Venda de defensivos caiu 25% no 1º semestre

As vendas de defensivos agrícolas confirmaram as expectativas e fecharam o primeiro semestre deste ano em queda no País. De acordo com a estimativa preliminar do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), em dólar a receita oriunda dessas vendas diminuiu 25% em relação ao mesmo período de 2014, de US$ 3.6 bilhões para US$ 2.7 bilhões.

A entidade informou que o volume de agrotóxicos comercializados no mercado doméstico também recuou, mas que ainda não consegue precisar se a retração acompanhou par e passo o ritmo da redução da receita em moeda americana – que, no primeiro trimestre, havia sido da ordem de 20% na comparação com igual intervalo do ano passado.

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Cálculos do Valor Data baseados nas PTAX médias dos primeiros semestres do ano passado e deste apontam que, em real, a baixa da receita foi bem mais modesta – 3,6%, de R$ 8.3 bilhões para R$ 8 bilhões. De qualquer forma, as vendas em dólar caminham para encerrar 2015 com a primeira queda desde 2009, como há meses sinalizam especialistas no setor de agronegócios.

Silvia Fagnani, vice-presidente executiva do Sindiveg, lembrou ao Valor que, historicamente, as vendas de defensivos no Brasil representam aproximadamente 70% do total anual. E afirma que a entidade espera para o período uma recuperação que ao menos reduza, no balanço de 2015 como um todo, o expressivo percentual negativo observado até junho.

“Mas de fato haverá queda, a primeira desde 2009, que também foi um ano de crise. As vendas alcançarão, no máximo, US$ 10.5 bilhões em 2015”, afirmou ela. Se confirmado, esse montante será quase 14% inferior ao registrado no ano passado (US$ 12.2 bilhões).

Em moeda brasileira, o ritmo de incremento da receita das vendas de agrotóxicos no País – maior mercado global para esses produtos – estaria quase garantido. Considerando a PTAX média do início deste ano até sexta-feira (R$ 3,056), o Valor Data aponta que os US$ 10.5 bilhões projetados pelo Sindiveg seriam equivalentes a R$ 32.1 bilhões. Já a conta para 2014, quando a PTAX média foi de R$ 2,3547, resulta em R$ 28.8 bilhões.

“É claro que boa parte da queda da receita das vendas em dólar no primeiro semestre refletiu a variação cambial. Mas há outras questões. Uma delas é a escassez de chuvas em regiões importantes de produção agrícola, que contém a proliferação de pragas e com isso, reduz a necessidade do uso de alguns defensivos”, afirmou Silvia.

Apesar de os números do primeiro semestre ainda não estarem fechados, a executiva informou que houve retração das receitas em dólar nas duas principais categorias de produtos do segmento: inseticidas, que responderam por 39,9% das vendas de agrotóxicos no Brasil em 2014, e herbicidas, cuja fatia no ano passado foi de 32%.

Também é possível dizer que, apesar dos pesares, a soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro, é a cultura que puxa também as vendas de defensivos. Sua participação do total continuou superior a 50% no primeiro semestre – foi de 56% em 2014. Em seguida nessa lista aparecem milho (9% no ano passado), algodão (8%) e cana (8%).

Mesmo que no mercado de defensivos ainda não seja possível mensurar a queda do volume das vendas, apenas a da receita, dois outros mercados de insumos fundamentais corroboram a tendência geral de queda, influenciada pela retração das cotações internacionais das commodities agrícolas e por turbulências políticas e econômicas no front doméstico.

No segmento de fertilizantes, as vendas internas diminuíram 7,7% de janeiro a julho em relação ao mesmo intervalo de 2014, para 15 milhões de toneladas, segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA). Fontes do segmento estimam que, em todo este ano, a baixa ficará entre 5% e 10%.

E, conforme informações da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as vendas de tratores e colheitadeiras no País recuaram 27,2% na mesma comparação, para 28.700 unidades. Em 2015 como um todo, a retração projetada pela entidade é da ordem de 20%.

 

Fonte: Valor Econômico

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