Vendas de proteína animal sobem 9% após impactos da Operação Carne Fraca

Vice-presidente da SNA, Hélio Sirimarco acredita que o impacto da Operação Carne Fraca exigirá um ajuste que deve atrasar a recuperação da cadeia produtiva da carne de frango, especialmente no que diz respeito ao volume de produção por, pelo menos, 60 dias. Foto: Arquivo SNA

Passados os primeiros impactos da Operação Carne Fraca, deflagrada no dia 17 de março pela Polícia Federal, as atividades do setor de proteína animal vão se normalizando gradativamente. Ao contrário da expectativa inicial, que seria de retração, as exportações brasileiras de carnes cresceram 9% em março, na comparação com igual mês de 2016.

A avaliação é do vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) Hélio Sirimarco, com base nos dados de exportações divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Secex/MDIC).

Segundo o órgão federal, a receita com as vendas externas de carnes in natura e processadas de frango, bovina e suína totalizou US$ 1,34 bilhão em março, contra US$ 1,23 bilhão no mesmo mês do ano passado. Entretanto, considerando as exportações por tipo de carne, ocorreu retração nas vendas da bovina.

Conforme levantamento do Secex/MDIC, as exportações de carne bovina in natura com outros países somaram US$ 404 milhões no mês passado, uma quantia menor em relação aos US$ 411 milhões apurados em março de 2016.

Em contrapartida à bovina, as vendas externas de carne de frango e suína in natura subiram no mesmo comparativo: a primeira, de US$ 511 milhões para US$ 571 milhões; e a segunda, de US$ 99 milhões para US$ 138 milhões.

 

AVICULTURA É A MAIS AFETADA

Apesar do resultado positivo nas exportações no mês de março, o vice-presidente da SNA considera que o setor mais afetado foi o de aves.

“O impacto da Operação Carne Fraca exigirá um ajuste que deve atrasar a recuperação da cadeia produtiva da carne de frango, especialmente no que diz respeito ao volume de produção por, pelo menos, 60 dias”, diz Hélio Sirimarco.

Na opinião do executivo, “a paralisação temporária de abatedouros, a partir da concessão de férias coletivas em alguns frigoríficos avícolas, deve reduzir a produção de frango, entre maio e junho”.

“O tempo de resposta do setor de avicultura é maior em relação aos frigoríficos de bovinos, que já diminuíram a escala de abates para ajustar seus estoques, devido ao ciclo da pecuária.”

Para Sirimarco, esse cenário está impactando nos preços de todos os mercados: “Além disso, a demanda interna continua fraca, o que também tem contribuído para esse comportamento dos preços. Mas essa crise é passageira e as margens da indústria de aves seguem favoráveis”.

 

LADO POSITIVO

Segundo o vice-presidente da SNA, é importante ver o lado positivo da Operação Carne Fraca para o Brasil: “Apesar de a investigação se limitar a 21 plantas frigoríficas em um universo de 4.8 mil que existem em todo o país, essa operação mobilizou todo o segmento. E isso, certamente, resultará em benefício para a pecuária brasileira”.

O Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC), nesse sentido, anunciou recentemente a criação do Plano Estratégico de Desenvolvimento da Pecuária, que incluirá questões como sustentabilidade e segurança alimentar, além de abranger todos os elos da cadeia produtiva da carne no Brasil.

“Temos de manter a sanidade dos rebanhos, além de garantir a ausência de resíduos não tolerados na carne”, alerta Sebastião Costa Guedes, presidente do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa (Giefa), vice-presidente de Relações Internacionais do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC) e presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária (Abramvet).

 

“Temos de manter a sanidade dos rebanhos, além de garantir a ausência de resíduos não tolerados na carne”, alerta Sebastião Costa Guedes, presidente do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa (Giefa). Foto: Divulgação

 

MAIS RIGOR NA FISCALIZAÇÃO

Para reforçar a fiscalização e garantir a segurança dos alimentos, no último dia 29 de março, o presidente da República, Michel Temer, e o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, assinaram o novo Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), que vinha sendo preparado há algum tempo.

“Toda mudança que vise o aumento do controle da qualidade dos produtos é positiva”, disse Sirimarco. Para ele, o aumento da fiscalização e a exigência de uma maior qualificação profissional dos fiscais são extremamente importantes.

O novo regulamento, que objetiva garantir segurança e inocuidade alimentar e combater as fraudes econômicas, abrange as carnes bovina, suína e de aves, além de leite, pescado, ovos e mel.

Uma das mudanças está relacionada à severidade das penalidades. De acordo com o RIISPOA, a multa máxima a ser aplicada, no caso de irregularidades, será elevada de R$ 15 mil para R$ 500 mil.

Segundo o ministro Blairo Maggi, a empresa que cometer três irregularidades gravíssimas, em um ano, perderá o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF).

 

Por equipe SNA/SP

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