Tempo seco aumenta riscos de incêndios no meio rural

No período de julho a setembro, aumenta a ocorrência de queimadas em grande parte do território brasileiro, devido à estiagem e à baixa umidade relativa do ar, que favorecem a propagação rápida do fogo que pode destruir lavouras, pastagens e florestas, além de matar animais. Foto: Divulgação
No período de julho a setembro, aumenta a ocorrência de queimadas em grande parte do território brasileiro, devido à estiagem e à baixa umidade relativa do ar, que favorecem a propagação rápida do fogo que pode destruir lavouras, pastagens e florestas, além de matar animais. Foto: Divulgação

No período de julho a setembro, aumenta a ocorrência de queimadas em grande parte do território brasileiro, devido à estiagem e à baixa umidade relativa do ar, que favorecem a propagação rápida do fogo que pode destruir lavouras, pastagens e florestas, além de matar animais.

Monitoramentos por satélites realizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) comprovam que os focos de incêndios na zona rural têm crescido ano a ano, no Brasil, causando perdas econômicas e ambientais com a destruição da vegetação e a emissão de gases de efeito estufa.

Para o período da estiagem, que é considerado o mais crítico quanto às ocorrências de fogo na vegetação, o sistema de queimadas do Inpe aponta tendência de focos concentrados nas Regiões Centro-Oeste, Sudeste, Nordeste e no sul da Amazônia, com aumento principalmente em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul (Pantanal), oeste da Bahia, Pará, Tocantins, Maranhão e São Paulo. Segundo o órgão, em 2014, 40% dos focos de incêndio no País aconteceram no Cerrado.

Em sua maioria, os incêndios são provocados pelo homem, de forma proposital ou acidental, na limpeza de pastos, preparo do solo, desmatamento, colheita manual de cana-de-açúcar, disputas por terras, protestos sociais, entre outras causas.

MT PROÍBE QUEIMADAS

De 15 de julho a 15 de setembro, é proibido realizar queimadas em Mato Grosso. A medida, anunciada neste mês pelo governo do Estado, tem como objetivo reduzir e prevenir os incêndios na zona rural.

“Prevenção é a alternativa mais importante no combate aos incêndios e, para ser efetiva, precisa ser praticada constantemente. Seu objetivo é evitar a ocorrência de queimadas causadas pelo homem e impedir a propagação do fogo”, explica Lucélia Denise Perin Avi, analista de Meio Ambiente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato).

“Prevenção é a alternativa mais importante no combate aos incêndios e, para ser efetiva, precisa ser praticada constantemente. Seu objetivo é evitar a ocorrência de queimadas causadas pelo homem e impedir a propagação do fogo”, explica Lucélia Denise Perin Avi, analista de Meio Ambiente da Famato. Foto: Arquivo Famato
“Prevenção é a alternativa mais importante no combate aos incêndios e, para ser efetiva, precisa ser praticada constantemente. Seu objetivo é evitar a ocorrência de queimadas causadas pelo homem e impedir a propagação do fogo”, explica Lucélia Denise Perin Avi, analista de Meio Ambiente da Famato. Foto: Arquivo Famato

De acordo com a analista, o excesso de material combustível no campo e os incêndios às margens das rodovias, em assentamentos rurais e terras indígenas contribuem para o aumento das queimadas no período mais seco do ano, causando prejuízos consideráveis para o meio ambiente e para os produtores rurais que têm suas propriedades atingidas pelo fogo.

“Além da perda da produção (agrícola e de animais), os incêndios destroem cercas, construções, maquinários, pastagens e vegetação nativa e causa prejuízos à saúde das pessoas”, ressalta.

Segundo Lucélia, em Mato Grosso, o tempo seco e a baixa umidade do ar também facilitam a propagação do fogo no campo em razão da grande concentração de lavouras de milho e algodão.

“Em plena fase de colheita da segunda safra de milho, incêndios acidentais ou problemas mecânicos podem afetar as lavouras e causar prejuízos consideráveis”, alerta.

Nesse sentido ela orienta o produtor a ficar atento aos horários de colheitas, aos focos de incêndios próximos à fazenda, além de manter tanques d’água perto do local da colheita, fazer a manutenção dos aceiros entre a propriedade e a rodovia e preparar operadores de máquinas e funcionários para agir no caso de incidentes.

De acordo com a analista da Famato, uma das formas de prevenir os incêndios florestais é a eliminação ou a redução das fontes de propagação. Entre estas, ela cita a construção e a manutenção de aceiros (faixas livres de vegetação).

“Os aceiros podem ser naturais, como estradas ou cursos d’água, ou construídos para impedir a propagação do fogo e para fornecer uma linha de controle estabelecida no caso de ocorrer um incêndio”, comenta e acrescenta que embora não sejam suficientes para deter incêndios, os aceiros são úteis como meio de acesso e pontos de apoio para combater focos de fogo.

Outra recomendação é a eliminação ou redução do material combustível, por meios químicos, biológicos e mecânicos. “A queima controlada, embora perigosa, é de baixo custo e tem sido utilizada principalmente para reduzir o material combustível no interior dos planaltos florestais”, diz.

A preservação de locais de captação d’água também ajuda na prevenção.

“O reflorestamento de cursos d’água, formando pequenos açudes, é importante para a obtenção de água no caso de combate aos incêndios”, orienta.

Nesse sentido, ela sugere a implantação de tomada de água a cada cinco quilômetros para assegurar uma eficiência razoável aos caminhões bombeiros, caso haja necessidade de controle de focos de fogo.

Lucélia também sugere a elaboração de planos de prevenção, detalhando as atividades no caso de incêndios florestais. Segundo ela, o plano engloba o levantamento de informações sobre as ocorrências de fogo e aspectos legais da área (locais e período de maior ocorrência durante o ano, tipo de cobertura vegetal) e causas mais frequentes dos incêndios (raios, incendiários, queimas para limpeza, fogos de recreação, operações florestais, fumantes, estradas de ferro, entre outros).

“Depois de reunir todos os dados, deve-se decidir quais as técnicas e medidas preventivas serão adotadas e quem irá executá-las (segundo cronograma indicando o início e o término de cada atividade planejada), além de obter informações sobre todas as operações desencadeadas pelo plano de prevenção, para auxiliar e corrigir, quando for necessário”, comenta.

COMUNICADO DE OCORRÊNCIA

Caso a propriedade seja atingida por fogo, deve-se comunicar o fato ao Corpo de Bombeiros ou Prefeitura Municipal, registrar Boletim de Ocorrência (BO) na delegacia e solicitar a presença de autoridade policial no local para relatar o fato no BO.

“É necessário coletar o máximo de provas para evidenciar os danos causados pelo fogo (imagem de satélite, fotos, registros dos danos ambientais, sociais e econômicos, etc.)”, orienta Lucélia. “É importante que um profissional habilitado elabore um laudo técnico após a ocorrência do fogo”, recomenda.

Os órgãos de fiscalização realizam levantamentos por imagens de satélite e in loco e autuam todos os atingidos para apresentarem defesa dentro do prazo de 20 dias. Os infratores podem ser punidos com perda de incentivos e benefícios fiscais, reclusão de dois a quatro anos e multa de, no mínimo, R$ 5 mil por hectare, segundo determina a Lei Federal nº 9.605/1998 e o Decreto 6.514/2008.

Denúncias de incêndios criminosos podem ser feitas ao Corpo de Bombeiros, às prefeituras, às secretarias estaduais do Meio Ambiente e ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Por equipe SNA/SP

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