Rally da Safra 2015: mesmo com estiagem, País deverá ter recorde de produção de grãos

Coordenador do Rally da Safra 2015, André Pessôa prevê lavoura recorde de soja e milho. Ainda aponta cenário de contrastes para ambas as commodities, que foram afetadas pela estiagem prolongada em algumas regiões brasileiras. Foto: Divulgação/Tamna Waqued
Coordenador do Rally da Safra 2015, André Pessôa prevê lavoura recorde de soja e milho. Ainda aponta cenário de contrastes para ambas as commodities, que foram afetadas pela estiagem prolongada em algumas regiões brasileiras. Foto: Divulgação/Tamna Waqued

Entra em campo na quinta-feira, dia 29 de janeiro, a primeira equipe do Rally da safra 2015, 12ª edição da expedição técnica nacional organizada pela Agroconsult com o objetivo de monitorar a safra de milho e soja nas regiões produtoras. A largada será em Chapecó, Santa Catarina.

André Pessôa, coordenador do Rally e diretor da consultoria, afirma que a perspectiva é de produção recorde de soja e milho. “O cenário, porém, é de contrastes para ambas as lavouras que vêm se desenvolvendo bem nos três Estados da Região Sul, mas estão sofrendo com a falta de chuvas em Goiás, Minas Gerais, Bahia, Piauí e Maranhão”, ressalta.

“Estamos indo para o Rally nesse ponto crítico. A situação é preocupante no Oeste da Bahia. Para se ter uma ideia, na primeira quinzena de janeiro, choveu somente 9 milímetros na região de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, principal polo produtor de grãos do oeste baiano”, analisa.

Pessôa também cita problemas de estiagem nas lavouras do Sudoeste de Goiás, do Noroeste de Minas Gerais, do Triângulo Mineiro, no Sul do Maranhão e Sul do Piauí. No entanto, as lavouras de soja do Sul do País, especialmente as do Paraná e do Rio Grande do Sul, estão muito boas, o que deve contribuir para evitar perdas significativas na produção total, de acordo com a consultoria.

Já em Mato Grosso, maior produtor nacional de soja, apesar das chuvas estarem abaixo da média, a Agroconsult ainda não está estimando perdas. “Mesmo com chuvas escassas, a umidade ainda está no limite mínimo necessário para o bom desenvolvimento das lavouras”, diz.

A expectativa da Agroconsult é de colheita de 93,93 milhões de toneladas de soja, aumento de 9% em relação à temporada 2013/2014. Já a área plantada, deverá totalizar 31,67 milhões de hectares, 5% superior à anterior. A produção está abaixo da estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que calcula 95,9 milhões de toneladas de soja.

Para o milho primeira safra (verão), a previsão é de 29,96 milhões de toneladas, queda de 5% comparada à safra 2013/2014. Nesta temporada, a área plantada foi de 6,2 milhões de hectares, redução de 7% em relação à passada.

“No Centro-Sul, a previsão é de uma mais acentuada, na faixa de 13%, na mesma comparação”, projeta Pessôa.

Quanto ao milho safrinha, a expectativa é de crescimento da área plantada em 2,5%, para 9,7 milhões de hectares e produção de 50 milhões de toneladas, aumento de 3,7% na mesma análise.

MARGEM

A estimativa é de uma redução significativa da margem dos produtores de soja, aquém da registrada em 2015. “Vamos para o campo em um ambiente de margem mais reduzida dos três últimos anos”, afirma.

“O ânimo dos produtores e a confiança em investimentos estão menores, o que impacta o mercado e a cadeia produtiva”, justifica.

A Agroconsult calcula que a rentabilidade da soja em Mato Grosso caiu dos R$ 600 por hectare nas três últimas safras para R$ 300 por hectare (O cálculo inclui a depreciação e excluindo os custos de arrendamento). Para as lavouras arrendadas, ao custo de R$ 10 sacas por hectare, Pessoa estima um valor adicional de R$ 400 por hectare, o que torna a margem negativa.

“Nas áreas onde a produtividade é inferior a 40 sacas por hectare, a soja será inviável”, diz Pessôa, que estima o preço médio de US$ 10 por bushel para a soja 2014-2015 e prevê a média de US$ 9/bushel para 2015-2016.

“Tivemos um período de preços acima dessa média mas, atualmente, a cotação está abaixo dos US$ 10 por bushel”, observa e afirma, porém, que não vê um cenário de crise, como a que ocorreu em 2005-2006, caracterizada por custos altos e baixa rentabilidade.

Segundo ele, houve pequena recuperação das áreas de milho, além de pequena recuperação no mercado do grão, em razão da taxa de câmbio, que melhorou a remuneração na exportação, e a queda do preço do fretes, que reduziu o custo de escoamento do cereal para os portos. No entanto, ele aponta redução no uso de híbridos e do pacote tecnológico na safrinha, em decorrência de um grande plantio às vésperas do fechamento da janela de plantio.

A Agroconsult calcula a safra total de grãos 2014/2015 em 200 milhões de toneladas, evolução de 4,% em relação à passada. “Vale lembrar que, se não chover, o viés é de baixa”, avisa.

EQUIPES

Ao todo, nove equipes do Rally Safra estarão em campo para avaliar lavouras. A equipe 1 percorrerá os polos de alta tecnologia de produção milho verão de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, no período de  29 de janeiro e 3 de fevereiro.

A seguir, de 2 a 10 de fevereiro, as equipes 2 e 3 avaliarão as lavouras de soja precoce, de Goiás, Mato Grosso, Paraná e Mato Grosso do Sul. De 23 de fevereiro a 18 de março, as equipes 4, 5, 6 e 7 observarão as lavouras de soja e milho entre no Mato Grosso, Goiás, Pará, Tocantins, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Piauí e Maranhão.

Por fim, de 24 de maio a 13 de junho, duas equipes avaliarão o milho safrinha de Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná, complementando os dados levantados pela equipe 1.

Durante a expedição, serão realizados 12 eventos com palestras sobre mercado de soja e milho. Também serão apresentadas também palestras técnicas sobre temas como refúgio, manejo de doenças, armazenagem e mecanismos de proteção de preços. A Agroconsult prevê a presença de 3.000 produtores nos eventos.

O trabalho das equipes e o roteiro completo da expedição poderão ser acompanhados pelo site www.rallydasafra.com.br.

Por equipe SNA/SP

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