O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou nesta quarta-feira (24 de agosto) que a dependência de subsídios na agricultura atrai “incompetência”. Ele deu a declaração em discurso no lançamento do programa Agro+, que, segundo o governo, tem 69 medidas para “desburocratizar” o setor agropecuário e aquecer a produção.
“O Brasil moderno precisa socorrer, olhar e cuidar em determinados momentos, mas ser permanentemente protecionista, acho que não é o caminho correto”, declarou o ministro.
“Subsídio atrai incompetência em algumas áreas, não permite que os setores ganhem pela competitividade”, disse Blairo Maggi.
Após a cerimônia, Blairo falou com jornalistas no Palácio do Planalto e, questionado sobre o que quis dizer com a declaração no evento, respondeu:
“Quando me refiro a subsídios que não gosto é quando você tem um setor da economia que só sobrevive porque tem subsídio. A incompetência desse setor e falta de competitividade faz com que não se avance. O que digo é que temos de ter uma visão mais clara”, afirmou Maggi.
Durante a entrevista, jornalistas pediram ao ministro que desse algum exemplo de segmento que depende de subsídio por “incompetência” e ele citou os produtores de etanol.
Segundo Maggi, o setor “reclama que precisa de apoio do governo para sobreviver”. Mas na avaliação do ministro, uma atividade “tão importante” depender de recursos públicos “não é seguro para ninguém”.
“As empresas que vieram para este setor confundiram processo produtivo com processo industrial e processo agronômico. Para você ter eficiência [lucro] na questão do etanol, você precisa produzir muita cana, tem que ser 100, 120 toneladas por hectare. É aí que está a origem do lucro da empresa de etanol. Essas empresas [do setor], por não entenderem isso, perderam produtividade e, em vez de 100 toneladas, produziram 60 toneladas”, declarou.
O ministro disse não saber se o governo irá ou não prorrogar a isenção de PIS-Cofins para o setor, e afirmou que isso não é subsídio. “Eu sei que faço parte de um governo que precisa arrecadar, então não sei”, disse.
Blairo Maggi argumentou ainda que na década de 1980 o governo federal criou programas de subsídio para atrair agricultores à região Centro-Oeste e, em um determinado momento, quando os recursos públicos começaram a ser reduzidos em Mato Grosso, parte desses produtores não conseguiu se manter na região e voltou para o estado de origem.
Para o ministro, os subsídios federais devem servir para “determinados momentos de dificuldades” de alguns setores, mas o Estado tem que dizer ao produtor: “Daqui para frente, você que ir sozinho”. Ele ainda acrescentou que, como empresário, não entraria em um mercado que dependa de subsídios do governo.
Maggi ressalvou não ser contra os subsídios em momentos de dificuldade. “Em determinados momentos, o Estado socorre. Mas, daí para frente, meu filho, você está sozinho.”
PLANOS
Sobre se sua visão relacionada aos subsídios federais poderá resultar, no ano que vem, em eventual redução dos repasses aos planos Safra da Agricultura Família e Agrícola e Pecuário, Blairo Maggi não respondeu objetivamente, disse somente que é preciso “ter recursos” para o custeio de “áreas de longo prazo”.
TERRAS A ESTRANGEIROS
O governo ainda não tem uma posição fechada sobre a venda de terras a estrangeiros, disse Blairo Maggi. Ele, porém, disse ter uma posição sobre o assunto e que não é contra a ideia. Em sua opinião, deve haver restrição à venda de terras para culturas anuais, como grãos, para que o abastecimento não seja prejudicado conforme as oscilações de mercado.
“Se o mercado estiver ruim, pode simplesmente não ter produção”, ressaltou. Já para culturas perenes, como manejo de floresta, café e outros, ele avalia não haver problema.
Fontes: G1, Nova Cana, Reuters e Agência Estado