Renda agrícola: aquecimento gera novas oportunidades
Ampliação do setor, prevista pelo Ministério da Agricultura para este ano, reflete em boas expectativas quanto à mão de obra no país
Conforme informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em 2013, a renda agrícola deve crescer 23,8% no País. A perspectiva para o ano é que as culturas agrícolas movimentem R$ 291,7 bilhões, o que tem gerado boas expectativas para quem trabalha diretamente, no segmento agropecuário, principalmente quanto a oportunidades.
De acordo com o presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Antônio Alvarenga, em 2013 e, nos próximos anos, os profissionais mais demandados serão aqueles relacionados à criação de animais – principalmente, veterinários e zootecnistas.
Ele explica que este é um segmento que precisa ganhar mais produtividade, liberando parte das áreas de pastagens para a produção de grãos. “Nossa pecuária precisa ser menos extensiva e mais intensiva. Isso demandará mais técnicos qualificados em genética, alimentação animal, sistemas de confinamento e rotação de pastagens”, pondera.
As empresas do agronegócio, de uma forma geral, precisarão também, nos próximos anos, enfatizar a profissionalização de sua gestão. “Dessa forma, o agronegócio absorverá cada vez mais profissionais especializados nos campos da administração, economia, finanças e informática”, observa Alvarenga.
MOMENTO OPORTUNO
O presidente da SNA aponta que o atual momento é propício para se buscar a qualificação, evidenciando que o mercado agrícola brasileiro tem carência de mão de obra capacitada “Capacitação é a chave do sucesso. Manter-se atualizado com as inovações tecnológicas do setor é o fator mais importante para aqueles que pretendem ingressar ou manter-se em boas posições no mercado de trabalho do agronegócio”, destaca.
Ele informa que há grande carência em todas as áreas e que o mercado agrícola se sofisticou muito nos últimos anos. “Há operações financeiras de diversos tipos, há necessidade de acompanhar as projeções de produção, as cotações de mercado e o controle de estoques. Há questões jurídicas complexas. Ou seja, existe um grande campo de trabalho nas áreas de consultoria e de gestão dos empreendimentos do agronegócio”, observa Antônio Alvarenga, ressaltando que o setor abre espaço, inclusive, para economistas, administradores, profissionais de informática e advogados, por exemplo. “O setor é muito promissor”, afirma.
As regiões produtoras demandam profissionais de produção, veterinários, zootecnistas e agrônomos. As novas fronteiras agrícolas absorvem muitos profissionais: Mato Grosso (que, hoje, é o maior produtor de grãos do País); a região denominada de Mapitoba (que abrange parte do Maranhão, Piauí, Tocantins e o oeste da Bahia). Por outro lado, os centros urbanos têm campo de trabalho para os profissionais das áreas de gestão, consultoria, direito e economia.
EXPECTATIVAS
A agricultura empresarial de produção de grãos, café e cana-de-açúcar, de uma forma geral, já atingiu índices de produtividade elevados. Segundo o diretor, a procura por profissionais para trabalhar nesta área crescerá na medida em que houver aumento das áreas de produção, “que certamente ocorrerá à medida do crescimento da demanda internacional por esses produtos”.
Alvarenga estima que o crescimento da população mundial passará dos atuais 7 bilhões de pessoas para 9 bilhões, e demandará um aumento significativo na produção de alimentos. Além do crescimento da população, há o fenômeno da urbanização, que amplia a necessidade da oferta de alimentos. “E o Brasil é um dos poucos países do mundo capazes de aumentar a produção agropecuária. Temos terra, clima diversificado, água abundante, tecnologia e gente. Vamos aproveitar essa oportunidade”, reforça o presidente do SNA.
O Ceará e as possibilidades de atuação no setor agropecuário
O diretor do Centro Ciências Agrárias, da Universidade Federal do Ceará (UFC), professor Luiz Antônio Maciel de Paula, também está confiante no desempenho do setor agropecuário, mesmo com a estiagem. Ele destaca que os cinco cursos da instituição – Agronomia, Engenharia de Pesca, Engenharia de Alimentos, Zootecnia e Economia Doméstica – “são muito sintonizados com as novas tendências da grande área de recursos naturais”.
DESTAQUES
Na Agronomia, por exemplo, “no caso do Ceará, os profissionais estão muito fortemente ligados com a produção de frutas. Um item forte nosso, hoje, mediante a seca, é a fruticultura”, destaca o diretor. O professor menciona, também, a atividade da floricultura, “uma outra área que o Ceará cresceu muito, e os profissionais de agronomia também têm atuado muito”. Além disso, outro setor de atuação mais recente é a produção de grama, como a que foi utilizada na Arena Castelão.
A Zootecnia – que lida com os pequenos animais, como ovinos e caprinos -, cada vez mais qualifica-se para atuar na produção de carnes, assim como de leite e queijo, inclusive o queijo de cabra. O professor ressalta, ainda, a produção de mel no Estado, que é o terceiro maior produtor do Brasil. “Mesmo com a estiagem, nós temos flores o ano todo na mata e na caatinga. Só perdemos para o RS e Santa Catarina”, afirma Luiz Antônio. Só no ano passado, “produzimos 2,5 milhões de quilos de mel, segundo o Ipece”, informa.
Na Engenharia de Pesca, com a criação do programa específico para a produção de pescado – o Plano Safra da Pesca e Aquicultura, que vai destinar R$ 4,1 bilhões até 2014 -, o professor adianta que mais engenheiros de pesca serão demandados para a produção. E, quanto à Engenharia de Alimentos, o destaque é no campo de processamento de alimentos. “Ao entrarmos em supermercados, por exemplo, temos as novidades de iogurtes e queijos”, lembra o diretor.
MERCADO
Segundo o diretor, a demanda por profissionais é menor, por parte de empresas no Estado. “Como não há grandes empresas, normalmente, elas contratam poucos profissionais. O que está se fortalecendo são as ONG’s – que concorrem a programas governamentais e, com esses recursos, elas contratam a prestação de serviços”, observa. Outra possibilidade, destaca Luiz Antônio, é o profissional liberal, que pode montar uma pequena empresa, ser um microempreendedor e ou trabalhar realizando projetos.
Em todas as áreas, inovações estão sendo feitas, seja pelo grande produtor, como através agricultura familiar – que tem sido fortalecida através dos programas governamentais. “É uma área que é propensa a crescer, inclusive, e trabalhamos para mostrar a dimensão que tem o setor agropecuário, no Nordeste, e a importância do jovem se interessar em participar mais dele”, ressalta o professor Luiz Antônio.
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