Principais produtos do agro são responsáveis por 39% das exportações brasileiras

Presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, André Luiz Rocha “houve um aumento da demanda por açúcar bruto, principalmente no sudeste asiático, por causa do crescimento da população e da melhoria de renda e da urbanização”. “O câmbio alto também favoreceu nossas exportações”. Foto: Divulgação
Presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, André Luiz Rocha ressalta que “houve um aumento da demanda por açúcar bruto, principalmente no sudeste asiático, por causa do crescimento da população e da melhoria de renda e da urbanização”. “O câmbio alto também favoreceu nossas exportações”, destaca. Foto: Divulgação

As principais commodities agropecuárias representaram 39% das exportações do país, de janeiro a outubro deste ano, favorecendo o superávit de US$ 38 bilhões da balança comercial brasileira, no mesmo período. Os dados são da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), elaborados a partir dos números consolidados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), que foram divulgados no dia 1º de novembro. As negociações com outros países chegaram à marca dos US$ 153 bilhões e as importações, US$ 114 bilhões.

Como era de se esperar, a soja foi o produto do agro com maior participação nas vendas externas, nos dez meses de 2016, somando 12% do valor total (US$ 18 bilhões). A novidade ficou por conta das negociações de açúcar de cana em bruto com o mercado internacional. O item ficou em segundo lugar no ranking, com uma receita de US$ 6,58 bilhões e 4% do total das exportações. O que mais se destacou, nesse caso, foi o salto de 40% das vendas da commodity, quando comparado a igual período do ano passado, resultando em um incremento de US$ 1,89 bilhão.

Presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, André Luiz Baptista Lins Rocha comenta que, nos últimos anos, houve uma redução dos estoques de açúcar, por causa da queda de produção. “Em alguns anos anteriores, houve uma queda devida aos baixos preços; em outros, ocorreu a redução de safras em outros países, como a Índia, por questões climáticas”, salienta o executivo, em entrevista à equipe SNA/RJ.

Ao mesmo tempo, continua o presidente do Fórum, “houve um aumento da demanda por açúcar bruto, principalmente no sudeste asiático, por causa do crescimento da população e da melhoria de renda e da urbanização”. “O câmbio alto também favoreceu nossas exportações”, acrescenta.

De acordo com Rocha, que também preside o Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg) e o Sindicato da Indústria de Fabricação de Açúcar do Estado de Goiás (Sifaçúcar), “o Brasil continua com seu papel de principal produtor e exportador”. “Isso porque 70% do açúcar produzido aqui são exportados, sendo que nosso país responde por 44 % do mercado mundial.”

 

DESEMPENHO DO ETANOL

Dados da CNA, baseados no relatório da Secex/MDIC, mostram que as vendas externas de etanol tiveram um acréscimo de 23%, de janeiro a outubro deste ano, em relação ao mesmo período de 2015, contabilizando uma receita de US$ 827 milhões. Para a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil, esse bom desempenho foi influenciado, principalmente, pelos preços do produto no mercado internacional, nos últimos meses.

Conforme o presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, muitos contratos de exportação de etanol foram feitos em 2016, quando não se previa a alta dessa commodity. “Vários contratos foram fechados quando o real estava bastante desvalorizado, com o dólar próximo de quatro reais. Mas devido à elevação do açúcar e o recuo do câmbio, hoje, os preços não estão ‘dando arbitragem’ e as exportações devem fechar em volumes menores, em comparação aos da safra passada”, salienta Rocha.

“Grande parte do setor sucroalcooleiro continua em crise, por falta de crédito, o que vem aumentando o desnível entre empresas saudáveis e empresas em crise. Mas a safra começa com bons preços no mercado de açúcar, cujos estoques ainda estão baixos; e do etanol, em função dos estoques menores e da entressafra prolongada”, comenta o executivo.

Para o presidente do Fórum, no entanto, “existem boas perspectivas de aumento do consumo de combustíveis, diante da provável melhora da economia brasileira”. “O setor ainda espera a aprovação do ajuste fiscal, por meio da PEC 241 (Proposta de Emenda Constitucional), e o início da reforma trabalhista, com a aprovação da terceirização e a valorização das negociações coletivas.”

 

CHINA E EUA

Embora alguns segmentos do agronegócio tenham alcançado bons resultados, de janeiro a outubro deste ano, a CNA destaca que as exportações brasileiras apresentaram queda para todas as regiões, com exceção do Oriente Médio, onde ocorreu uma variação positiva de 1%, e da Oceania, que apresentou um crescimento de 15%.

China e Estados Unidos foram os dois países que mais importaram do Brasil: o mercado chinês comprou US$ 32 bilhões, enquanto o norte-americano, US$ 18,8 bilhões. Mesmo assim, esses valores representaram uma redução de 4% e 5% nas compras, respectivamente.

Coordenador da Área de Inteligência Comercial da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil, Pedro Henriques Pereira acredita que a queda das exportações do agronegócio brasileiro para a China é atribuída, principalmente, às vendas de soja em grãos e do fumo não manufaturado.

“Com relação à soja, em 2016, o Brasil produziu um pouco menos do que o esperado inicialmente, igualando a produção à do ano passado. Ainda tivemos uma pequena diversificação de mercados-destinos para esse produto e isso pode ter impactado os embarques para a China”, comenta Pereira, em entrevista à equipe SNA/RJ.

 

“Com relação à soja, em 2016, o Brasil produziu um pouco menos do que o esperado inicialmente, igualando a produção à do ano passado. Ainda tivemos uma pequena diversificação de mercados-destinos para esse produto e isso pode ter impactado os embarques para a China”, comenta o coordenador da Área de Inteligência Comercial da CNA, Pedro Henriques Pereira. Foto: Wenderson Araújo/Divulgação CNA
“Com relação à soja, em 2016, o Brasil produziu um pouco menos do que o esperado inicialmente, igualando a produção à do ano passado. Ainda tivemos uma pequena diversificação de mercados-destinos para esse produto e isso pode ter impactado os embarques para a China”, comenta o coordenador da Área de Inteligência Comercial da CNA, Pedro Henriques Pereira. Foto: Wenderson Araújo/Divulgação CNA

No caso do fumo não manufaturado (tabaco), o coordenador da CNA aponta que a redução nas vendas externas está ligada à baixa no dólar: “A produção brasileira segue constante, portanto, as indústrias exportadoras de tabaco podem estar esperando um melhor momento para negociar, principalmente, porque esse produto pode ficar armazenado por até cinco anos”.

Conforme análise de Pereira, no caso dos Estados Unidos, as quedas nas exportações são atribuídas, principalmente, ao café verde e ao papel: “Também houve queda significativa no valor exportado de celulose. Esse último produto foi afetado pela queda de preços já que, no acumulado de 2016, exportamos mais em volume e faturamos menos em dólar”.

 

ORIENTE MÉDIO E OCEANIA

De modo geral, segundo o coordenador da CNA, o aumento das exportações brasileiras para o Oriente Médio e Oceania pode ser atribuído à elevação na receita de exportações do agro nacional ao açúcar de cana em bruto.

“Para o Oriente Médio, particularmente, cresceram os embarques desse produto para Arábia Saudita, Emirados Árabes, Irã, Iraque, Líbano e Síria. Irã e Iêmen, por exemplo, também importaram mais soja brasileira, neste ano”, ressalta.

Pereira também avalia que, “quando falamos sobre alterações expressivas no comércio com a Oceania, estamos falando, principalmente, de dois países: Austrália e Nova Zelândia”. “No caso da Austrália, no acumulado de 2016, observamos um aumento nas vendas de celulose e açúcar de cana em bruto. E Austrália nunca foi um grande destino para a celulose brasileira. Por isso, esse aumento pode ser fruto de uma negociação entre empresas.”

Na visão do coordenador da CNA, “não se pode afirmar que essa é uma tendência que continuará”. “Além disso, a queda nos preços da celulose pode ter feito com que o exportador brasileiro buscasse novos mercados, além dos tradicionais – China e EUA. Em Nova Zelândia, por exemplo, o produto que apresentou maior aumento também foi o açúcar de cana em bruto”.

Desde o ano passado, no entanto, importantes produtores mundiais de açúcar, como Índia, Tailândia e a própria Austrália, tiveram suas safras afetadas pela seca, relata Pereira: “Essa condição motivou o aumento na cotação internacional do produto e pode ter criado oportunidades para o açúcar brasileiro. Essa pode ter sido a causa do aumento nos embarques para Nova Zelândia, que viu seu principal fornecedor, Austrália, enfraquecido. Vale lembrar que, em 2014, o mercado australiano respondia por quase 50% das importações neozelandesas de açúcar”.

 

Por equipe SNA/RJ

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