Safra de grãos 2014/15 bate recorde de 209,5 milhões de toneladas

Helio Sirimarco, vice-presidente da SNA: "Bom desempenho foi resultado das excelentes condições climáticas que permitiram uma alta produtividade, especialmente da segunda safra do milho"  FOTO - Divulgação/SNA
Vice-presidente da SNA, Helio Sirimarco diz que o “bom desempenho (da safra 2014/15) foi resultado das excelentes condições climáticas que permitiram uma alta produtividade, especialmente da segunda safra do milho”. Foto: Divulgação SNA

A safra brasileira de grãos bate mais um recorde. Em 2014/15 foram 209,5 milhões de toneladas, ou seja, 15,9 milhões de toneladas a mais que a safra 2013/2014, registrando um aumento de 8,2%. Os dados foram divulgados recentemente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A soja e o milho safrinha garantiram o saldo positivo. Vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Helio Sirimarco explica que o bom desempenho foi resultado “das excelentes condições climáticas que permitiram uma alta produtividade, especialmente da segunda safra do milho, apesar da redução da área plantada em comparação a 2014”.

No caso da soja, o aumento foi de 11,8 %, chegando a 96.2 milhões de toneladas. Quanto ao milho, foram 54.5 milhões de toneladas, com um aumento de 12, 6% em relação à safrinha anterior.

TRIGO: BOAS PERSPECTIVAS

O vice-presidente da SNA estima que, apesar das condições climáticas desfavoráveis durante o desenvolvimento das lavouras de trigo no Brasil em 2015, a produção do cereal pode chegar a 7.07 milhões de toneladas, o que seria um recorde, de acordo com as estimativas da Conab.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), mesmo com a oferta nacional crescente, a possível necessidade de compra de trigo fora do Mercosul e o dólar elevado mantêm os preços internos firmes.

No campo, produtores consultados pelo Cepea estão preocupados com as expressivas chuvas da semana passada e com a queda da temperatura nos últimos dias e seus impactos sobre a produtividade e qualidade do cereal no campo.

Tanto no Paraná quanto no Rio Grande do Sul, ainda há um percentual expressivo de lavouras em condições críticas, que podem ser prejudicadas pelo clima.

CONSUMO AQUECIDO

Para o consumidor final, e levando em consideração os níveis da inflação, o vice-presidente da SNA explica que “os preços deverão, a princípio, se manter, porque o consumo interno e externo segue aquecido”. No entanto, ele admite que, “internamente, os preços poderão subir em função do comportamento do dólar”.

EXPANSÃO DE ÁREA

De acordo com o levantamento da Conab, houve ainda um aumento de área plantada de 976.100 hectares (1,7% em comparação à safra 2013/14).

O crescimento da soja foi de 6,4%, atingindo 1.9 milhão de hectares, em relação à última temporada. Já o milho segunda safra registrou aumento de 4,1% (376.400 hectares). A área da soja totaliza 32.1 milhões de hectares, e a de milho segunda safra, 9.6 milhões.

De acordo com Sirimarco, “os produtores brasileiros continuam apostando mais na soja do que no milho”. E para a próxima temporada, as perspectivas são promissoras.

Segundo estimativas do mercado, a área total deve crescer dos 31.8 milhões de hectares (plantados em 2014/2015) para 32.8 milhões de hectares – com uma produção de 100 milhões de toneladas.

“Mesmo assim, o quadro atual não significa que os produtores estão plenamente satisfeitos com os valores praticados. O País ainda tem novas áreas a serem exploradas”, ressalta o vice-presidente da SNA.

Estimativas do Instituto Mato-Grossense de Economia Agrícola (Imea) e da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja) apontam que a superfície no maior estado produtor do País não deverá crescer mais que 4%.

De acordo com a Aprosoja, esse crescimento reflete a recuperação de áreas degradadas de pastagem no noroeste e leste do Mato Grosso. “No entanto, os produtores estão preocupados com o clima, preços, custos crescentes, escassez de crédito e a incerteza sobre o valor do dólar”, observa Sirimarco.

FINANCIAMENTOS

Quanto à oferta de crédito, a Conab registrou uma ampliação, em julho e agosto, de 4% nos financiamentos de custeio e investimento. Ainda segundo a Conab, a liberação de crédito para a safra 2014/15 ocorreu normalmente nas principais regiões produtoras do País. No entanto, o vice-presidente da SNA mostra um cenário não tão otimista.

“Houve atrasos na liberação de crédito, que se somaram às altas taxas de juros, em decorrência da atual recessão. As vendas de maquinário, por exemplo, caíram quase 40% em comparação a 2014. Os bancos estão mais comedidos nessa questão de liberar recursos e isso afasta muitos produtores”.

EXPORTAÇÃO E VBP

Além do anunciado recorde da safra 2014/15, as exportações de soja do Brasil também deverão atingir recorde de 49.6 milhões de toneladas em 2016, contra 49.1 milhões de toneladas estimadas para 2015 e 45.7 milhões de toneladas registradas em 2014. A informação é da agência Reuters a partir de estudo divulgado esta semana pela consultoria GO Associados.

Também nesta semana, o País registrou o crescimento de 1% do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), que este ano alcançou R$ 473.2 bilhões. Os cálculos foram atualizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Em 2014, o VBP atingiu R$ 468.6 bilhões.

De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os ganhos na pecuária chegam a 2,2% e elevam a produção do setor para R$ 169.88 bilhões, enquanto as 21 culturas analisadas aumentaram 0,3%, totalizando R$ 303.34 bilhões. Itens como cebola (147,5%), mamona (99,4%), pimenta do reino (58,6%), trigo (7,5%), soja (3,7%), milho (3,4%) e café (1,6%) tiveram o maior acréscimo no valor da produção.

Por equipe SNA/RJ

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