Pecuária do Conhecimento aposta em tecnologia para melhorar renda do produtor

“O curso Pecuária do Conhecimento foi criado para divulgar o conceito do Boi 7-7-7 e mostrar a importância da adoção de tecnologias para o resultado econômico da atividade pecuária”, afirma Flávio Dutra de Resende, pesquisador da APTA. Foto: Leandro M. Souza/Divulgação APTA

Idealizado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, em parceria com a Phibro Saúde Animal, o projeto Pecuária do Conhecimento acaba de completar cinco anos.

O projeto, que é conduzido pelo Polo Regional de Desenvolvimento de Tecnologias dos Agronegócios da Alta Mogiana, localizado em Colina, no interior de São Paulo, tem como objetivo é divulgar a importância do uso de tecnologia para melhorar a qualidade da carne, de forma a aumentar a rentabilidade da pecuária de corte.

Segundo Flávio Dutra de Resende, pesquisador da APTA, atualmente há um grande distanciamento do setor produtivo em relação às universidades e à pesquisa, o que justifica a demora de muitas tecnologias chegarem ao campo.

Ele cita como uma das propostas para encurtar essa distâncias o curso Pecuária do Conhecimento, criado para divulgar o conceito do Boi 7-7-7 e mostrar a importância da adoção de tecnologias para melhorar o resultado econômico da atividade pecuária.

O sistema se baseia em genética, manejo e nutrição e pasto. A meta final é atingir 7 arrobas na fase de cria, 7 na recria e 7 na terminação, reduzindo de três para dois anos o tempo em que o gado fica pronto para o abate. “A ideia é gerar um animal de qualidade, jovem, com bom acabamento, para atender à pluralidade do mercado”, explica Resende.

Enquanto a média nacional é de cinco arrobas por hectare por ano, o Boi 7-7-7 chega a alcançar mais de dez arrobas hectare por ano.

 

EDUCAÇÃO CONTINUADA

Diretor-geral da Phibro Saúde Animal no Brasil, Mauricio Graziani afirma que o sistema Pecuária do Conhecimento tem como proposta levar educação continuada de qualidade, disseminando o uso de tecnologia para o desenvolvimento de um cadeia pecuária eficiente e mais produtiva.

 

Diretor-geral da Phibro no Brasil, Mauricio Graziani ressalta que a proposta da Pecuária do Conhecimento é levar educação continuada de qualidade, disseminando o uso de tecnologia para o desenvolvimento de uma cadeia pecuária eficiente e mais produtiva. Foto Leandro M. SouzaDivulgação APTA

Em cinco anos, o projeto realizou 80 cursos para mais de 1.600 participantes de vários elos da cadeia produtiva da pecuária de corte, envolvendo equipes de  40 indústrias de nutrição animal, 6 consultorias, 6 associações de raças de animais e 6 grupos de pecuaristas líderes os principais polos de pecuária: Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rondônia e São Paulo.

O programa inclui aulas teóricas e práticas a campo, para a capacitação de proprietários de fazendas, funcionários, técnicos das empresas de nutrição e consultores de campo, com foco nas boas práticas para a obtenção de melhores índices de eficiência produtiva e econômica dos projetos pecuários.

No curso, que é totalmente gratuito (aulas, alojamento e alimentação,) os participantes recebem informações sobre planejamento estratégico para o uso correto de programas nutricionais, manejo sanitário e genética apropriada.  Suplementação nas águas e na seca, sal proteinado, sal proteico energético, terminação intensiva a pasto, manejo de pasto e sistema de produção em confinamento são temas bastante concorridos nas discussões.

Na opinião de Flávio Dutra de Resende, pesquisador da APTA, o projeto envolve sustentabilidade ambiental, social e econômica. “É um case de sucesso em parceria pública privada da unidade de Colina”, resume ele, acrescentando que o curso está sendo estruturado para mais cinco anos.

 

MARGENS APERTADAS

O ponto de partida do projeto foi a constatação que o pecuarista não pode mais produzir como no passado. “O sistema de negócio mudou muito, as margens estão cada vez mais apertadas, daí a importância do uso de tecnologia”, justifica Gustavo Resende Siqueira, pesquisador da APTA envolvido no projeto.

Para ilustrar, ele lembra que, na década de 1970, um fazendeiro com uma propriedade de 1.000 hectares era considerado grande e conseguia renda líquida de 600 reais por hectare, o equivalente a R$ 600 mil anuais (ou R$ 50 mil mensais).

 

“O sistema de negócio mudou muito, as margens estão cada vez mais apertadas, daí a importância do uso de tecnologia”, diz Gustavo Resende Siqueira, pesquisador da APTA envolvido no projeto Pecuária do Conhecimento. Foto: Leandro M. Souza/Divulgação APTA

Hoje, Siqueira diz que o mesmo produtor recebe o lucro médio de cem reais por hectare, o que representa R$ 100 mil anuais (cerca de R$ 8 mil por mês). “Isso significa que tecnologia é fundamental para a permanência do pecuarista na atividade”, enfatiza.

 

PERFIL

Dos participantes do curso, 43% são pecuaristas dos polos de pecuária de corte; 25% são técnicos e pessoas de vendas; 16%, profissionais de consultorias; e 16%, gerentes e funcionários de fazendas. Destes, 41% fazem o ciclo completo; 28% a engorda; 12% a cria; 7% a engorda a pasto e 2% a recria.

“Conforme os participantes, 68% dos conhecimentos divulgados são aplicáveis imediatamente, 31% aplicáveis a longo prazo e 1% tem aplicabilidade baixa”, informa Newton Teodoro, gerente de produtos para bovinos da Phibro.

 

ARROBA MAIS LUCRATIVA

A partir de 2014, o Minerva Foods aderiu ao projeto Pecuária do Conhecimento com o programa @+Lucrativa, idealizado com a proposta de capitalizar o pecuarista. Segundo Marina Dal Coleto, técnica de campo responsável pelo programa, o projeto oferece recursos de até R$ 400 mil para pequenos e médios pecuaristas, destinados à nutrição animal.

“A influência que o Boi 7-7-7 tem dentro da porteira e notável, para se ter uma ideia, os participantes do @+Lucrativa produziam animais com 16,5 arrobas e elevaram para 19 arrobas”, compara.

Em 2015, o frigorífico ofereceu recursos de R$ 10 milhões e abateu 5.309 animais, e, em 2016, R$ 40 milhões e 15 mil animais. Para 2017, a expectativa é totalizar 80 mil animais.

 

“O produtor ganha ao fazer a gestão do seu negócio, ganha nas arrobas e na qualidade dos animais, que começa a ser superior”,diz Marina Dal Coleto, técnica de campo responsável pelo Pecuária do Conhecimento. Foto: Leandro M. Souza/Divulgação APTA

Marina conta que o frigorífico faz toda a parte de custeio para o produtor, “Dividimos o capital que ele emprestou por arrobas no dia do abate, pegamos o valor total que ele nos deve, dividimos pelo preço da arroba no mercado futuro e fazemos uma Cédula do Produtor Rural (CPR)”, explica.

Dessa forma, Marina diz que o pecuarista sabe quantos animais ele está suplementando, quanto ele está gastando, quantos animais vai retornar para o pagamento da CPR e quanto ele está ganhando.

“O produtor ganha ao fazer a gestão do seu negócio, ganha nas arrobas e na qualidade dos animais, que começa a ser superior”, resume.

 

Por equipe SNA/SP

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