Com a ambição de se tornar a maior agtech do mundo, a Agrotools comprou a argentina S4, de tecnologia geoespacial, e avalia outros movimentos. Na mesa do diretor estratégico, Lucas Tuffy, há propostas envolvendo soluções até mais maduras do que a adquirida recentemente. Além disso, a empresa trabalha em projetos voltados ao mercado de carbono.
“Estamos com a mente aberta, olhando produtos, dados e empresas com escopos complementares. Essa convergência pode gerar acordos estratégicos e joint ventures”, disse Tuffy, à Globo Rural.
A Agrotools acredita que a próxima revolução no setor agrícola virá do uso de dados. Atualmente, monitora um total de R$ 15 bilhões em commodities agrícolas e apoia operações de financiamento que ultrapassam R$ 50 bilhões.
“Atuávamos mais como um observador do campo, reduzindo a distorção que as companhias de insumos e a agroindústria tinham dos produtores”, disse o diretor de produtos Breno Felix.
Com a compra da S4, a Agrotools quer agregar valor ao produtor diretamente. “É uma tecnologia interessantíssima para monitorar o comportamento da lavoura, com algoritmo já validado e uma arquitetura capaz de ser acoplada às nossas ferramentas”, afirmou.
Foco no mercado de carbono
A startup tem planos para lançar, no próximo ano, um braço voltado ao mercado de carbono. Está fornecendo tecnologia de monitoramento remoto para o primeiro projeto de crédito de carbono no Pantanal, liderado pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP).
A Agrotools monitora à distância uma área de 135.000 hectares na Serra do Amolar, de onde coleta informações para garantir a integridade dos créditos de carbono gerados pela preservação da floresta. Se houver algum sinal de desmatamento, o IHP e as autoridades podem agir mais rapidamente para resolver.
O projeto do IHP deve durar 30 anos e gerar 235.000 unidades de carbono verificadas, das quais 40.000 já foram negociadas a US$ 5,00 cada. Uma segunda oferta mira de US$ 8,00 a US$ 10,00 por unidade.
Felix esteve na conferência Land & Carbon, em Bruxelas, e disse que as discussões sobre carbono estão incluindo cada vez mais o componente biodiversidade na conta. “Isso pode gerar um apelo maior pela compra desses créditos”. Os recursos obtidos com a venda dos créditos serão revertidos ao projeto da Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar (Rede Amolar).
Encurtar caminhos
Segundo ele, o trabalho no Pantanal pode reduzir os custos em outras iniciativas no futuro, projetos de carbono podem exigir investimentos de até US$ 200.000,00. “Essa experiência pode encurtar o trabalho metodológico”, disse.
Os créditos atendem aos requisitos da Verra, maior certificadora de carbono no mundo e líder na metodologia Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD), segundo a Agrotools.
Também na frente de carbono, a Agrotools trabalha em uma “calculadora” de emissões de carbono pela pecuária. A empresa foi selecionada para o projeto do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Ministério da Agricultura.