Safrinha recorde de milho não garante rentabilidade maior ao produtor rural

Vice-presidente da SNA, Hélio Sirimarco afirma que, “a queda de braço entre compradores e vendedores travou o mercado de milho brasileiro”. Foto: Arquivo/SNA

O aumento da área plantada e as excelentes condições climáticas fizeram com que a segunda safra de milho, a safrinha, que já começou a ser colhida, alcançasse recorde de produção. Uma estimativa divulgada em maio, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), indica uma produção em campo de 62,68 milhões de toneladas e uma safra total de milho (inverno e verão) de 92,83 milhões de toneladas.

A última pesquisa da Reuters, realizada com 17 analistas e instituições representativas do setor, estima uma segunda safra de 63 milhões de toneladas, superando em 55% o volume colhido em 2016. Segundo o mesmo relatório, a soma da primeira e segunda safras aponta para um recorde de 93,2 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 40% em relação à temporada de 2015/16.

Já a Agroconsult prevê uma safra total perto de 100 milhões de toneladas. No entanto, o atual cenário não significa que o produtor terá mais dinheiro no bolso. É o que afirma o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) Hélio Sirimarco.

“De acordo com dados da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás e a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás, a grande produção derrubou os preços da safra 2016/17 a ponto de, em muitos casos, não cobrir sequer os custos de produção”, destaca.

Em comparação a 2016, o quadro era bem diferente. Apesar de um início otimista, a safrinha foi bastante afetada por chuvas irregulares nas principais regiões produtoras do grão, derrubando as previsões à medida que a colheita se aproximava.

 

VALOR DAS EXPORTAÇÕES

Diante da grande oferta, o preço do milho já registra um forte recuo. “A queda de braço entre compradores e vendedores travou o mercado de milho brasileiro. Por um lado, os vendedores estão reticentes em aceitar preços abaixo dos pedidos e os compradores ainda estão retraídos e aguardam a chegada ao mercado da segunda safra”, analisa Sirimarco.

Levando em conta o excedente da produção, o vice-presidente da SNA acredita que “as exportações são importantes para enxugar o mercado doméstico nesta temporada, embora o dólar ainda seja uma incógnita”.

Até o momento, no acumulado entre janeiro a abril deste ano, os embarques do cereal totalizam 2,33 milhões de toneladas. “Além da questão cambial, os produtores brasileiros ainda precisarão enfrentar a competição de países como os Estados Unidos e Argentina”, observa o executivo.

 

EXPECTATIVA

Estimativas da Conab também indicam que o aumento da área plantada – um dos fatores que contribuíram para a safrinha recorde – deve superar os 11,7 milhões de hectares, o que representa um aumento de 10,8% em relação à safra anterior.

Segundo analistas, a expectativa é de que aconteça uma boa recuperação na produtividade, após o baixo rendimento na última safra. A estimativa da Conab, em seu relatório de maio, é de que a produtividade alcance os 5.347 quilos por hectare contra 3.859 kg/ha na safra anterior.

 

SEMENTES TRANSGÊNICAS

Em relação ao uso de sementes de milho geneticamente modificadas, a consultoria Céleres indica que o plantio de transgênicas, na safra de inverno, alcançou 91,8% da área total semeada ou 10,4 milhões de hectares, um aumento de 15,4% em relação à temporada passada.

No caso do milho de verão, a área total plantada com sementes transgênicas foi de 5,3 milhões de hectares, com aumento de 16,2% em relação à safra 2015/16. Desta forma, as sementes transgênicas de milho no Brasil responderam, na safra 2016/17, por 88,4% da área plantada.

 

Por equipe SNA/RJ

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