Sistema de rastreabilidade avança nas lavouras

Banana, laranja e uva são as principais culturas que passam pelos processos de certificação do Instituto Mineiro de Agropecuária (Ima)
Banana, laranja e uva são as principais culturas que passam pelos processos de certificação do Instituto Mineiro de Agropecuária (Ima)

 

Com o aumento nos riscos às lavouras causados por pragas ou problemas fitossanitários, cresce a aplicação de métodos de rastreabilidade nos produtos agrícolas, com o intuito de garantir a segurança alimentar.

A rastreabilidade é possibilidade de o consumidor conhecer os antecedentes dos produtos e identificar os possíveis perigos à saúde a que foram expostos durante a sua produção e distribuição. Geralmente, esses registros permitem identificar até mesmo a origem das matérias-primas e dos insumos utilizados no processo produtivo.

O gerente de defesa vegetal do Instituto Mineiro de Agropecuária (Ima), Nataniel Diniz Nogueira, afirma que a entidade é responsável pela emissão do Certificado Fitossanitário de Origem (CFO) e o Certificado Fitossanitário de Origem Consolidado (CFOC), documentos oficiais que comprovam sanidade da origem de um produto agrícola com o objetivo de prevenir a disseminação de pragas dentro do estado.

Banana, laranja e uva são as principais culturas que passam pelos processos de certificação do instituto mineiro.

“Treinamos engenheiros agrônomos que farão o acompanhamento dos agricultores nas lavouras. Esses profissionais são habilitados para a emissão do certificado CFO. Caso haja algum tipo de problema fitossanitário, eles não podem emitir”, diz.

Após esta primeira certificação, o Ima fiscaliza o destino que a produção segue através da Permissão de Trânsito Vegetal (PTV). Só mediante este documento o alimento pode ser enviado para outros estados.

“A rastreabilidade está presente neste processo porque sabemos que a carga saiu de Minas Gerais, onde e por quem foram emitidos os certificados, em qualquer estado que o produto esteja”, enfatiza Nogueira.

Com relação aos custos, o gerente explica que o engenheiro agrônomo que vai a campo recebe honorários dos agricultores de acordo com o serviço que foi prestado. Além disso, PTV é emitido direto no instituto onde é cobrada uma taxa em torno de R$ 26 para uma carga de 15 toneladas.

No Paraná ocorre um processo semelhante, porém, a entidade responsável pela emissão das certificações é a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). Lá, uva, maçã, pera, pêssego, laranjas, tangerinas, limões, banana, abacate e maracujá passam pelos processos de identificação.

“Se no CFO a parte técnica lida diretamente com os produtores, no CFOC, os engenheiros certificam a produção que vem em lotes, em nível de cooperativas por exemplo”, completa o gerente de sanidade vegetal da agência, Marcílio Martins.

Segundo o gerente da Adapar, existem dois tipos de acompanhamentos feitos para a defesa dos alimentos na região: um para identificação de doenças e pragas e outro para a avaliação de resíduos agrotóxicos.

“Acabamos fazendo a fiscalização de resíduos agrotóxicos, mas contamos com a colaboração do Ceasa (Centrais de Abastecimento do Paraná) neste processo”, diz Martins.

 

TOMATE RASTREADO

Produtores de tomate sweet grape se utilizam da rastreabilidade para agregar valor e garantir a segurança alimentar às lavouras. É o caso de Eduardo Matumoto, do município paulista de Biritiba Mirim, que participa do sistema integrado para identificação de produtos, gerido pela empresa de sementes e hortaliças Sakata, e pretende dobrar sua produção nos próximos dois anos.

“Atualmente tenho dez mil pés de tomate na produção em estufas, todas identificadas. Todo o ciclo da planta é registrado de maneira informatizada e separado por lotes. Assim, o produto chega ao supermercado e o consumidor consegue saber onde e o como foi produzido. Identificar os produtos desta forma não aumenta meus custos de produção e faz com que meu produto seja diferenciado”, afirma o agricultor.

O coordenador de novos negócios da Sakata, Marcio Jampani, explica que com a rastreabilidade é possível, por exemplo, em um recall, identificar o que causou a devolução de determinado lote e para onde foram enviados esses produtos contaminados. “No entanto, o grande progresso que se tem com a rastreabilidade é poder conhecer melhor o negócio, coletar informações para facilitar a gestão e conquistar a manutenção de mercados”, completa.

Matumoto conta que a variedade de tomate sweet grape já atende a um mercado específico, por isso decidiu aderir aos processos da Sakata.

“A sistemática da rastreabilidade deve ser aplicada por todos os envolvidos na cadeia produtiva, com o princípio ’um passo à frente, um passo atrás’, permitindo a identificação”, diz Jampani.

 

Fonte: DCI

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