Produtor de soja ganha com redução de áreas de outros grãos no País

“O que ocorre com o feijão também está acontecendo com o milho. A safra de verão do milho, que era a maior, hoje está diminuindo de área a cada ano. Já a safra de inverno - a safrinha - vem aumentando sua área também a cada ano, até porque não sofre com a concorrência da soja”, avalia o vice-presidente da SNA, Hélio Sirimarco. Foto: Arquivo SNA
“O que ocorre com o feijão também está acontecendo com o milho. A safra de verão do milho, que era a maior, hoje está diminuindo de área a cada ano. Já a safra de inverno – a safrinha – vem aumentando sua área também a cada ano, até porque não sofre com a concorrência da soja”, avalia o vice-presidente da SNA, Hélio Sirimarco. Foto: Arquivo SNA

Produtores de soja têm se beneficiado com a redução da área de cultivo de outros grãos no Brasil, principalmente durante a safra de verão. Para o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Hélio Sirimarco, a preferência do agricultor pela oleaginosa vem sendo influenciada, nos últimos anos, pela maior demanda, maior liquidez e preços mais atrativos das sacas do grão, principalmente pagos pelo mercado externo.

No caso do feijão, um relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado no último dia 11 de agosto, aponta que a primeira safra deste grão está estimada em 1,3 milhão de toneladas, o que deve resultar em uma queda de 6,3% em comparação à estimativa de junho. Isto pode causar uma redução de 6% no rendimento médio do produtor, mesmo a área plantada tendo elevado em 0,1%.

“O que ocorre com o feijão também está acontecendo com o milho. A safra de verão do milho, que era a maior, hoje está diminuindo de área a cada ano. A área plantada de milho como um todo cresceu apenas 1,1%, segundo o IBGE, e a da soja, 5,8%. Já a safra de inverno – a safrinha – vem aumentando sua área também a cada ano, até porque ela não sofre com a concorrência imediata da soja”, avalia Sirimarco.

A estimativa do IBGE para julho sobre junho, em relação à área total de grãos a ser colhida (57,7 milhões de hectares) no Brasil, apresenta acréscimo de 2,1% frente à colhida em igual período de 2014 (56,5 milhões de hectares), com aumento de 79.564 hectares (0,1%).

O arroz, o milho e a soja somados representam 91,9% da estimativa da produção e 86,1% da área a ser colhida em todo o País. Em comparação ao ano anterior, houve acréscimos de 5,8% na área da soja, apenas 1,1% na do milho e na área de arroz houve queda de 2,6%.

DADOS DO FEIJÃO

Dados do último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em agosto, mostram que houve desaceleração de 8,3% na produção total de feijão do ciclo 2014/2015 – de 3,45 milhões para 3,16 milhões de toneladas – no comparativo anual.

Maior Estado brasileiro produtor de feijão, o Paraná é um exemplo desta retração, ao registrar queda de 10,4%. Em contrapartida, a soja desta região subiu de 15,9%, para 17,1 milhões de toneladas. Levando em conta a colheita nacional da soja, houve aumento de 11,7%, para 96,2 milhões.

Na visão de Sirimarco, o feijão paranaense, por exemplo, além de “perder espaço para a soja”, tem sido influenciado negativamente pelo aumento nos custos de produção, impactados pelo dólar valorizado frente ao real.

“Há informações de que a presença da mosca branca neste tipo de cultivo também esteja forçando os produtores a aplicarem mais defensivos agrícolas no campo, elevando seus gastos com o cultivo”, ressalta.

O vice-presidente da SNA também destaca que, conforme estimativa de julho do IBGE, os maiores produtores de feijão, atualmente, são Paraná (24,7%), Minas Gerais (12,2%) e Bahia (11,7%).

“A redução da expectativa de cultivo da primeira safra de feijão deve ser observada, segundo o Instituto, nos Estados do Nordeste que participam com 28,8% da produção nacional, mas reduziram em 21% suas estimativas de rendimento médio.”

Sirimarco ainda ressalta que a estimativa da produção nacional de feijão segunda safra totalizou 1,4 milhão de toneladas, registrando queda de 1,1% em comparação à estimativa de junho.

“O desempenho deve acompanhar as previsões de retração das áreas plantadas (0,4%) e do rendimento médio (0,6%) do produtor de feijão. Observamos que, em São Paulo, houve queda de 32,7% na área plantada e 7,5% no rendimento médio, o que pode levar à diminuição de 37,8% na área plantada em julho sobre o mês anterior.”

ESTADOS

O vice-presidente da SNA também cita, baseando-se no último levantamento do IBGE, que os três Estados maiores produtores da segunda safra de feijão são Paraná, Mato Grosso e Bahia com, respectivamente, 28,4%, 17,9% e 15,7% de participação na produção nacional.

“Para a terceira safra, ao lado de um aumento estimado de 1,5% da área plantada e de 0,4% no rendimento médio, a expectativa de produção, conforme o IBGE, foi elevada em 2% em comparação a junho, com 446,9 mil toneladas.”

Maior produtor de feijão do País para a terceira safra, com 43,7% da produção nacional, Minas Gerais deve registrar queda de 6,3% da área plantada e de 3,7% do rendimento médio, com produção estimada em 195,4 mil toneladas, uma redução de 2,8% sobre junho.

Segundo maior produtor da terceira safra de feijão, com 30,1% do total a ser produzido no País, o Estado de Goiás deve ser o único, de acordo com as regiões pesquisadas pelo IBGE, a registrar resultados positivos, com elevações de 15,6% na área plantada e de 13,3% na produção, apesar da queda estimada de 2% do rendimento médio do produtor do grão.

“A redução da área plantada de feijão, um dos itens mais essenciais e preferidos do consumidor brasileiro, pode levar a um aumento substancial nos preços do grão nas prateleiras dos estabelecimentos comerciais varejistas”, alerta Sirimarco.

Por equipe SNA/RJ

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