Soja: biotecnologia no controle de plantas invasoras pode garantir mais produtividade no campo

Pesquisador da Embrapa Soja, Fernando Adegas calcula que 95% das áreas de sojicultura no Brasil já utilizam sementes de soja resistentes ao glifosato. Foto: Pedro Crusiol/Divulgação Embrapa
Pesquisador da Embrapa Soja, Fernando Adegas calcula que 95% das áreas de sojicultura no Brasil já utilizam sementes de soja resistentes ao glifosato. Foto: Pedro Crusiol/Divulgação Embrapa

Com o objetivo de aumentar o número de tecnologias disponíveis para os agricultores, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), órgão colegiado responsável pela aprovação de organismos geneticamente modificados (OGM) no Brasil, está analisando novos eventos transgênicos tolerantes a outros herbicidas, ou seja, a utilização da biotecnologia para combater plantas invasoras.

Segundo o pesquisador Fernando Adegas, da Embrapa Soja (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), especificamente relacionados aos herbicidas, hoje no Brasil existem quatro eventos transgênicos de resistência a herbicidas no mercado.

O primeiro confere resistência da soja ao glifosato que, segundo Adegas, já é utilizado em aproximadamente 95% da área cultivada com cultura no País. Os outros três eventos são do algodoeiro, um também de resistência ao glifosato; outro de resistência ao glufosinato;  e outro com resistência aos dois herbicidas na mesma planta.

“Por enquanto, temos essas quatro liberações comerciais. Estão sendo pesquisadas outras culturas transgênicas com resistência a herbicidas, como por exemplo, no caso da parceria Embrapa/Basf, que é o Cultivance, resistente aos inibidores de ALS e outros que estão vindo, como o Sistema Enlist e o sistema DicambaeHPPD”, informa Adegas, que também é conselheiro do Conselho de Informação sobre Biotecnologia (CIB).

NOVOS PRODUTOS

A aprovação de novos produtos, a exemplo das sementes tolerantes aos herbicidas à base de 2,4-D, dicamba, isoxaflutole, de acordo com Adegas, é importante para que os agricultores realizem a rotação de princípios ativos no campo, acrescentando que “isso vai demorar um pouco mais, no entanto já estão chegando em alguns países do mundo”.

O pesquisador esclarece que essa prática evita e/ou retarda o aparecimento de resistência a herbicidas. “A resistência normalmente ocorre devido a processos de seleção de biotipos, pela utilização inadequada, com dosagens erradas ou adoção do mesmo herbicida várias vezes no ano, durante vários anos”, explica.

De acordo com Adegas, a agricultura em grande escala, especialmente em clima tropical, dificilmente seria possível sem a utilização de herbicidas.

“Chove praticamente o ano todo, há grande diversidade de espécies vegetais e as condições são favoráveis ao desenvolvimento e à adaptação de plantas daninhas”, afirma.

Para interromper o ciclo biológico vegetal, principalmente nas áreas extensas de agricultura, o controle químico ainda é necessário, reforça o pesquisador. Ele também salienta que a agricultura praticada em zonas tropicais, ambiente extremamente favorável ao desenvolvimento de pragas e plantas daninhas, deve considerar o uso de defensivos agrícolas como uma das ferramentas fundamentais para a manutenção da competitividade.

Por essa razão, Adegas garante que é essencial que estejam disponíveis diferentes ferramentas para controle, a exemplo de plantas transgênicas tolerantes a diferentes herbicidas, com distintos mecanismos de ação.

Por equipe SNA/SP

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