Dólar recua com a recuperação do petróleo

O dólar fechou com leve queda, em uma trégua da recente aversão ao risco, mas o sentimento continuou frágil diante da volatilidade nos preços do petróleo e incertezas sobre a China.

O dólar comercial fechou em baixa de 0,17%, cotado a R$ 3,9485 para compra e a R$ 3,9500 para venda, após haver atingido R$ 3,9207 na mínima e a R$ 3,9540 na máxima do dia.

“O mercado de câmbio está inusitadamente calmo… mas o sentimento continua frágil”, escreveram analistas do banco Brown Brothers Harriman em nota a clientes.

A tranquilidade no mercado de câmbio perdurou neste pregão mesmo diante da queda dos preços do petróleo vista pela manhã. Na parte da tarde, a commodity voltou a subir, dando mais suporte para a recuperação do humor global.

“O petróleo continua volátil, mas não está caindo de forma tão consistente. Isso é algo positivo para o mercado, ainda mais depois daquele terror no início de ano”, disse o operador de uma corretora nacional, referindo-se ao tombo do preço do óleo às mínimas em 12 anos.

Operadores ressaltaram, porém, que a trégua pode não se sustentar, especialmente levando em conta sinais de fraqueza da economia chinesa e o cenário brasileiro político e econômico conturbado. Nesta sessão, as ações chinesas despencaram mais de 6%.

No cenário local, a volatilidade pode ganhar força também por causa da proximidade do fim do mês, com operadores disputando para influenciar a PTAX de fevereiro. A taxa, que serve de referência para diversos contratos cambiais, é calculada pelo Banco Central no último pregão do mês.

“Com o movimento de formação da PTAX no fim do mês, (operações pequenas) acabam empurrando bêbado ladeira abaixo”, disse o especialista em câmbio da corretora ICAP Ítalo Abucater.

Ele disse acreditar que têm predominado as vendas de dólares na disputa pela PTAX, sustentando o real. A moeda norte-americana deve voltar a subir no início do mês que vem, acrescentou.

Nesta manhã, o BC promoveu mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em março, vendendo a oferta total de 11.900 contratos. Ao todo, a autoridade monetária já rolou US$ 9.276 bilhões ou 92% do lote total de US$ 10.118 bilhões.

No mercado internacional, por volta das 19h25 (Horário de Brasília), o Dollar Index estava em leve baixa de 0,07%, cotado aos 97,44 pontos, enquanto o euro estava em leve alta de 0,06%, cotado a US$ 1, 1025.

Juros futuros têm alta com piora da perspectiva para quadro fiscal

As taxas dos contratos futuros subiram na BM&F, refletindo a leitura de que a deterioração do quadro fiscal e a possibilidade de novos rebaixamentos reduzem o espaço para um possível corte da taxa Selic neste ano.

O DI janeiro/2017 subiu de 14,17% para 14,205%, enquanto o DI janeiro/2018 avançou de 14,57% para 14,66%. E o DI janeiro/2021 teve alta de 15,52% para 15,69%.

Hoje o Tesouro Nacional anunciou o resultado do governo central apresentou superávit primário de R$ 14.835 bilhões em janeiro, que foi impulsionado pela receita de R$ 11 bilhões referente ao leilão das usinas hidrelétricas, realizado em novembro.

Embora o resultado tenha vindo acima do esperado pelo mercado, a perspectiva não é de melhora da dívida pública, afirma Paulo Petrassi, sócio-gestor da Leme Investimentos. Nesse cenário, ele não vê espaço para o BC cortar juros neste ano. “Não vemos uma melhora do quadro fiscal. O Brasil tem a segunda maior relação dívida/PIB do mundo, só perdendo para a Índia”, disse.

Hoje o Tesouro Nacional vendeu hoje 3.5 milhões de Notas do Tesouro Nacional – série F (NTN-F) e 7.382.200 Letras do Tesouro Nacional (LTN) de um total de 8 milhões de títulos ofertados, cuja operação totalizou R$ 8.231 bilhões.

Fonte: Reuters/Valor/SNA

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