Veto à carne brasileira pelos EUA pode ser resposta à ‘pressão’, diz secretário

O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Luís Eduardo Rangel, disse na sexta-feira (23) ao G1 que acredita que a suspensão das importações de carne bovina fresca brasileira anunciada pelos Estados Unidos foi motivada por “excesso de zelo” como resposta a pressões políticas e comerciais.

“Temos de entender que os americanos estão sofrendo pressão por ser um mercado importante. Existe uma pressão muito grande de sinais políticos aos consumidores. Eu acredito que venha a ser um excesso de zelo do governo americano em resposta a essa pressão”, disse Rangel.

Ele afirmou que ainda é cedo para falar de qualquer ação brasileira na Organização Mundial de Comércio (OMC) para questionar a decisão e que primeiro o Brasil fará os ajustes pedidos pelo governo norte-americano. Se confirmada que a decisão está relacionada à pressão comercial, o governo brasileiro irá se reunir com representantes dos EUA para negociar.

Os Estados Unidos eram um mercado novo para a carne bovina in natura brasileira. O Brasil só conseguiu autorização para exportar o produto para o país no fim de julho do ano passado, após 17 anos de negociações. A suspensão atinge apenas carne bovina fresca do Brasil. Na noite de quinta-feira (22), o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, declarou que deve viajar aos EUA para tentar restabelecer as exportações, conforme informou o Blog do João Borges.

Não há risco à saúde

O secretário destacou que os problemas relatados pelos Estados Unidos na carne brasileira não oferecem risco à saúde, em caso de consumo do produto. Segundo ele, os problemas noticiados referem-se apenas à parte de preparo e limpeza da carne. “Não oferece nenhum risco sanitário. Nossa primeira análise, com os fundamentos apresentados, é de que não acreditamos que a suspensão foi por questões sanitárias e sim de qualidade”. Segundo Rangel, os Estados Unidos relataram problemas como abcessos decorrentes de vacina contra febre aftosa, coágulos e fragmentos de ossos nas mercadorias analisadas.

Na quinta-feira (22), o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, anunciou que a suspensão ocorreu após o país obter resultados negativos em testes de qualidade da carne brasileira que entra no país. Em comunicado, o Departamento de Agricultura americano informou que está testando 100% da carne brasileira que entra nos EUA. Nesses testes, 11% dos produtos de carne fresca brasileira importados foram rejeitados. “Esse resultado está substancialmente acima do que a taxa de rejeição de 1% das entregas vinda do resto do mundo”, disse o USDA em comunicado.

Efeito carne fraca

Rangel disse ainda que a reação do governo americano pode ter relação com a operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que investiga esquema de corrupção envolvendo frigoríficos e fiscais sanitários do Ministério da Agricultura, além da venda de carne estragada. Segundo ele, a operação colocou a carne brasileira no centro das atenções. “É um mercado muito agressivo, no mundo inteiro. Não existe vácuo. Qualquer saída de um player é muito comemorada pelos seus concorrentes. E os episódios da Carne Fraca colocaram em evidência a carne brasileira”, afirmou.

 

Fonte: G1

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