Programa ABC precisa de mais divulgação, diz coordenador do Observatório ABC

Angelo Gurgel
Ângelo Costa Gurgel, da OGVAgro/FGV, diz que Plano ABC conseguiu importantes avanços no ano passado

 

Mesmo com os avanços conquistados em 2013, o Plano e o Programa ABC ainda necessitam de um trabalho de divulgação e difusão, incluindo o treinamento de agricultores, técnicos e profissionais da extensão rural, além de agentes financeiros, alerta Ângelo Costa Gurgel, coordenador do Observatório ABC, da GVAgro/FGV . Segundo ele, “espera-se, em 2014, que o Plano e o Programa continuem crescendo e atingindo um número maior de produtores, mas para que isso ocorra será preciso trabalhar no processo de disseminação do mesmo”.

Mesmo assim, Gurgel afirma que o Plano ABC vem demonstrando evoluções desde a sua criação, com importantes avanços em 2013. E cita alguns exemplos: “O Plano foi finalmente publicado no Diário Oficial da União em outubro; houve um considerável aumento na tomada de recursos do Programa ABC no primeiro semestre de 2013; o governo aumentou o montante de recursos disponíveis para o Programa ABC, de 3,4 bilhões na safra 2012/2013 para 4,5 bilhões na safra 2013/2014; a taxa de juros foi reduzida para 5% a.a”.

Para o coordenador do Observatório ABC, espera-se crescimento no número de adesões de produtores rurais, porque, diz ele, com o aumento no volume de recursos e a taxa de juros menor se observa um aumento no número de projetos do Programa ABC. “Mas, insisto, é preciso melhorar a divulgação do Plano e do Programa. É preciso mostrar para o agropecuarista as vantagens de se adotar as práticas da agricultura ABC, que, se adotadas corretamente, podem aumentar a produtividade e a lucratividade”, acentua.

Mesmo conscientizados sobre a importância do seu papel na preservação do meio ambiente, Ângelo Gurgel acredita que ainda há pouco conhecimento, por parte dos produtores, sobre os benefícios potenciais das tecnologias da agricultura de baixa emissão de carbono. “Apesar de mais conscientizados, os agricultores em geral ainda não receberam informações suficientes sobre os ganhos possíveis em termos de produtividade e de retorno financeiro quando da adoção das práticas do ABC”, ressalta.

Ele aponta também a tomada de crédito junto aos bancos que, em sua opinião, não é um processo simples. E explica: “Os projetos da agricultura ABC tendem a ser mais complexos, já que estão relacionados a uma mudança no sistema produtivo, e não ao financiamento de itens ou práticas isoladas. Isso impõe um desafio maior tanto na preparação do projeto quanto na sua análise. Para vencer esse desafio torna-se necessário maior investimento em treinamento, tanto de produtores e extensionistas rurais quanto dos agentes financeiros”.

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta 

Uma das práticas incentivadas, desde 2011, pelo Programa ABC é a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF). De acordo com Gurgel,  trata-se de uma tecnologia relativamente nova no país, que exige do produtor uma mudança na forma de trabalhar na atividade, já que coloca em um mesmo espaço diferentes tipos de produção agropecuária.

“Considerando esse desafio, pode-se dizer que a ILPF tem se desenvolvido no país, mas ainda é pouco adotada. Só para exemplificar, na safra 2011/2012 apenas cerca de 3% dos contratos do Programa ABC financiados via Banco do Brasil, instituição responsável por 80% dos financiamentos concedidos, foram para projetos de ILPF. Esses recursos foram distribuídos nos estados de MT, RS, MS, GO, MG, PR, PA, o que sugere que as técnicas de iLPF estão espalhadas por várias regiões e estados do país. Já na safra 2012/2013, apenas 2,5% dos contratos financiados pelo Banco do Brasil foram de ILPF”.

Para Ângelo Gurgel, “esses números sugerem que ainda há bastante espaço para o crescimento desses tipos de sistemas de produção. Assim, deve-se reconhecer que a integração é uma tecnologia relativamente nova e ainda pouco conhecida, e que, portanto, necessita de bastante divulgação e demonstração para que ganhe maior adesão por parte dos produtores”.

O Observatório ABC é uma iniciativa coordenada pelo GVAgro, em parceria com o GVces. Foi lançado em maio de 2013, visando ao monitoramento da implementação do ABC e à promoção de esforços de diferentes setores da sociedade na transição do Brasil para uma economia de baixo carbono.

 

Por Equipe SNA/SP

 

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