Soja: preços sobem até 6,5% no Brasil com a alta na CBOT e do dólar

Os contratos futuros da soja negociados na CBOT fecharam em alta, mas longe das máximas do dia. Os principais vencimentos registraram ganhos de 4,75 a 5 centavos, com o março/18 cotado a US$ 10,26 ½ (máxima a US$ 10,39) e o maio/18 a US$ 10,37 ½ (máxima a US$ 10,50) o bushel.

Os contratos futuros do farelo de soja negociados na CBOT fecharam em alta, mas também longe das máximas do dia. Os principais vencimentos registraram ganhos de US$ 2,80 a US$ 3,30 por tonelada curta, com o março/18 cotado a US$ 376,50 (máxima a US$ 385,50) e o maio/18 a US$ 379,30 (máxima a US$ 387,90).

USDA: Embarques semanais EUA

Na semana encerrada em 15 de fevereiro, foram embarcadas 960.060 toneladas de soja, volume abaixo do registrado na semana anterior, e que ficou dentro do intervalo esperado pelo mercado entre 730.000 e 990.000 toneladas. No acumulado do ano comercial, os embarques já somam 37.011.315 contra pouco mais de 42.7 milhões de toneladas no ano passado, nesse mesmo período.

Soja argentina pode cair para 43 milhões de toneladas

Segundo relatório do analista privado Guilhermo Rossi (ex-integrante da Bolsa de Cereais de Rosário), a safra argentina de soja em 2017/18 deve cair, no pior cenário, para até 43 milhões de toneladas (MT). No melhor cenário, não deverá ultrapassar 48 milhões de toneladas, segundo suas estimativas sobre a provável produção de soja no país vizinho.

A atual previsão admitida pelo mercado é de 50 milhões de toneladas, enquanto o último relatório do USDA estima em 54 milhões de toneladas. Na safra anterior, a Argentina produziu 56 milhões de toneladas de soja.

Na média das opiniões de outros analistas locais a produção ficaria entre 45 a 46 milhões de toneladas e, no pior cenário, se a situação de estresse [hídrico] continuar, o país produziria 43 milhões de toneladas (um pouco acima das 40 milhões de toneladas estimadas pelo meteorologista da Bolsa de Cereales de Buenos Aires), indica a T&F Consultoria Agroeconômica.

Segundo o analista da T&F Luiz Fernando Pacheco, a importância destas estimativas é que o mercado ainda não se deu conta disto e, se forem confirmadas, poderão ser o fato novo de que o mercado futuro precisa para uma nova alta (considerável) nas cotações de Chicago.

Uma das razões apresentadas pelo analista é que em 2008/09 a Argentina também sofreu uma seca severa e a produção de soja foi de 32 milhões de toneladas, para uma área similar. Este número seria equivalente, hoje, a 39 milhões de toneladas, com a adição das novas tecnologias implantadas desde então, especialmente nas províncias do norte, onde a variedade Intacta de soja foi utilizada. Outa razão é que o diferencial deste ano de 2017/18 está na umidade do solo, que se encontra com menos do que 5 mm, depois de dois anos de mais de 1.000 mm.

Esmagamento de soja em Mato Grosso aumenta 21,8% em comparação com a média dos últimos 5 anos

O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA) divulgou, na última semana, o dado mensal de esmagamento de soja no Estado, que em janeiro foi de 662.900 toneladas. Comparado com a média dos últimos cinco anos, houve aumento de 21,87%, sendo este número o segundo maior para o mês de janeiro na série histórica do instituto.

Por outro lado, quando comparado ao mês de dezembro do ano passado, houve uma redução de 2,89%, e na comparação ao mesmo período do ano anterior, a redução foi de 2,35%. Segundo o IMEA, como o mês de janeiro é um mês de transição entre safras, algumas esmagadoras optaram por realizar as manutenções anuais necessárias, fazendo com que o volume esmagado fosse menor.

Com o maior fluxo na colheita neste mês de fevereiro e, consequentemente, maior disponibilidade do grão, o ritmo de processamento pode aumentar. Apesar disso, este movimento ainda é incerto, uma vez que a margem bruta de esmagamento ainda apresenta média inferior aos últimos cinco anos em Mato Grosso.

Diesel B10 está chegando e a demanda por soja aumentando

Para este mês de março, o Brasil passará a ter no óleo diesel de petróleo, a mistura de 10 % de biocombustíveis não fósseis. Segundo a Abiove, o acréscimo percentual de 8 para 10, representará um incremento na demanda por biodiesel de quase 30 %.

Com a alteração, a demanda passará para quase 6 bilhões de litros de combustível vindo de fontes renováveis, sendo 80 % originário da soja.  Isso representa uma necessidade de produzir cerca de 4 milhões de toneladas de óleo de soja bruto, somente para atender a produção de diesel brasileira neste ano. Além dos ganhos ambientais, estima-se uma economia em divisas na ordem de U$ 2.2 bilhões.

Embora o biodiesel possa ser obtido de diversas espécies vegetais, nenhuma tem condições de produção em grande escala com eficiência igual a sojicultura. Para contribuir com a oferta brasileira, a região do MATOPIBA e Pará produzirá 16.5 milhões de toneladas de soja nesta safra, representando mais de 10 % da produção nacional.

Apesar de um ambiente onde se emprega altas tecnologias no campo, o desafio de elevar produtividades continua presente. A prova são as médias regionais, sendo 54 sacas por hectare na última safra na Bahia, enquanto diversos sojicultores colheram próximo das 100 sacas por hectare.

Dentre os desafios para o sucesso das lavouras, estão a semente e a plantabilidade, disse Celito Missio, Presidente da Aprosem. Para atendermos a demanda crescente por soja, o caminho mais eficiente é a busca por incrementos na produtividade. Neste contexto, uma lavoura bem formada, dará mais segurança para o manejo, de forma a aproveitar ao máximo seu potencial produtivo.

Mercado Interno

Somente nesta terça-feira, as cotações no interior do Brasil subiram entre 0,75% e 6,45% e voltaram a atingir o patamar dos R$ 60,00 por saca em quase todas as principais regiões produtoras do país. Em Ponta Grossa e Castro, ambas praças do Paraná, os preços chegaram a bater em R$ 73,00 e R$ 74,50, respectivamente.

Nos portos, os preços também subiram. Em Paranaguá, a saca  da soja no mercado disponível terminou o dia cotada a R$ 77,00, em alta de 1,32%. Já em Rio Grande, a saca no mercado disponível foi cotada a R$ 76,60, em alta de 1,86%, enquanto para maio/18 foi cotada a R$ 77,70, subindo 1,17%. Em Santos, a alta foi ainda mais expressiva e a saca foi cotada a R$ 76,00.

O consultor Vlamir Brandalizze, ressalta que neste momento em que a colheita caminha com mais ritmo no Brasil, parte dos produtores tem esperado para fechar novas vendas mais adiante, dando preferência à entrega dos contratos já firmados.

Após atingir a maior cotação dos últimos 6 meses, milho fecha em baixa na CBOT

Os contratos futuros do milho negociados na CBOT fecharam em queda. Os principais vencimentos registraram perdas de 1,25 a 2 centavos, com o março/18 cotado a US$ 3,65 ½ e o maio/18 a US$ 3,73 ¾ o bushel.

Segundo a Reuters, os preços subiram e tocaram os patamares mais altos dos últimos seis meses, impulsionados pelas preocupações com o clima na Argentina. As chuvas esparsas registradas no final de semana contribuíram para a continuidade da escassez de umidade, conforme destacam os analistas.

O clima já afetou o desenvolvimento das lavouras em importantes regiões de produção no país. Inclusive, recentemente, os órgãos oficiais reduziram de 41 milhões para 39 milhões de toneladas a estimativa para a safra nesta temporada.

Ainda segundo informações da Reuters, a consultoria argentina Agripac reduziu em 18% a estimativa para a safra de soja, para 47 milhões de toneladas neste ciclo. No milho, a quebra é estimada em 12%, com uma produção de 37 milhões de toneladas.

“Há pouco alívio previsto, já que o clima deve continua seco por mais uma semana a 10 dias”, disse Ax Wedemeyer, um corretor e analista de commodities com base em Iowa. Tobin Gorey, do Commonwealth Bank of Australia, disse que “os meteorologistas esperam chuvas modestas essa semana e que as precipitações não podem fazer mais do que parar a queda nos rendimentos”.

Na visão do consultor Vlamir Brandalizze, o mercado já absorveu parte das perdas na produção da Argentina. A partir de agora o mercado irá acompanhar a safrinha de milho no Brasil e no final do mês temos o reporte da primeira intenção de plantio nos EUA.

USDA: Embarques semanais EUA

Os EUA embarcaram 938.099 toneladas de milho, contra expectativas que oscilavam entre 790.000 e 990.000 toneladas. O volume embarcado no ano comercial é de 16.644.605 milhões de toneladas, abaixo das mais de 24 milhões de toneladas no mesmo período da temporada anterior.

Foram embarcadas também 422.298 toneladas de trigo, enquanto as expectativas do mercado variavam de 300.000 a 570.000 toneladas. Os embarques no ano comercial já somam 17.546.208 toneladas, ligeiramente abaixo do volume do ano passado, que era de pouco mais de 18 milhões de toneladas.

Mercado interno

Segundo levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, em São Gabriel do Oeste (MS), a saca subiu 4,35% e terminou o dia cotada a R$ 24,00.

Em Pato Branco (PR), a alta foi de 4,33%, com a saca cotada a R$ 26,50. Em Campo Novo do Parecis (MT), a alta foi de 2,70%, com a saca cotada a R$ 19,00 e em Tangará da Serra (MT), a saca fechou o dia cotada a R$ 20,00, em alta de 2,56%.

Em Panambi (RS), a saca subiu 2,00%, encerrando o dia a R$ 27,54. Na região de Campinas (SP), a alta foi de 1,45%, com a saca cotada a R$ 35,10.

Os preços ainda permanecem sustentados no mercado doméstico, já que os produtores têm preferido negociar a soja nesse momento. Além disso, a colheita da primeira safra caminha mais lentamente nessa temporada. Até o momento, pouco mais de 35% da safra foi colhida, contra 60% registrado no ano anterior.

E hoje, é o último dia de janela ideal de plantio do milho no Brasil central. De agora em diante começamos a perder o potencial produtivo das lavouras e em torno de 60% da safra ainda precisa ser plantada, disse Brandalizze.

A expectativa é que na próxima semana o tempo melhore, o que se confirmado irá permitir o avanço dos trabalhos nos campos. No caso de Mato Grosso do Sul, o presidente da Aprosoja MS, Juliano Schmaedecke, disse que os agricultores têm até o dia 10 de março para finalizarem os trabalhos de semeadura do grão.

Tudo irá depender do clima de agora em diante. Teremos uma safrinha mais exposta ao risco climático, já que com o cultivo após o dia 15 de março podemos ter perdas na produtividade pelo corte das chuvas e ainda com a possibilidade de geadas entre junho e julho. O milho irá tirar o sono do produtor, disse Schmaedecke.

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