Ponto de colheita da tangerina Ponkan determina qualidade da fruta

Período de maturação da tangerina, para as condições do Espírito Santo, ocorre de meados de abril, nas regiões mais quentes, até setembro, nas regiões mais frias, concentrando-se nos meses de maio e junho. Foto: Divulgação Incaper

Com a diminuição das temperaturas, frutas cítricas como a tangerina Ponkan têm ganhado as prateleiras dos supermercados e barracas das feiras livres. Porém, para garantir a qualidade dessa fruta, é necessário, entre outros quesitos, colhê-la no ponto certo.

Segundo o pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) Sebastião Gomes, o período de maturação da fruta, para as condições do Espírito Santo, ocorre de meados de abril, nas regiões mais quentes, até setembro, nas regiões mais frias, concentrando-se nos meses de maio e junho.

“Por ser uma fruta não climatérica, a tangerina Ponkan necessita ser colhida em estágio adequado de maturação, que ocorre quando o conteúdo de açúcares e ácidos, bem como o volume de suco, apresentam composição desejável. Seu ponto de colheita ideal é definido quando o fruto apresentar teores de sólidos solúveis de 9º Brix, ratio (relação sólidos solúveis e acidez titulável) igual a 9,5 e mínimo de 35% de suco”, explicou Sebastião.

Segundo ele, no amadurecimento das tangerinas, ocorrem modificações externas e internas. A alteração da cor, o aumento nos teores de açúcares e a diminuição dos ácidos são o prenúncio dos estágios finais do desenvolvimento dos frutos.

“Externamente, os citros alteram a coloração da casca, de completamente verde quando imaturos, para amarela ou laranja quando maduros. O que seria o aspecto a ser observado para o início da colheita é quando o fruto começa a mudar de cor, passando do verde para a cor amarela/alaranjada”, contou o pesquisador.

De acordo com Sebastião, se os frutos forem colhidos totalmente maduros ocorre redução em sua vida útil e dificuldade no manuseio e transporte, ocasionando perdas qualitativas e quantitativas.

“A perda qualitativa, em especial, interfere na escolha do consumidor, pois estão relacionadas a atributos externos, como aparência e defeitos, e a internos, como o sabor. No caso das tangerinas Ponkan, pelo fato de terem que ser colhidas maduras, obter qualidade no ponto de colheita é importante para a comercialização”, relatou o pesquisador.

A qualidade do fruto deve ser avaliada desde a colheita até seu destino final. Para isso, podem ser adotados parâmetros físicos como peso, índice de formato, aparência e cor; ou químicos, como sólidos solúveis, pH, acidez e índice de maturação, características que são influenciadas por condições edafoclimáticas, cultivar, colheita, manuseio na colheita e pós-colheita, armazenamento, transporte e comercialização, entre outros fatores.

 

ESPÍRITO SANTO E BRASIL

O pesquisador Sebastião Gomes informou que o Brasil é o maior produtor mundial de frutas cítricas, sendo a laranja, a tangerina e a lima ácida (Tahiti) as mais produzidas e, entre elas, as tangerinas são o segundo grupo de maior expressão, ficando atrás somente da laranja.

No Espírito Santo, a produção de tangerina teve aumento significativo nos últimos anos. A área colhida, em 2016, foi de 1.299 hectares e a estimativa para este ano é de 1.312 ha. No ano passado, a produção foi de 25.701 toneladas e este ano a previsão é de 26.238 toneladas. Por fim, o rendimento médio de quilos por hectares foi de 19.785 quilos por hectare em 2016 e deve ser de 19.998 kg/ha neste ano.

“O levantamento de valor pago ao produtor mostra que, no Espírito Santo, o preço médio mensal nominal da tangerina variou de R$ 0,42 a R$ 0,78 por quilo em 2015. Os maiores produtores em 2014 foram os municípios de Domingos Martins e Santa Leopoldina. Domingos Martins, inclusive, foi o 16º maior produtor do Brasil em 2015”, informou Sebastião.

 

AGRICULTURA FAMILIAR

No Estado, o cultivo da tangerina é feito com mão-de-obra quase que exclusivamente familiar. “É realizado em diferentes condições de macro e microclimas devido às altitudes da região que variarem de 200 a 1,2 mil metros, o que propicia o alongamento do ciclo natural de colheita regional e o fornecimento de fruta fresca para os mercados locais, regionais e de outros estados por um período de cerca de sete meses do ano, de abril a outubro”, explicou Sebastião.

Ele também disse que, nas zonas de maior altitude, entre 800 e 1,1 mil metros acima do nível do mar, a condição climática favorece a produção de frutas de altíssima qualidade e propicia um atraso natural na maturação dos frutos. Além disso, são encontrados pomares entre as altitudes de 200 a 700 metros, propiciando os mais variados rendimentos e preços.

“Esse período de colheita tem propiciado aos agricultores, produtores de tangerina Ponkan, uma remuneração digna condizente com seus investimentos e trabalho”, concluiu o pesquisador.

 

Fonte: Incaper

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