A terça-feira (1) foi negativa para os preços do milho nos portos brasileiros. Em Paranaguá, a saca futura para entrega em setembro/16, recuou 2,82% e terminou o dia,cotada a R$ 34,50. No terminal de Rio Grande, a queda foi de 1,58%, com a saca cotada a R$ 43,50. Mais uma vez, as cotações acompanharam a queda registrada do dólar, que fechou o dia cotado a R$ 3,9411 para venda, em baixa de 1,56%, a menor cotação de fechamento desde 10 de fevereiro (R$ 3,9355).
Na contramão desse cenário, a cotação do milho subiu 3,33% em Tangará da Serra (MT), com a saca cotada a R$ 31,00. Em Cascavel (PR), a alta foi menor, de 0,61%, e a saca fechou cotada a R$ 33,00. Nas demais praças pesquisadas pela equipe do Notícias Agrícolas o dia foi de estabilidade.
Segundo o pesquisador do CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), Lucílio Alves, os preços continuam firmes no mercado interno em meio ao quadro ajustado entre oferta e demanda. “Apesar da colheita da safra de verão estar avançado, temos o lado vendedor ainda otimista com os níveis das cotações e aguardando os estoques disponíveis, pois a primeira safra será menor do que a de 2015. Além disso, as vendas antecipadas da soja foram intensas no ano anterior, com isso, a evolução da colheita da oleaginosa o produtor faz caixa com esses negócios e não há necessidade de efetuar novas vendas de milho. Por outro lado, temos um mercado comprador”, disse.
Diante desse quadro, as cotações ainda estão 60% acima do registrado no mesmo período de fevereiro de 2015. “E a taxa de câmbio ainda faz com a paridade continue elevada e temos um ritmo de exportação forte ainda. O quadro contribui para o enxugamento do mercado doméstico em um ambiente interno comprador e uma restrição vendedora, o que resulta em valores sustentados”, disse Alves.
Ainda hoje, a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) divulgou que em fevereiro de 2016, os embarques de milho totalizaram 5.374.400 toneladas, com média diária de 282.900 toneladas. O volume diário representa um aumento de 26,9% em comparação janeiro desse ano, quando a médiafoi de 222.900 toneladas. Já em relação ao mesmo período do ano passado, o aumento é de 360,8%.
“Ainda assim, acreditamos que os embarques tendem a voltar ao ritmo normal para o período, já que nesse instante o foco é a exportação de soja. Os “line-ups” já não indicam navios para o carregamento do grão no Porto de Santos e a cada dia volumes menores para Paranaguá. E vale lembrar que, os estoques de passagem foram estimados em 10.5 milhões de toneladas, mas se considerarmos a média embarcada no acumulado de fevereiro de pouco mais de 4 milhões de toneladas, teríamos 6 milhões de toneladas de estoques de passagem”, disse Alves.
Contudo, a evolução da colheita, juntamente com a redução no ritmo de embarques podem elevar o excedente doméstico e amenizar os ganhos nas cotações, conforme sinaliza o pesquisador. “Os contratos futuros da BM&F Bovespa já apontam para uma queda nos preços, se comparando os valores dos contratos. A diferença entre as posições março e setembro é de 16%. Os agentes esperam que a oferta da safra de verão e a maior oferta da safrinha possam pressionar os preços”, disse.
BM&F Bovespa
Na BM&F Bovespa, os contratos futuros do milho fecharam o pregão desta terça-feira (1) em campo misto. A primeira posição, março/16 finalizou o dia estável a R$ 44,07/saca. Já o vencimento maio/16 registrou uma leve alta de 0,60%, cotado a R$ 42,10.Em contrapartida, o setembro/16 caiu 0,08%, cotado a R$ 37,14/saca.
Bolsa de Chicago
Na CBOT, os contratos futuros do milho também finalizaram a sessão em campo misto, próximos da estabilidade. O vencimento março/16 fechou cotado a US$ 3,53¾ o bushel, em alta de 0,25 centavos. Os demais vencimentos registraram perdas entre 1,25 e 1,75 centavos. O contrato maio/16 fechou cotado a US$ 3,55¾ o bushel e o setembro a US$ 3,65½ o bushel.
Sem novidades, o mercado segue acompanhando as informações vindas do mercado financeiro. “Ainda não há uma notícia positiva para o mercado. Além disso, as exportações foram decepcionantes e o dólar está mais forte, o que acaba afetando as exportações americanas de forma negativa”, disse o analista de grãos, da US Commodities, Jason Roose.
E nem mesmo as primeiras estimativas para a nova safra americana divulgadas na semana anterior foram fortes o suficiente para modificar o cenário de preços.
Fonte: Notícias Agrícolas