Sistema de monitoramento pode reduzir uso de água na irrigação em até 30%

Com sondas (hastes com sensores integrados) instaladas na plantação e uma plataforma online, sistema monitora a temperatura e a umidade do solo em até três níveis de profundidade. Foto: Divulgação
Com sondas (hastes com sensores integrados) instaladas na plantação e uma plataforma online, sistema monitora a temperatura e a umidade do solo em até três níveis de profundidade. Foto: Divulgação

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) estima que a atividade agropecuária é a principal responsável pelo uso da água.  Cerca de 70% da água consumida no mundo é utilizada na irrigação das lavouras e, no caso do Brasil, esse percentual alcança 72%. Se considerar que normalmente o consumo de água na irrigação é 20% a 30% superior ao necessário, e levando em conta que o País ainda passa por uma crise hídrica sem precedentes, o uso racional desse insumo é uma exigência.

Nesse cenário, uma das saídas é a utilização de ferramentas que auxiliem o produtor a reduzir o consumo, como o uso de sensores. Um exemplo é o Sistema de Monitoramento da Sencer, que reduz o desperdício do insumo em 30%, resultado da parceria entre o CDMF (Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais) da UFSCAr (Universidade Federal de São Carlos), a Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara e a empresa Sencer.

Segundo Sonia Maria Zanetti, pesquisadora do Instituto de Química da Unesp de Araraquara (SP), os experimentos para o desenvolvimento do aparelho começaram em 2007, com um projeto de pesquisa financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

“Na fase 1, verificamos a viabilidade da ideia e, a seguir, na etapa seguinte, fizemos o aperfeiçoamento do sistema sem fio, finalizado recentemente”, conta. “Desenvolvemos um sistema completo, composto por uma unidade de recepção de dados (central); quatro pontos de leitura (sondas e unidades de transmissão sem fio) para distribuir na fazenda, além de um software online para visualização e análise dos dados.”

Conforme explica a pesquisadora, por meio de sondas (hastes com os sensores integrados) instaladas na plantação e uma plataforma online, o sistema monitora a temperatura e a umidade do solo em até três níveis de profundidade. Simultaneamente, coleta os dados e os envia para a plataforma online, que permite ao produtor acessar e tomar decisões relacionadas ao manejo da irrigação da cultura, contribuindo para diminuir os gastos com energia elétrica e, consequentemente, aumentar a produtividade.

“Com o conhecimento adquirido através da utilização de sensores, o produtor tem ferramentas para fazer um manejo mais preciso da irrigação, o que pode minimizar o desperdício de água e energia elétrica em até 30%”, avalia.

Pesquisadora do Instituto de Química da Unesp de Araraquara (SP), Sonia Maria Zanetti explica que “por meio da utilização de inteligência artificial, o sistema permite fazer análises avançadas do solo e do plantio, com base em históricos de dados, tendências e estatísticas, fornecendo ao produtor maior segurança e otimização no manejo da irrigação”. Foto: Divulgação
Pesquisadora do Instituto de Química da Unesp de Araraquara (SP), Sonia Maria Zanetti explica que “por meio da utilização de inteligência artificial, o sistema permite fazer análises avançadas do solo e do plantio, com base em históricos de dados, tendências e estatísticas, fornecendo ao produtor maior segurança e otimização no manejo da irrigação”. Foto: Divulgação

DADOS CLIMÁTICOS

O sistema é integrado com dados climáticos disponíveis, como previsão do tempo, índices pluviométricos, temperatura e umidade do ar, velocidade e direção do vento. “Por meio da utilização de inteligência artificial, é possível fazer análises avançadas do solo e do plantio, com base em históricos de dados, tendências e estatísticas, fornecendo ao produtor maior segurança e otimização no manejo da irrigação”, garante a pesquisadora.

A distância entre a unidade de transmissão e a unidade de recepção pode chegar a 5 km, desde que não haja grandes obstáculos entre elas. “Caso a área monitorada seja muito grande, é possível instalar unidades repetidoras do sinal”, explica Sonia.

De acordo com Valdir Pavan, diretor da Sencer, já há unidades instaladas nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo. Além disso, recentemente, foram firmadas parcerias para distribuição em Pernambuco e Rio Grande do Sul.  Segundo ele, o produtor pode instalar o sistema, por meio de um contrato de locação, e utilizá-lo durante um ano para verificar a sua funcionalidade para, depois, optar pela compra.

Por equipe SNA/SP

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