Arroz: preços estáveis abaixo de R$ 50 refletem mercado mais ofertado

A estabilização dos preços do arroz em casca abaixo dos R$ 50,00 no Rio Grande do Sul nas últimas semanas reflete uma conjuntura de pequena elevação da oferta do grão que ainda está em mãos de produtores, por conta da necessidade de honrarem seus compromissos para a semeadura e quitarem as parcelas de custeio que venceram em outubro. Este cenário também é reflexo da importação mais volumosa de cereal do Mercosul pelas indústrias e varejo de São Paulo, Minas Gerais e do Nordeste.

O indicador Cepea-Senar/RS, dos preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul marcou R$ 49,67 na última sexta-feira (14), para o cereal em sacas de 50 kg, pagamento à vista (58 x 10), colocado na indústria. Pelo câmbio do dia, o valor equivale a US$ 15,51. A variação, em real, é de apenas 0,02%.

A disponibilidade levemente mais intensa na primeira quinzena do mês, associada à perspectiva de uma safra cheia e de uma colheita “no cedo” – uma vez que as operações de plantio no Sul do Brasil avançam “a jato” e já superam 50% das áreas – fazem com que a indústria busque equalizar os preços ao produtor, buscando alguma “folga” na relação com o varejo. Os supermercadistas, por sua vez, cientes de uma grande safra no Mercosul na próxima temporada, já pressionam por “mimos” para manterem as marcas em suas gôndolas.

Os leilões da Conab abaixo dos preços de mercado, por arroz de safras mais antigas, mesmo que em volumes irrisórios, geraram uma pequena pressão psicológica sobre o mercado na semana que passou. Alguns fatores, porém, precisam ser melhores analisados: ainda que os gaúchos concluam mais de 90% do plantio até novembro – mantida a velocidade do plantio – e a colheita comece em janeiro, temos pelo menos três meses de entressafra e indústrias com limitação de compra estrangeira para se creditarem aos benefícios da isenção fiscal. E “intenção de plantio ou previsão de safra cheia” não se come. É preciso girar o motor.

Desta forma, mesmo que as importações do Sudeste e do Nordeste se mantenham firmes e as exportações brasileiras mais fracas, como é a previsão enquanto o câmbio se mantiver nos patamares atuais, a expectativa é de que os poucos produtores que ainda têm arroz em casa – ou na indústria – alcancem um momento de pico de preços mais altos. Curto, de acordo com circunstâncias de mercado.

O fato de a Conab praticamente não ter mais arroz para vender reforça essa tendência. Os estoques devem ficar abaixo de 50 mil toneladas com os últimos leilões. Serão mantidas de 10 mil a 15 mil toneladas para atender eventuais emergências, e outras 20 mil deverão ser envolvidas em leilões de troca para atender programas sociais e ajudas humanitárias, para o Haiti, inclusive. O setor considera que dificilmente acontecerá outro leilão de oferta do governo. E, se ocorrer, será em volume muito baixo.

Mesmo com a dificuldade de acesso ao crédito e as indústrias exigindo garantias reais, os arrozeiros gaúchos e catarinenses estão avançando significativamente nas operações de plantio. O clima vem ajudando. As chuvas que iniciaram na última semana ajudaram as regiões que tinham problemas de emergência das plantas por causa dos solos muito secos. Algumas lavouras chegaram a ser banhadas, o que não é muito recomendável por causa das ervas daninhas. A previsão é de que a semeadura ocorra em período recorde nesta temporada, reforçando a estimativa de safra cheia no Sul do Brasil. Isso quer dizer que os preços mais elevados estarão diretamente associados à entressafra.

No momento, aqueles produtores que já concluíram a formação da lavoura de arroz estão trabalhando no sentido de garantir a melhor estrutura para o plantio da soja. Algumas áreas já estão sendo dessecadas, e há boa movimentação em busca de crédito para o plantio da oleaginosa em áreas arrozeiras. Com os altos custos de produção do arroz e a projeção de uma grande safra na próxima temporada, a soja ganha importância ainda maior na estratégia de comercialização do primeiro semestre, para que o arrozeiro consiga segurar o cereal em busca de valorização.

Do ponto de vista das exportações, a boa notícia na semana que passou foi a liberação do acesso rodoviário do terminal da Cesa, em Rio Grande, por parte do Ministério do Trabalho, permitindo a retomada das operações com quebrados de arroz, principalmente.

Mercado

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 49,00 para a saca de arroz de 50 quilos (58 x 10) no Rio Grande do Sul, à vista. O cereal beneficiado (branco, tipo 1) em sacas de 60 quilos, sem ICMS, é cotado a R$ 98,00. Os quebrados seguem com preços estáveis: canjicão a R$ 55,00 e quirera a R$ 53,00, ambos em sacas de 60 quilos. O farelo de arroz colocado em Arroio do Meio (RS) para a produção de rações animais fica em R$ 690,00 a tonelada.

 

Fonte: Planeta Arroz

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