O mercado de arroz no Sul do Brasil se recuperou levemente depois de baixar dos R$ 49,00 por saca na semana passada e iniciou a semana referenciado a R$ 49,11 pelo indicador de preços do cereal em casca (50 kg/58×10) no Rio Grande do Sul. Valor à vista. No mês, segundo o indicador Esalq/Senar (RS) a saca se desvalorizou 0,28%. Em dólar, pela cotação da última sexta-feira, 18 de novembro, a saca equivalia a US$ 14,52. Após a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, o dólar se valorizou, o que determinou novo cenário para a balança comercial arrozeira. Os preços em dólar caíram 4%, segundo cotações do indicador.
Com isso, considerando a relação de paridade, a vantagem do arroz do Mercosul (especialmente o paraguaio) sobre os preços internos caiu. Se até três semanas atrás era mantida uma diferença pró Mercosul de 7% para o cereal colocado em São Paulo, agora ela caiu para menos de 2% segundo algumas consultorias e agentes de mercado. Ou seja, ainda que o Brasil precise importar mais arroz para atender sua demanda interna, os preços do arroz brasileiro estão quase equiparados, anulando a vantagem do grão do Mercosul. A competitividade do arroz gaúcho e catarinense aumentou. A dúvida é se há disponibilidade de volume para concorrer com as importações.
O governo brasileiro tem reagido e buscado manter o dólar abaixo dos R$ 3,40. Com isso ainda é vantajoso para a indústria local importar arroz, mas o fluxo deverá reduzir. Ao mesmo tempo, nestes patamares, o dólar não permite que haja competitividade para exportar arroz beneficiado e em casca. Para os quebrados de arroz, o Brasil tende a tomar um pequeno fôlego. Toda esta situação indica que há possibilidade de que a Balança Comercial brasileira de arroz termine o ano comercial (fevereiro de 2017) mais ajustada do que o previsto. Com o dólar nos patamares de R$ 3,20, a tendência era de compras muito mais elevadas e exportações em menor escala, com um déficit de até 400.000 toneladas. No mercado livre gaúcho os preços ficam entre R$ 48,50 e R$ 49,00.
Safra
Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, o plantio da safra beira os 90% e deve ser concluído até a primeira semana de dezembro, já considerando as áreas afetadas pelas enchentes de outubro que serão replantadas. Os esforços dos arrozeiros, no momento, se concentram na semeadura da soja, que deve alcançar 300.000 hectares em área de várzea nesta temporada. O atraso da germinação de parte das lavouras, por falta de umidade nas áreas semeadas no cedo, acabou uniformizando o ciclo das plantas e concentrando as operações em regiões como a Fronteira Oeste e a Campanha, o que exigirá maior esforço dos agricultores no manejo. Em Santa Catarina as últimas lavouras estão sendo semeadas, mesma situação do Uruguai e da Argentina.
Internacional
No mercado internacional a situação se mantém com preços em baixa. Isso porque as safras por todo o planeta têm sido maiores e os estoques são suficientes para cobrir um terço do consumo mundial. Estoque alto e safras crescentes, especialmente entre os grandes importadores, e nos Estados Unidos – que compete fortemente nos mercados do Mercosul – geram expectativa de um 2016/17 de cotações pressionadas.
Mercado
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preço médio de R$ 48,50 para a saca de arroz de 50 quilos, em casca, no Rio Grande do Sul. A saca de 60 quilos, beneficiado (Tipo 1), alcança R$ 98,00 de média no estado. A quirera, com maior demanda para rações e exportação, de mantém valorizada a R$ 53,00, enquanto o canjicão, também em sacos de 60 quilos, é cotado a R$ 52,00. O farelo de arroz, bastante demandado pela indústria de rações se manteve cotado a R$ 650,00 a tonelada.
Fonte: Cleiton Evandro dos Santos – AgroDados/Planeta Arroz