São Paulo recebe Bio Brazil Fair, maior feira de orgânicos da América Latina

Ming - divulgação
Ming Liu, da Organics Brasil: empreendedores do setor têm como ideais os valores de ética, sustentabilidade e respeito ao meio ambiente

 

 

Com um crescimento anual na faixa de 25% a 30%, apontado pelo setor varejista, o Brasil está se consolidando como um importante mercado consumidor de orgânicos, puxado mais pela demanda interna do que pelas exportações. A análise é de Ming Chao Liu, coordenador executivo do IPD Organics Brasil, que estima o faturamento do setor em R$ 2 bilhões, em 2014, ante R$ 1,5 bilhão, no ano passado. Já o mercado mundial, faturou US$ 64 bilhões e vem trabalhando com taxas anuais de crescimento de 7% a 9%. Segundo Liu, este número pode chegar a dois dígitos, ao fim deste ano, se o mercado americano, que representa pouco mais de 52% do total global, continuar com o ritmo de expansão de 11%, observado até o momento.

De acordo com o coordenador executivo do IPD, as tendências em inovação, certificação e sustentabilidade do mercado de orgânicos podem ser verificadas na Bio Brazil Fair | Biofach America Latina, mostra que será realizada de 4 a 7 de junho, na capital paulista, na Bienal do Ibirapuera.

“É o evento de maior representatividade do setor, uma oportunidade de conhecer quem produz, quem comercializa e quem consome”, define Liu.

“A Bio Brazil Fair se consolidou como uma feira de negócios voltada para lojas e varejos especializados, aberta ao público apenas um dia”, afirma Abdala Jamil Abdala, presidente da Francal, empresa organizadora do evento.

“A feira vem crescendo ano a ano e, embora esteja compactada, por causa do espaço, representa um grande instrumento de geração de negócios, além de ter uma função importante na divulgação do setor”, comenta, lembrando que a mostra fica atrás apenas das feiras de Nuremberg (Alemanha) e Bolonha (Itália).

 

CI ORGÂNICOS DA SNA

O Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos) da Sociedade Nacional de Agricultura participa da Bio Brazil Fair/Biofach América Latina, com um estande de 25m². Dr. Sérgio Carrano, advogado especializado em direito do consumidor e que atua no direito civil e empresarial há mais de 30 anos, vai acompanhar a SNA durante o evento. Carrano é autor de cartilhas e livros, e palestrante em eventos no Brasil e no exterior e dirige uma consultoria especializada em consumo sustentável, com foco na regulamentação de produtos orgânicos.  

Um grupo de cinco empresas associadas à rede OrganicsNet vão expor produtos e apresentar os lançamentos no estande da SNA. São elas: Cassiopéia, Ecobras, Preserva Mundi, Engenho Novo Alimentos e Rudá.

A Cassiopéia, de São Paulo, vai apresentar as linhas Veraloe (fitocosméticos naturais para o tratamento facial, corporal e capilar, que utiliza matérias primas 100% vegetais, e livre de sintéticos), à base de Aloe Vera (babosa), e a BioWash, que tem como destaque o primeiro detergente para louças e limpeza geral, 100% natural, à base de óleos vegetais saponificados de fontes renováveis do Nordeste.

A Ecobras, do Rio de Janeiro, vai mostrar produtos  à base de soja orgânica, entre eles, tofu e hambúrgers, além da sobremesa de chocolate DeliSoy.

A Preserva Mundi, do Pará, vai divulgar seus produtos à base de Neem e Noni. O Neem (Azadirachta indica) possui muitas propriedades medicinais: é antisséptico, antiviral e anti-inflamatório, com ação contra acne, alergias, micoses, anticaspa, queda de cabelo, além de repelente natural contra pragas e insetos, e no armazenamento de alimentos e grãos. Já a fruta Noni (Morinda citrifolia) possui alto valor nutricional e propriedades antioxidantes, que ajudam na renovação das células e estimulam as defesas do organismo.

A Engenho Novo Alimentos, do Rio de Janeiro, especializada em produtos integrais orgânicos, como pães especiais, vai aproveitar a feira para mostrar seu novo lançamento: uma linha de biscoitos, rico em fibras, nos sabores de quinua e aveia, cúrcuma, ervas finas e gergelim.

A Rudá, também do Rio de Janeiro, vai apresentar novidades em bolos e biscoitos e lançará minibolos nos sabores de chocolate com baunilha e chocolate com laranja, e ainda madeleine e pão de mel com recheio de doce de leite.

 

SETOR EMERGENTE

De acordo com Abdala, embora seja um setor emergente, no Brasil ainda não existe a cultura de consumo de orgânicos.

 

Abdala Jamil Abdala, presidente da Francal Feiras
Abdala Jamil Abdala, presidente da Francal Feiras, diz que se observa a tendência de industrialização do setor no Brasil

 

 

“O setor tem muito espaço para crescer no País e os produtos, em sua maioria, são primários, como verduras, frutas, legumes, cafés, arroz, mas já se observa tendência de industrialização, que é o grande nicho desse mercado”, destaca e lembra que há um estigma de que os orgânicos são mais caros que os produtos convencionais. “Porém, à medida que o consumo está aumentando, o custo diminui e já está bem próximo dos convencionais, sem falar dos benefícios que esses produtos oferecem para a saúde”, argumenta.

“Infelizmente, o mercado é orientado pela variável preço-custo e, no caso dos orgânicos, essa condição é o maior fator limitante, na medida em que estes são, por escala, mais caros, ou pelo menos o consumidor tem essa percepção como maior barreira”, completa Liu, que também atrela a evolução do mercado de orgânicos à demanda por produtos saudáveis e sustentáveis, que proporcionem maior segurança no consumo, além da conscientização sobre a importância de melhorar a qualidade de vida.

“Há também a questão da regulamentação que estabeleceu, a partir de 2011, um selo oficial nacional para todos os produtos comercializados, além de definir regras de mercado, aumentando o interesse de grandes empresas, especialmente multinacionais, que investem apenas em economias e atividades formalizadas”, observa o coordenador executivo do IPD.

“Por ter uma regulamentação relativamente nova, o setor carece de um programa de sensibilização e educação para o consumo desses produtos.”

De acordo com Liu, o setor é formado principalmente por empreendedores individuais que têm como ideais os valores de ética, sustentabilidade e respeito ao meio ambiente, em sua maioria produtores empresários que participaram inicialmente no setor primário (agricultura) e que passaram a investir na agregação de valores.

“Basicamente, são pequenos e médios agricultores e empreendedores, envolvendo produtores primários e um menor número de empresas processadoras.”

Os últimos dados do Ministério da Agricultura dão conta de que o Brasil possui aproximadamente 6.720 produtores e 10.064 unidades produtivas certificados, o que inclui associações, grupo de produtores, cooperativas e arranjos locais.  Deste total, 2096 unidades produtivas e 393 produtores estão certificados para atender ao mercado internacional.

Por Equipe SNA/SP, com colaboração da Equipe SNA/RJ

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp