Setor de alimentação animal deve fechar ciclo com aumento de 2%

Ariovaldo Zani
Vice-presidente executivo do Sindirações, Ariovaldo Zani afirma que os itens mais pressionaram os custos do setor de alimentação animal foram os aditivos importados, indexados ao dólar, além dos altos preços do milho do farelo de soja. Foto: Divulgação

O setor de alimentação animal registrou, em 2015, um leve aumento em sua produção, de acordo com balanço prévio do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). A expectativa do órgão é de alcançar 66,3 milhões de toneladas de ração, ante 65 milhões de 2014, um crescimento de 2%. Já para o sal mineral, a previsão é de 2,43 milhões de toneladas em 2015, ante 2,37 milhões de toneladas do ano anterior.

“O efeito da desvalorização do real sobre os preços brasileiros e sobre as matérias-primas utilizadas na alimentação de aves, suínos, bovinos de corte e leite elevou os preços agropecuários no atacado e prejudicou as finanças das empresas”, afirma Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo do Sindirações.

Segundo ele, os itens que mais pressionaram o setor foram os aditivos importados e indexados ao dólar; o milho, cujo preço/tonelada, em real, aumentou 24% entre janeiro e novembro; e o farelo de soja, cujos preços subiram 31%, apesar da redução no custo global da alimentação animal, por causa do recuo de 5% do valor em dólares do cereal e de 17% no farelo da oleaginosa.

“O real fraco e a volatilidade prejudicaram as empresas brasileiras que comercializam seus produtos no mercado interno, caso de muitos produtores independentes de frangos, ovos, suínos, leite, etc., que precisam de crédito e de maior capital de giro, necessários ao pagamento de insumos e de energia elétrica, cujos preços subiram muito”, comenta Zani.

O presidente do Sindicato, no entanto, afirma que as agroindustriais, integradoras brasileiras e empresas que exportam farelo de soja, milho e carnes foram favorecidas pela desvalorização do câmbio que, em parte, compensou a queda dos preços internacionais de algumas commodities.

“O possível enxugamento monetário americano, em 2016, poderá pressionar ainda mais o real, o que estimulará a inflação e o aumento da taxa de juros, internamente, embora o dólar valorizado venha favorecer a competitividade dos produtos agropecuários exportados pelo País.”

 

AVES

Segundo o Sindirações, o setor de frangos de corte absorveu 32,4 milhões de toneladas de rações em 2015, um aumento de 3,5%, enquanto o alojamento de pintainhos cresceu 4,7% até setembro. A capacidade de compra do consumidor doméstico diminuiu, por causa da retração econômica, motivo pelo qual a carne de frango substituiu crescentemente a carne bovina.

A desvalorização do real frente ao dólar e os episódios de gripe aviária em países exportadores favoreceram os embarques brasileiros de carne de frango ao exterior, que até dezembro alcançaram 4,304 milhões, 5% acima do total obtido em 2014.

A produção de rações para galinhas de postura, por sua vez, totalizou 5,5 milhões de toneladas, um retrocesso de 4,5%, em decorrência da queda da capacidade de compra do consumidor e da diminuição do alojamento de pintainhas.

 

GADO DE CORTE

Em 2015, a arroba do boi manteve-se valorizada e o preço da carne bovina levou o consumidor doméstico a optar por proteína mais acessíveis, caso do frango e do suíno. O alto custo da reposição de boi magro e, principalmente, o descompasso entre a oferta e demanda de bezerros, comprometeram os projetos de confinamento e semiconfinamento.

Conforme Zani, como consequência, o setor absorveu 2,7 milhões de toneladas de rações (aumento de 2,2%) e pouco mais de 2,4 milhões de toneladas de sal mineral, apesar do câmbio mais competitivo, da abertura do mercado norte-americano, Arábia Saudita, África do Sul e Iraque, da retomada dos embarques para o Japão e a China, além da ampliação dos embarques para outros destinos tradicionais.

 

GADO DE LEITE

Fatores climáticos sazonais (estiagem, baixa temperatura e luminosidade) contribuíram para a queda da produção de rações para gado leiteiro, estimada em 5,3 milhões de toneladas, um retrocesso de quase 2%.

“O custo de produção do leite manteve-se em alta, por conta do aumento da energia elétrica, combustíveis, fertilizantes e outros insumos cotados em dólar. Ao mesmo tempo, a diminuição do preço do leite pago aos produtores reduziu a margens de lucro e forçou muitos deles a secar as vacas com antecedência para redução dos custos e melhorar a produtividade”, justifica Zani sobre a queda da demanda por rações.

 

SUÍNOS

A recuperação das exportações da carne suína e a maior procura do consumidor por causa do alto preço da carne bovina estimularam os abates, apesar de o mercado de animais vivos ter permanecido enxuto. A demanda estimada por ração, por sua vez, respondeu também ao aumento no peso de abate e totalizou 15,7 milhões de toneladas durante 2015, aumento de 3% comparado ao ano anterior.

Fonte: Sndirações

Fonte: Sndirações

 

PEIXES E CAMARÕES

A demanda de rações para peixes e camarões alcançou 940 mil toneladas, uma evolução de 10%. Segundo o Sindirações, apesar da estiagem, que comprometeu diversos reservatórios, a cadeia produtiva da aquicultura foi favorecida pelo avanço no povoamento de tilápias e pela produção mais intensiva de camarões, além da mobilização de áreas de baixa salinidade. “O déficit na oferta global de camarões, por causa dos problemas de sanidade na Ásia, renovou a oportunidade futura para retomada das exportações do produto brasileiro”.

 

CÃES E GATOS

Segundo o Sindirações, em razão do aumento da inflação e do desemprego, o consumidor reduziu as compras de itens básicos para cães e gatos (artigos de limpeza e higiene, bebidas, rações e outros alimentos), assim como a demanda por serviços (restaurantes, cabeleireiro, banho e tosa, etc.). Em razão deste cenário, o consumo de alimentos para cães e gatos recuou cerca de 2% e alcançou cerca de 2,4 milhões de toneladas.

 

Por equipe SNA/SP

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