Produtores de aves e suínos devem assumir os prejuízos resultantes da Operação Carne Fraca

Ênio Marques, sócio da Agrosolution Consultoria e ex-Secretário de Defesa Agropecuária, avalia que as medidas tomadas pós-deflagração da Carne Fraca pela Polícia Federal estão no caminho correto. Ele lembra que o Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Brasil faz parte de uma rede mundial, na qual há conversas. Logo, ao surgir determinado problema, este serviço se vê responsável por comunicar os outros.

Com isso, o presidente em exercício, Michel Temer e o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Blairo Maggi, entraram em contato com as autoridades para demonstrar que a situação está sob controle e que as providências vem sendo tomadas. Assim, Marques acredita que tudo deve voltar rapidamente à normalidade, mas no timing de cada país.

Ele lembra alguns casos recentes que foram solucionados em relação a conflitos com a exportação de carnes para outros países, como a Rússia, que não admite alguns tipos de coadjuvantes tecnológicos na carne como a ractopamina, utilizada pelo sistema brasileiro de suínos e também alguns conflitos em relação a produtos exportados para os Estados Unidos. Com isso, ele aponta que a primeira parte da solução dos conflitos é técnica, com os serviços sanitários se entendendo. Depois, a parte política, com conversas em um cunho mais comercial, entra em jogo.

Essa negociação é um processo mais demorado e delicado do que uma abertura de mercado. Na abertura de mercado, toda a equivalência das regras é feita entre ambos os países. Quando surge algum problema técnico e operacional, as comunicações ocorrem e normalmente, tudo volta à normalidade. Como dessa vez não aconteceu nenhum problema de origem que obrigaria a suspender as exportações, Marques acredita que o processo será mais lento.

O mais importante neste momento, para Marques, é enviar os técnicos brasileiros à Organização Mundial do Comércio (OIC) para esclarecer as medidas sanitárias adotadas e a real proporção da operação. Por outro lado, ele acredita que grande parte dos países que colocaram restrições sobre o produto brasileiro devem voltar rápido ao mercado, se não pela avaliação de que apenas uma pequena parcela dos frigoríficos está sendo investigada, por uma demanda fundamental de carne.

O transtorno, no entanto, pode cair sobre os produtores, principalmente de aves e suínos, que fazem parte da rede de fornecimento dos estabelecimentos investigados, já que estes ficam sem abates e podem acabar perdendo animais e, consequentemente, seus rendimentos.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp