Um estudo sobre A Percepção da População dos Grandes Centros Urbanos sobre o Agronegócio Brasileiro, realizado pela Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), em parceria com a da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), revelou que 72% dos entrevistados elegeriam candidato comprometido com o agronegócio. Elaborada pelo Instituto Ipeso, a pesquisa foi realizada com 600 eleitores de cinco capitais: São Paulo, Salvador, Manaus, Belém, Goiânia e Porto Alegre.
O resultado da pesquisa, apresentado durante o 13º Congresso Brasileiro do Agronegócio, no dia 4 de agosto, na capital paulista, por Luiz Tejon, diretor do Núcleo de Agronegócio da ESPM, e por e Victor Trujillo, do Ipeso, gerou polêmica entre os debatedores. O cientista político Bolívar Lamounier e o diretor de Assuntos Corporativos da Bayer, Christian Lohbauer, contestaram os resultados do estudo, alegando que a pesquisa não abordou alguns temas polêmicos e relevantes para uma análise mais profunda do setor. “Faltou, por exemplo, tratar de conflitos fundiários ou indígenas”, apontou Lamounier, que considerou a pesquisa “induzida e produziu respostas favoráveis ao agronegócio.”
RESULTADOS
Segundo Tejon, 62,3% dos entrevistados disseram que o candidato que demonstrasse descaso com a cadeia produtiva não deveria ser eleito, 77,5% afirmaram que o futuro presidente do Brasil deve prestar mais atenção para questões que envolvem a produção de alimentos. Além disso, 85% garantiram que escolheriam um candidato que reduzisse os tributos sobre a produção de alimentos.
A maioria da população ouvida (70,5%) entende que a oferta de comida dependerá da capacidade do futuro presidente em orientar e apoiar o agronegócio. A constatação foi reforçada por 62,3% dos entrevistados que afirmaram que não elegeriam um presidente que demonstrasse descaso pela agricultura.
A pesquisa reuniu os entrevistados em quatro grupos: os agroconscientes (37%), que têm consciência da importância do setor para a economia e desenvolvimento nacional; os biourbanos (29%), que não acreditam na relevância do setor para o País; os agrolosts (21%), que possuem opiniões contraditórias e não têm conhecimento algum sobre o agronegócio; os agro-indiferentes (13%), que não são nem favoráveis nem contra o setor. “Estes não sabem da existência do agronegócio, ou seja, são alheios às características do setor. Se tiverem de escolher entre ter uma chácara e um apartamento na praia, optariam pelo segundo”, exemplificou Trujillo, do Ipeso. “Já os Agroconscientes preferem um candidato que tenha uma política definida para o setor e defendem garantia de renda mínima, redução de impostos sobre alimentos e melhora das estradas”, apontou.
RISCO PARA O PAÍS AGRONEGÓCIO BRASILEIRO: VALORIZAÇÃO E PROTAGONISMO
Em sua palestra de abertura do Congresso, sobre Agronegócio brasileiro: valorização e protagonismo, o economista Samuel de Abreu Pessoa afirmou que “desde 2011, o governo está caminhando contra as políticas institucionais que foram desenvolvidas a partir de 2002 e gerando riscos para o país”. Na sua projeção, o País deve encerrar 2014 com um índice de inflação controlado, na faixa de 6,5%, para uma taxa real ao redor de 8,5%. Ele recomendou cautela, no próximo ano, para que reajustes cambiais sejam feitos, com transição política ou não.
Durante o 13º Congresso, foram entregues os prêmios Norman Borlaug e Ney Bittencourt de Araújo. O primeiro para o presidente do Conselho da Agroceres, Urbano Campos Ribeiral; e o segundo, para João Paulo Koslovski, presidente do Sistema Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).
Por equipe SNA/SP