Safra de soja 2014/15: ‘Será um período de muito aperto’, afirma diretor da SNA

“Com um custo total desta safra de R$ 2.404,47 por hectare, perdas ou possibilidade de ressemeadura não são algo que o produtor deseja e nem pode pensar em ter", afirma Helio Sirimarco, diretor da SNA.
“Com um custo total desta safra de R$ 2.404,47 por hectare, perdas ou possibilidade de ressemeadura não são algo que o produtor deseja e nem pode pensar em ter”, afirma Helio Sirimarco, diretor da SNA.

 

A imprensa divulgou esta semana que o baixo volume de soja comercializada de forma antecipada e as perspectivas de menor rentabilidade previstas para a safra 2014/15 no Brasil, que começa a ser plantada, deverão reduzir o ímpeto de investimento dos produtores e impactar indústrias como as de maquinário e de armazenagem nos próximos meses. Para o diretor da Sociedade Nacional de Agricultura, Helio Sirimarco, “será um período de muito aperto, para evitar qualquer tipo de investimento”.

Segundo Sirimarco, “nos últimos dias, mesmo com o dólar batendo a maior cotação em mais de seis meses, os negócios seguem travados, devido aos preços oferecidos. Cerca de 10% da safra 2014/15 está comercializada antecipadamente, contra 25% das vendas da safra 2013/14 um ano atrás e 22% da média histórica para o período”.

Um estudo da consultoria Agroconsult indicou que o lucro dos produtores de soja na safra 14/15 não será suficiente para manter o nível de investimento planejado. “Em outras palavras, eles terão de recorrer ao mercado financeiro ou às suas poupanças para cobrir cerca de dois bilhões de reais em investimentos”, afirma o diretor da SNA.

De acordo com a Agroconsult, em 2013/14, com margens mais folgadas e preços melhores, o saldo após investimentos foi positivo em mais de R$ 4 bilhões. Em 2012/13, o resultado positivo havia sido de quase R$ 11 bilhões.

MERCADO AMERICANO

“Contudo, essa situação não acontece só no Brasil”, garante Sirimarco. “Na medida em que a colheita nos Estados Unidos avança e reforça as perspectivas de safra recorde, os produtores americanos começam a vislumbrar uma temporada de vacas mais magras, após um ciclo de lucros recorde nos últimos quatro anos. Desde o começo do ano, quando o plantio começou a ser planejado, os preços da soja têm enfrentado uma forte desvalorização e muitos agricultores do país já compartilham com seus pares brasileiros o temor de uma rentabilidade menor em 2014/15, em alguns casos, até mesmo negativa”, destaca o diretor da SNA, acrescentando que “na última safra, a margem dos produtores americanos com a soja girou em torno de 30%”. Neste ano, segundo ele, “com certeza, haverá uma bela deterioração da renda do produtor”.

PERSPECTIVAS

Em relação ao Brasil, Sirimarco, ao mencionar dados recentes do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), observa que o plantio da safra 2014/15 teve início de forma cautelosa em Mato Grosso, com 25 mil hectares semeados, e com os produtores aguardando o aumento nos volumes de chuvas para aumentar o ritmo.
“Com um custo total desta safra de R$ 2.404,47 por hectare, perdas ou possibilidade de ressemeadura não são algo que o produtor deseja e nem pode pensar em ter. Hoje, com este custo e produtividade média aguardada em 52,40 sacas por hectare, os preços de paridade para março de 2015 próximos a R$ 37,50 por saca tornam a lucratividade desta safra inexistente”, admite.

Segundo Sirimarco, apenas o custo com os insumos – de R$ 1.458,71 por hectare – poderia ser pago a estes preços. “Os produtores aumentarão o ritmo da semeadura a partir de outubro, com expectativa de que as chuvas aumentem. Caso esta previsão não se confirme, a semeadura pode apresentar atraso devido aos receios de elevação no custo de produção em caso de possíveis perdas que impliquem gastos extras.”

EXPORTAÇÕES

Quanto ao mercado externo, dados divulgados esta semana pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que o Brasil já exportou 44 milhões de toneladas de soja em 2014 – um volume muito próximo ao estimado pela indústria para o ano inteiro (contabilizando embarques até a terceira semana de setembro). Recentemente, a Abiove previu exportações de 45 milhões de toneladas da oleaginosa neste ano – um volume recorde.
“Com a disponibilidade do produto reduzida, após as exportações aceleradas em meses anteriores, o ritmo de embarques em setembro está abaixo do registrado um ano atrás”, afirma do diretor da SNA.

PAINEL GLOBAL

Projeções da Oil World para a produção mundial de soja preveem um aumento de 4,3% na temporada 2014/15, com recorde de 519.7 milhões de toneladas, contra 498.2 milhões da safra 2013/14.
De acordo com a consultoria, esse crescimento é proporcionado por projeções maiores para as colheitas de soja do Brasil e dos Estados Unidos. A Oil World estimou a produção mundial em 310.8 milhões de toneladas, contra as 306.7 milhões registradas no mês passado. No ciclo 2013/14, os sojicultores colheram 285.2 milhões de toneladas.

Equipe SNA/RJ

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