Sucesso da recria do rebanho leiteiro depende de boas práticas no campo

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A idade avançada das fêmeas que chegam à puberdade e depois ao primeiro cio fértil, associada ao longo intervalo entre o primeiro e o segundo partos, é um dos principais causadores da baixa eficiência reprodutiva do rebanho bovino no País – a chamada recria. Foto: Divulgação

O sucesso da recria de fêmeas de rebanhos leiteiros depende da alimentação adequada e nas proporções ideais, manejo correto, boas condições do pasto e até mesmo do clima. Se um destes pontos estiver em desequilíbrio, a busca por um bom resultado na produção de lácteos pode estar em risco.

Ainda deve ser considerado o fato de que a idade avançada das fêmeas que chegam à puberdade e depois ao primeiro cio fértil, associada ao longo intervalo entre o primeiro e o segundo partos, é um dos principais causadores da baixa eficiência reprodutiva do rebanho bovino no País – a chamada recria, que hoje é tratada como o futuro mais promissor para o aumento do desempenho deste setor do agronegócio, no Brasil.

Esta fase, que se estende da desmama ou desaleitamento até a primeira cobrição ou inseminação, é menos complexa que a de cria, mas nem por isso deve ter menor atenção por parte dos produtores de leite.

Doutor em Nutrição e Produção Animal e professor da Universidade São Marcos (SP), o zootecnista Rafael Cervieri explica que, em território nacional, a recria ainda é feita em regime de pasto.

“Por causa disto, o desenvolvimento corporal do rebanho torna-se dependente das condições climáticas, apresentando períodos com bons ganhos de peso e outros com crescimentos lentos ou até mesmo perdas de peso, tendo como consequência direta a maior idade em relação à primeira cria. Não é raro novilhas parirem com quatro anos de idade por aqui por causa, principalmente, do manejo incorreto na recria”, alerta.

Segundo o especialista, a faixa etária da primeira cria é um parâmetro zootécnico primordial, por se tratar de uma medida de eficiência produtiva e reprodutiva de um rebanho. “Para obter bons resultados, o objetivo é fazer com que a recria seja mais curta, para que as fêmeas estejam aptas à reprodução o mais breve possível.”

 

“Para obter bons resultados, o objetivo é fazer com que a recria seja mais curta, para que as fêmeas estejam aptas à reprodução o mais breve possível”, orienta o zootecnista Rafael Cervieri. Foto: Divulgação
“Para obter bons resultados, o objetivo é fazer com que a recria seja mais curta, para que as fêmeas estejam aptas à reprodução o mais breve possível”, orienta o zootecnista Rafael Cervieri. Foto: Divulgação

INSEMINAÇÃO

Cervieri salienta que, no Brasil, há sistemas em que novilhas cruzadas são inseminadas aos 15 meses de idade, parindo aos dois anos. “Agora, imagine uma fêmea parindo aos quatro anos de idade. Este animal irá passar cerca de três anos sem gerar renda alguma para o criador, nenhum bezerro para venda ou reposição. Isto significa prejuízo.”

Neste cenário, informa o zootecnista, não é somente o manejo nutricional que determina a idade à puberdade ou à primeira cria. “Existe o componente genético que faz com que determinadas raças sejam mais precoces sexualmente e outras mais tardias, como será discutido a seguir.”

Ele relata que uma novilha atinge a puberdade quando tem o primeiro cio seguido de ovulação correspondente, com uma fase luteal normal. “Muitas vezes, a novilha não reproduz na primeira ovulação ou apresenta ovulação fértil, mas não demonstra sinais exteriores de cio.”

Existem ainda importantes diferenças entre raças na idade ao primeiro cio: “Em média, as fêmeas zebuínas são de seis a 12 meses mais tardias que as taurinas. Esta diferença é atribuída às variações genéticas existentes entre taurinos e zebuínos. Em outras palavras, as novilhas possuem uma idade mínima geneticamente pré-determinada em que atingem a puberdade.”

O zootecnista comenta ainda que tanto a idade quanto o peso das vacas são fatores importantes na manifestação da puberdade, sendo que o nível nutricional surge como fator modificador de ambos. “Portanto, em níveis nutricionais mais baixos, o peso na puberdade será menor e a idade maior. Em níveis nutricionais mais altos, o peso será maior e a idade menor.”

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PESO DAS NOVILHAS

Segundo Cervieri, o peso das novilhas na fase da puberdade é geneticamente pré-determinado: “Considera-se que uma novilha esteja com peso ótimo para reprodução, quando apresenta 60% a 65% do peso adulto. Novilhas taurinas (Angus, Charolês, Hereford, Limousin, etc.) alcançam a puberdade com 60% do peso adulto; já as novilhas taurinas de raças de dupla aptidão (Pardo Suíça) com 55%; e as novilhas zebuínas com 65% do peso adulto”.

Ele exemplifica: “O peso adulto médio de vacas da raça Nelore situa-se em torno de 450 quilos, portanto uma novilha, da mesma raça, só estará apta a reproduzir quando chegar a cerca de 290 quilos (65% do peso adulto, na idade de 20 a 30 meses)”.

Animais com potencial genético para atingir peso adulto maior (raças continentais), detalha Cervieri, devem ter maior peso antes de chegar à estação de monta. “As novilhas precisam atingir a puberdade de um a três meses, antes da primeira estação de monta, para melhorarem suas chances de concepção. Isto porque os primeiros cios podem não ser férteis.”

 

Por equipe SNA/RJ com informações da BeefPoint

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