Mais um passo rumo à democratização da educação no campo. Foi assim que a gerente do departamento de Inovação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), Rosilene Jaber, definiu a aula inaugural do Programa Rede e-Tec para os futuros técnicos em Agronegócio, que ocorreu no dia 28 de fevereiro, no município de Alexânia, em Goiás.
Assim como Rosilene, os 40 alunos também elogiaram a iniciativa que vai levar conhecimento à distância e ajudar a sanar a falta de profissionais preparados para gerir as propriedades rurais.
A gestora destaca que a procura pelo curso foi grande e que a turma é composta por pessoas comprometidas que seguem com uma expectativa grande em relação ao mercado.
“Queremos que eles saiam daqui apostando em uma educação continuada. A formação não pode acabar aqui. É preciso que se crie a consciência de que a capacitação é contínua e que esse curso de dois anos vem para abrir um leque de possibilidades”, disse.
Além da turma formada em Goiás, mais 17 foram estruturadas e distribuídas por outros sete Estados (Minas Gerais, Pará, Paraíba, Santa Catarina, Sergipe, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro), onde as aulas inaugurais também ocorreram dia 28. Ao todo, 1.250 alunos – com idade entre 17 e 35 anos – foram selecionados por meio de um processo seletivo. Todos são produtores rurais ou dependentes de quem vive da terra.
Daqui a dois anos, que correspondem a 1.230 horas/aula sendo 80% ministradas à distância e 20% de forma presencial, eles estarão aptos para orientar os produtores rurais. Segundo o último Censo Agropecuário realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 9,3% deles recebem visitas regulares de órgãos governamentais de assistência técnica.
Conforme o secretário executivo do Senar Central, Daniel Carrara, oferecer a assistência técnica, aliada à formação, sempre foi uma meta do Senar. “Os profissionais que vão ser formados pelo Programa Rede e-Tec Brasil no Senar neste curso inicial já têm mercado de trabalho garantido em nosso próprio Sistema”, destacou.
O secretário prevê a absorção dos alunos pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial com Meritocracia, criado pelo Senar em 2013 para ajudar a sanar a lacuna existente na área.
PERFIL
De acordo com a coordenadora de Ações e Projetos do departamento de Inovação do Senar Goiás, Ludmila Alves, a maioria dos alunos – cerca de 80% – está concluindo o ensino médio, mas há também jovens – cerca de 20% – que já possuem ou estão terminado o ensino superior. É o caso de Camila do Nascimento, de 25 anos, que conclui o curso de Direito no final deste ano. Ela é filha de produtor rural e pretende ajudar o pai na gestão do negócio.
“Eu conheci o Senar Goiás quando procurei cursos na área da Promoção Social (PS) e acabei fazendo quatro treinamentos: pintura de tecidos, fabricação de doces, Bordados em Fita e Processamento de Peixes. Agora vou focar na área da gestão”, disse Camila.
Alexânia é o único polo presencial de Goiás, mas alguns municípios, por meio dos Sindicatos Rurais (SRs), já demonstraram interesse em engrossar a lista. Enquanto isso, Daniel Carrara, que além de secretário executivo do Senar Central é também presidente do SR de Alexânia, faz questão de ratificar a importância do investimento em educação.
“Existe hoje o consenso de que a educação é um “calcanhar de Aquiles” para o desenvolvimento nacional e, em se tratando do setor agropecuário, ela é ainda mais vital para a economia. O setor é responsável por um terço dos empregos do nosso país, um terço do PIB – Produto Interno Bruto – e pela segurança da nossa balança comercial”, completou Carraca.
Para ele, não há como seguir avançando sem a profissionalização do agronegócio. “Existe hoje um nível de tecnologia que demanda mais do que treinamentos operacionais. O setor rural precisa se profissionalizar em termos de gestão. Precisamos de pessoas preparadas e é esse ganho de qualidade que o Senar está trazendo para a agropecuária”, afirmou.
PARCERIA NOTA 10
O chefe de gabinete da Secretaria Executiva e diretor geral da Faculdade CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil), Abdon Miranda, chama atenção para a parceria que resultou no curso.
“O Senar Central só conseguiu colocar em prática esse projeto devido às parcerias com as Federações em todo o Brasil. Hoje estamos vivendo um momento de preparação de uma nova postura que está se tomando na agropecuária brasileira no quesito educação”, ressalta Miranda.
“Precisamos de técnicos que tenham condições de colocar a mãos na massa e fazer com que os produtores rendam, produzam. No Brasil se formava os profissionais para a agricultura e pecuária (agrônomos, veterinários, zootecnistas), mas esqueceu-se um pouco da base, que são os técnicos. Foi aí que se formou o Pronatec, que já está consolidado, e agora o Programa Rede e-Tec formando técnicos em gestão. É uma revolução”, comentou o gestor da CNA.
A opinião é compartilhada pelo presidente da CNA e do Conselho Deliberativo do Senar, João Martins. “O processo de formação do Senar na Rede e-Tec Brasil vai abrir caminhos para o sucesso profissional desses jovens no setor que sustenta a economia do nosso País. Esperamos que todos arregacem as mangas, se dediquem muito e se comprometam com a aprendizagem para aproveitar, ao máximo, a oportunidade de fazer um curso de qualidade, totalmente gratuito”, afirma.
AULAS
A maioria das aulas ocorre à distância, mas com encontros presenciais ao longo dos semestres a partir de um calendário definido nos polos. No caso das atividades à distância, as aulas serão mediadas pelo tutor no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) do Senar. Os alunos também recebem materiais de apoio, como DVD com videoaulas e apostilas impressas de cada disciplina. As atividades presenciais acontecem nos polos de apoio presencial e nas saídas de campo, ambas com supervisão da tutoria presencial.
Os encontros presenciais são classificados pelo secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (MEC), Marcelo Feres, como fundamental para o desenvolvimento do País.
“Estamos vivendo um momento importante de expansão da educação profissional, oferecendo cursos voltados para a realidade do campo, a realidade do setor agropecuário, cursos que atendem ao público de um setor que é estratégico para o desenvolvimento do País”, destacou.
Fonte: Senar Goiás/Faeg