Sistema inovador incentiva a sustentabilidade na cadeia da soja

Rodrigo Spuri, coordenador da cadeia de soja da TNC disse que “o Agroideal é mais que um mapa fixo de risco, pois informa também onde estão as oportunidades para que os usuários ponderem os riscos socioambientais e optem por áreas de menor risco ou alternativas de mitigação em regiões de alta oportunidade”. Foto: Divulgação

 

Uma ferramenta inovadora do agro irá auxiliar companhias do setor de soja a tomar decisões com foco em sustentabilidade, como forma de evitar impactos negativos no meio ambiente.

O sistema Agroideal foi implementado por uma coalizão inédita de empresas do agronegócio, ONGs ambientais, bancos e instituições de pesquisa, sob a coordenação da The Nature Conservancy (TNC), com o apoio financeiro da Bunge e da Fundação Gordon and Betty Moore, que liberou os recursos para viabilizar o projeto. Os investimentos totais para desenvolver o programa voltado para a cadeia da soja no Cerrado são da ordem de US$ 1,7 milhão de dólares.

“A ferramenta permite fazer escolhas com base em informações socioambientais mais qualificadas. Busca suportar o processo de tomada de decisão das empresas e não ser o ‘tomador de decisão’ em si”, explica Rodrigo Spuri, coordenador da cadeia de soja da TNC.

 

NOVO OLHAR

Segundo ele, a ideia de criar esse sistema – que é aberto e gratuito – nasceu da necessidade dos setores de sustentabilidade das tradings, responsáveis por garantirem o cumprimento dos compromissos socioambientais, de terem um olhar inovador para os planos de expansão e origem das empresas. “Isso é possível ao incluir indicadores regionais de sustentabilidade relacionados aos compromissos já estabelecidos, ou outros que a empresa queira assumir”, afirma Spuri.

Além disso, na visão do coordenador da TNC, “o Agroideal é mais que um mapa fixo de risco, pois informa também onde estão as oportunidades para que os usuários ponderem os riscos socioambientais e optem por áreas de menor risco ou alternativas de mitigação em regiões de alta oportunidade”.

Spuri cita como principais diferenciais do sistema a capacidade de facilitar a integração dos compromissos ambientais e sociais na compra e investimento em infraestrutura; integrar, em uma mesma plataforma, informação e ferramentas essenciais para a tomada de decisão sobre uso da terra; incluir mapas inéditos para o setor; permitir a avaliação de impacto dos compromissos sociais e ambientais sobre o planejamento do negócio e favorecer a avaliação e a comparação de diferentes cenários de sustentabilidade.

 

EXPANSÃO

A princípio, a ferramenta virtual vai abranger somente o bioma Cerrado, mas até o fim do ano contará também com dados para a Amazônia brasileira e, em 2018, para o Chaco argentino e o paraguaio. A plataforma também pretende se expandir para um sistema semelhante ao da cadeia da pecuária, nesses mesmos biomas, mas a ideia ainda está em fase inicial de execução.

“Para a expansão da pecuária, o sistema irá inovar ao trazer dados importantes para a intensificação sobre pastagens já abertas, incluindo o grau de degradação dessas áreas e estratégias de reaproveitamento de acordo com o grau de perturbação”, salienta o coordenador da TNC.

 

AÇÃO CONJUNTA

Ele afirma que Brasil precisa investir mais em produtividade e sustentabilidade e cita algumas iniciativas da organização ambiental nesse contexto, entre elas, o projeto “Pecuária Sustentável: do Campo à Mesa”, que a TNC desenvolve em São Félix do Xingu, no sudeste do Pará. “O programa contribuiu para que as propriedades participantes elevassem a produtividade em mais de 50%, sem a abertura de novas áreas de floresta, por meio da adoção de técnicas relativamente acessíveis, como a rotação de pastos e as práticas de bem-estar animal”, diz Spuri.

Em Mato Grosso, junto a empresas do setor, prefeituras e sindicatos, a TNC incluiu milhares de hectares no Cadastro Ambiental Rural (CAR), o que tem contribuído para que os produtores possam se adequar ao Código Florestal, ao mesmo tempo em que expandem a produção.

O próprio sistema Agroideal integra o projeto CFA (Colaboração Florestas e Agricultura), outra ação considerada inovadora no campo. Neste caso, três das principais organizações ambientais do mundo (NWF,WWF e TNC) atuam juntas para apoiar empresas das cadeias de soja e carne no desenvolvimento e na implementação de compromissos com o desmatamento zero.

De acordo com Spuri, para que essas iniciativas ganhem escala, “é preciso que governos, produtores e setor privado trabalhem juntos na disseminação de informação, no apoio técnico, no crédito que viabilize o investimento na agricultura de baixo carbono e na geração de oportunidades econômicas sustentáveis para o produtor familiar”.

 

Foto da capa: Rafael Araújo

 

Por equipe SNA/Rio

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