estimulada por uma lei que forçou um grande aumento nas vendas de etanol no país.

Mas o mandato para o etanol de milho estipulado por lei federal que determina o volume mínimo de etanol a ser usado como combustível nos EUA ­ estacionou nos 15 bilhões de galões por ano, patamar que o governo de Donald Trump deverá manter. A estagnação da demanda por gasolina também vem contendo as vendas, já que a maior parte desse combustível vendido nos EUA contém até 10% de etanol.

Essas limitações, no entanto, não impediram os produtores de etanol de avançarem no chamado “cinturão do milho” americano. Como os preços dos grãos estão mais baixos e a demanda externa é alta, as usinas ainda conseguem obter um bom lucro.

A Ringneck Energy está levantando capital para construir uma usina de etanol de cerca de US$ 150 milhões, capaz de produzir 80 milhões de galões por ano, na cidade de Onida, em Dakota do Sul. “Há uma grande nova oportunidade aqui para uma usina de etanol, desde que você consiga produzir com baixo custo”, disse o executivo-chefe da companhia, Walt Wendland.

Em Atlantic, no Estado de Iowa, o grupo Elite Octane começou a construir uma usina de etanol de US$ 190 milhões, com capacidade anual para produzir 150 milhões de galões. “Não estamos fazendo este investimento baseados na existência [da lei de uso obrigatório de etanol]”, disse o executivo-­chefe da empresa, Nick Bowdish. “Estamos fazendo este investimento porque a lógica econômica do etanol do milho é muito atraente para nós.”

A mais nova refinaria a entrar em operação nos EUA foi inaugurada dois anos atrás, em Dakota do Norte, o que elevou o total de usinas para mais de 200 no país, segundo Geoff Cooper, da RFA. Desde então, a capacidade de produção foi aumentando nas usinas já existentes graças à remoção de gargalos produtivos e ao uso de enzimas que digerem o amido de milho de forma mais eficiente, disse Cooper.

A capacidade de produção total de etanol nos EUA está em 16.1 bilhões de galões por ano. A RFA prevê que a produção neste ano ficará entre 15.7 bilhões e 15.8 bilhões de galões, bem acima do volume obrigatório.

A diferença entre a produção e o consumo domésticos nos Estados Unidos vem sendo exportada para países como o Brasil e o Canadá. “A oportunidade no curto prazo está no mercado de exportação”, disse Cooper.

 

Fonte: Valor/Financial Times

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