Pesquisa recente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) aponta que 89% da madeira utilizada em diversos estabelecimentos fabris no Rio é importada.
Diante deste número, o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Joel Naegele, voltou a insistir na necessidade do governo elaborar um programa com o objetivo de incentivar o plantio de árvores para acabar com a situação de abandono no interior do Estado.
“O Rio possui imensas áreas inexploradas e não consegue criar os estímulos necessários para impedir que milhares de hectares de solo continuem abandonados, empobrecendo seus proprietários e também o próprio Estado”, declara o vice-presidente da SNA.
No caso da importação de madeira, Joel Naegele se mostra contrariado com a realidade atual. “Preferimos mandar para fora dinheiro que poderia circular no Estado do Rio e que, por incompetência ou falta de visão, enriquece nossos vizinhos do Espírito Santo e Minas Gerais.”
PALESTRAS
Com o propósito de chamar a atenção para o problema, o vice-presidente da SNA ministra diversas palestras em estabelecimentos de ensino no interior do estado, mostrando também a realidade do agronegócio brasileiro.
Em suas apresentações, Joel Naegele destaca o case da Cenibra, multinacional com capital nipo-brasileiroa, que promove o plantio de eucalipto para a produção de celulose e papel no município de Belo Monte (MG). A empresa cultiva 24 milhões de árvores ao ano.
“Essa indústria emprega dez mil pessoas, além de estimular os produtores da região na manutenção de áreas de Mata Atlântica, com um trabalho de preservação das espécies ali adaptadas”, explica Naegele.
EXEMPLO
Segundo ele, essa iniciativa deveria ser implantada no Estado do Rio. “A área ocupada pela multinacional é cercada por morros cultivados para o abastecimento da própria indústria. Aí eu me pergunto: por que não aproveitamos os nossos morros, incentivando o plantio de florestas, com prioridade para o eucalipto?”, questiona.
Para o vice-presidente da SNA, uma atividade como essa poderia gerar renda e impulsionar a economia do estado, com o desenvolvimento de muitas regiões que hoje estão em condições de abandono.
“Com a matéria prima assegurada, certamente as empresas que trabalham com madeira se interessariam em desenvolver seus negócios no estado, gerando riqueza e trabalho. Isso já aconteceu com o calcário, que possibilitou a instalação das indústrias cimenteiras”.
CONSERVAÇÃO AMBIENTAL
De acordo com a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), a utilização de florestas plantadas para fins industriais é muito importante para a conservação do meio ambiente. Segundo a entidade, as árvores produzem a matéria-prima que supre a necessidade da população por papel, madeira, lenha e carvão para uso energético e outros produtos de largo consumo, sem esgotar os recursos naturais.
Atualmente, o setor florestal brasileiro é um dos mais desenvolvidos e competitivos do mundo. O País detém uma parcela significativa dos plantios globais: 7,0 milhões de hectares, de acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf). Cerca de um terço dessa área – 2,2 milhões de hectares – corresponde às florestas para celulose e papel.
No Brasil, 100% da produção de celulose e papel tem como origem florestas plantadas de eucalipto e pinus. Nessas florestas, as árvores são cultivadas em áreas específicas, com insumos de alta qualidade, e, depois, colhidas para uso industrial. Em seguida, nova floresta é plantada perpetuando o ciclo plantio/colheita.
Por equipe SNA/RJ