Produção nacional de peixes cultivados cresce 8%

Atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor de tilápias do mundo, atrás apenas de China, Indonésia e Egito. Foto: banco de imagem

A piscicultura brasileira cresceu 8% em 2017, atingindo 691,7 mil toneladas ante 640,5 mil toneladas no ano anterior. O valor na produção primária do setor é estimado em R$ 5,4 bilhões. “O crescimento anual é muito superior às outras proteínas de origem animal. Isso deve-se, inicialmente, ao espírito empreendedor de nosso produtor aquícola nacional”, destaca o presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (PEIXE BR), Francisco Medeiros.

O executivo lembra que o Brasil tem um histórico de produção e competitividade de proteína animal, construído principalmente nos últimos 40 anos. No entanto, a produção aquícola nunca foi tradição do investidor rural. “Somente no final dos anos 1980 que iniciaram os primeiros empreendimentos de piscicultura com foco na comercialização como atividade principal em algumas propriedades”, informa.

Segundo ele, o cultivo de peixes já se tornou uma das principais atividades econômicas em algumas regiões e, na próxima década, deve ser uma realidade mais comum. “A disponibilidade de recursos hídricos e de grãos no Brasil garantem as condições para assumirmos o protagonismo da piscicultura mundial nos próximos anos”, prevê.

Grande parte dessa evolução do setor, de acordo com Medeiros, está relacionada ao fato de, atualmente, o País ser o quarto maior produtor de tilápias do mundo, atrás apenas de China, Indonésia e Egito. “A tilápia foi uma espécie que se adaptou muito bem às nossas condições e tem correspondido ao desafio de produzir em diferentes regiões do Brasil, é o nelore das águas”, argumenta e acrescenta que hoje, a tilápia é a mais importante espécie de peixes cultivados do País.

Segundo levantamento inédito da Peixe BR, a espécie representa 51,7% da piscicultura nacional, com 357.639 toneladas em 2017. “A pesquisa da entidade mostra, pela primeira vez, os números da tilápia no País, comprovando a sua viabilidade em termos produtivos e como negócio, já que a espécie está presente nos maiores e mais recentes empreendimentos, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste”, acrescenta.

De acordo com Medeiros, os peixes de cultivo são todos aqueles que para chegar ao prato do consumidor, o produtor rural teve que fazer a reprodução, gerar os filhotes, repassar para outro piscicultor que vai manejá-lo e oferecer uma alimentação externa para o seu desenvolvimento. “Por fim, o produtor realiza a colheita e encaminha ao mercado, ou seja, um peixe, para chegar ao peso adequado a esse mercado, exigiu os cuidados do homem desde o seu nascimento até o abate, ou seja, é praticamente um trabalho artesanal”, destaca.

OUTRAS ESPÉCIES

De acordo com o levantamento, a segunda posição, em volume de produção, não é de uma espécie em si, mas de uma categoria de peixes, os nativos, que são liderados pelo tambaqui e representam 43,7% da produção brasileira: 302.235 toneladas.

“O tambaqui, que ocupa uma produção de destaque nas regiões Norte e Centro-Oeste, principalmente em Rondônia e Mato Grosso, deve continuar nos próximos anos sendo a principal espécie nativa produzida no Brasil”, acredita Medeiros.

Outras espécies, entre as quais destacam-se as carpas e as trutas, representaram 4,6% da produção brasileira de peixes de cultivo em 2017, com 31.825 toneladas.

GARGALOS

Na opinião do presidente da Peixe BR, o Brasil tem um potencial muito grande a ser explorado nesse setor, mas é preciso rever alguns termos para que isso se torne uma realidade. “O maior empecilho para aumentar a taxa de crescimento é a dificuldade de licenciamento ambiental nos Estados, além da regularização das solicitações de áreas aquícolas em lagos das hidrelétricas da União pela Secretaria de Pesca e Aquicultura do Governo Federal”, diz ele.

Segundo dados do levantamento feito pela entidade, mesmo com a evolução da piscicultura, os números ainda estão abaixo do que poderia ser considerado normal, analisando o potencial do País no setor. “Atualmente temos um déficit na balança comercial da ordem de US 1,3 bilhões, valor de 2017”, arremata Medeiros.

Por Equipe SNA/SP

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