Soja: Às vésperas do USDA, mercado fecha nas mínimas de 4 meses em Chicago

Os contratos futuros da soja em Chicago voltaram a fechar em baixa, com os principais vencimentos registrando quedas de 4,75 a 5 centavos, com o março/18 cotado a US$ 9,50, com mínima a US$ 9,49, a menor cotação desde 31 de agosto, e o maio/18 a US$ 9,61 o bushel.

Os contratos futuros do farelo também fecharam em baixa, com os principais vencimentos registrando quedas de US$ 2,30 a US$ 3,30 por tonelada curta. O março/18 fechou cotado a US$ 313,10, na menor cotação desde 21 de setembro, e o maio/18 a US$ 316,70.

Segundo o analista Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, ao Notícias Agrícolas, as previsões indicando a possibilidade de melhores condições para a América do Sul nas próximas semanas, principalmente com as chuvas mais volumosas chegando, possivelmente à Argentina, seguem pesando sobre as cotações.

Há locais, segundo os principais modelos climáticos, onde os volumes poderiam chegar a até 50 mm das áreas produtoras argentinas e essas são informações que seguem repercutindo no mercado, retirando, nesse momento, o peso de uma ameaça mais grave à nova safra sul americana, com as perdas na Argentina podendo ser compensadas pela produção brasileira.

Algumas instituições argentinas já indicam uma safra menor do que a inicialmente projetada, como é o caso da Bolsa de Rosario, que baixou suas estimativas de 54.5 para 52 milhões de toneladas.

Expectativas para o USDA

Seguiu ainda o ajuste do mercado antes da divulgação do boletim mensal de oferta e demanda e dos estoques trimestrais do USDA.

Ambos poderiam trazer números maiores para os EUA e pesar mais ainda sobre os preços da oleaginosa na CBOT.

Os estoques trimestrais norte-americanos deverão aumentar de forma significativa em relação aos números de janeiro de 2017, segundo as expectativas do mercado, enquanto os finais poderiam ter um ajuste um pouco mais tímido, mas ainda para cima.

Vendas EUA

Os Estados Unidos venderam 607.400 toneladas de soja na semana encerrada em 4 de janeiro, 28% a menos do que na semana anterior, porém, dentro das expectativas do mercado de 500.000 a 800.000 toneladas. Os chineses, como tradicionalmente acontece, seguem sendo os maiores compradores da oleaginosa americana. Em todo o ano comercial, as vendas americanas de soja totalizam 41.453.900 toneladas, contra mais de 48.2 milhões de toneladas no ano anterior. O USDA estima que as exportações 2017/18 somem 60.560.000 toneladas.

Preços no Brasil

Nesta quinta-feira, os preços voltaram a ceder no mercado brasileiro. As quedas em Chicago e uma nova baixa do dólar criaram as condições propícias para as quedas, com a moeda americana voltando a se aproximar dos R$ 3,20.

Assim, a saca nas principais praças de comercialização caiu de 0,78% a 2,70%, com os preços variando de R$ 54,00 a R$ 70,00.

Nos portos, as quedas foram um pouco maiores. A saca no mercado disponível caiu 1,39% em Paranaguá, para R$ 71,00 e 0,70% em Rio Grande, para os mesmos R$ 71,00. Já a saca da safra nova foi cotada a R$ 70,50 e R$ 72,80, respectivamente, caindo 1,40% e 0,27%.

Estimativas de safra de soja do Brasil apontam colheita perto de recorde

O Brasil deverá colher neste ano uma safra de soja bem próxima à obtida no ciclo anterior, quando o maior exportador global da oleaginosa registrou um volume recorde, de acordo com avaliações de duas consultorias divulgadas nesta quinta-feira.

As revisões para cima nas projeções ocorreram diante de um tempo favorável, com chuvas abundantes, e crescimento de área plantada.

A Agroconsult elevou sua estimativa da safra brasileira 2017/18 para 114.1 milhões de toneladas, contra 111 milhões de toneladas projetadas em novembro.

O volume, embora igual ao recorde de 114.1 milhões de toneladas registrado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 2016/17, ainda fica ligeiramente abaixo das 114.6 milhões de toneladas consideradas pela Agroconsult para o ciclo anterior.

Fatores climáticos ainda podem interferir na produtividade final da safra, cuja colheita apenas começou, disse o diretor da Agroconsult, André Pessôa, nesta quinta-feira.

“A safra de soja foi plantada com muita qualidade… O clima vai determinar o tamanho e a produtividade da soja. Há previsão de chuvas durante o período da colheita… muitos dias chuvosos significam nuvens e pouca luz, prejudicando peso dos grãos”, disse Pessôa a jornalistas, ao lançar a expedição técnica Rally da Safra, que vai avaliar as lavouras brasileiras a campo nos próximos meses.

Além da Agroconsult, a consultoria AgRural elevou mais cedo nesta quinta-feira a sua estimativa para 114 milhões de toneladas de soja, volume superior ao de 112.9 milhões de toneladas estimado em dezembro e bem próximo do de 114.1 milhões de toneladas registrado pela Conab em 2016/17.

Na quarta-feira, a Céleres havia estimado uma safra de soja em 111.8 milhões de toneladas, alta de 1,9% em relação a projeção anterior.

O número da Céleres está mais próximo ao divulgado nesta quinta-feira pela Conab. Ainda assim a consultoria aponta uma safra bem maior do que a estatal, que estimou a produção brasileira em 110.4 milhões de toneladas, versus 109.2 milhões de toneladas esperadas em dezembro.

À espera do relatório do USDA, milho fecha estável na Bolsa de Chicago

Os contratos futuros do milho em Chicago voltaram a fechar estáveis, com os principais vencimentos registrando estabilidade e o março/18, perda de 0,25 centavos. O março/18 fechou cotado a US$ 3,48 ¾ e o maio/18 a US$ 3,57 o bushel.

“Quase toda a atividade no comércio de hoje é um resultado do posicionamento antes do relatório de amanhã”, disse o analista da MaxYield, Karl Setzer, segundo a Reuters.

O USDA divulga nesta sexta-feira (12) o seu boletim de oferta e demanda. E o mercado, espera uma revisão para cima da produtividade das lavouras americanas do ciclo passado.

A produção de milho nos EUA no ciclo 2017/18 é estimada entre 366.64 milhões e 372.46 milhões de toneladas. No último relatório, o USDA estimou a safra norte-americana de milho em 370.3 milhões de toneladas.

Outro número bastante aguardado pelo mercado é dos estoques mundiais. No caso do milho, as estimativas giram entre 198.5 milhões e 205.8 milhões de toneladas. Em dezembro, o número ficou em 204.1 milhões de toneladas.

Vendas EUA

Foram vendidas também 437.700 toneladas de milho, também dentro da expectativa do mercado, que variava de 350.000 a 650.000 toneladas. Nessa última semana, o principal destino do cereal foi o Japão. Com esse volume, o acumulado no ano comercial chega a 27.108.800 toneladas, contra mais de 36 milhões de toneladas no ano anterior.

Os EUA venderam apenas 71.500 toneladas de trigo, volume bem abaixo das expectativas do mercado, que variavam de 250.000 a 450.000 toneladas.

Mercado brasileiro

Segundo pesquisa do economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, em Sorriso (MT), a saca subiu 8,33% e terminou o dia cotada a R$ 13,00. Já em São Gabriel do Oeste (MS), a saca subiu 4,88% e foi cotada a R$ 21,50.

Em contrapartida, em Campinas (SP), a saca caiu 1,47%, cotada a R$ 33,60. No Porto de Paranaguá, a saca para entrega em agosto/18, caiu 1,69%, cotada a R$ 29,00.

Segundo informações da Radar Investimentos, o volume negociado durante essa semana foi maior do que o registrado em semanas anteriores. “Boa parte do mercado ainda está olho no próximo relatório de oferta e demanda do USDA, que será publicado amanhã”, informou em nota.

Estimativas da safra de milho

No caso do milho, que junto com a soja responde por 90% dos grãos cultivados no país, a Conab prevê uma queda de 5,6% na produção total de 2017/18 em relação a 2016/17, para 92.347 milhões de toneladas, com área de 17 milhões de hectares (queda de 2,9%).

A redução na produção esperada ocorre após a soja ter avançado em áreas plantadas com milho na temporada passada, na esteira de preços pouco atrativos do cereal, após uma safra histórica no ano passado, de quase 98 milhões de toneladas.

A previsão da safra de milho da Conab, porém, supera a projetada pela Agroconsult, que estimou 91.6 milhões de toneladas, contra 94.4 milhões de toneladas na previsão anterior e 98.7 milhões de toneladas em 2016/17.

Do total, 26 milhões de toneladas são de milho primeira safra (“verão”) e as outras 65.6 milhões de toneladas, de segunda (“safrinha”), segundo a Agroconsult.

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