Pecuária brasileira avança com o uso de tecnologias

Maurício Nogueira, da Agroconsult: a adoção do confinamento é estratégica para aumento da produtividade
Maurício Nogueira, da Agroconsult: a adoção do confinamento é estratégica para aumento da produtividade

 

O Rally da Pecuária constatou aumento da produção de carne bovina no Brasil, por conta do maior uso de tecnologias, entre as quais o confinamento na terminação. Para este ano, a Agroconsult, empresa responsável pelo levantamento, projeta um aumento de 4,1% na produção de carne bovina, para 10,65 milhões de toneladas (equivalente carcaça).  Os números foram divulgados na quarta-feira (6/6), por Maurício Palma Nogueira, sócio e coordenador de Pecuária da Agroconsult, consultoria responsável pela expedição que avalia a qualidade das pastagens a da produção em vários polos de pecuária do país.

“Observamos uma evolução significativa de vários indicadores. Estamos diante de uma revolução tecnológica na pecuária brasileira”, avaliou André Pessôa, sócio-diretor da Agroconsult.

De acordo o levantamento , em 2014, o volume de animais confinados no Brasil deve alcançar 4,66 milhões de cabeças, ante 4,38 milhões de animais em 2013, um avanço de 6,4%. Segundo Nogueira, a adoção do confinamento pelo pecuarista é decisão estratégica para aumentar a sua produtividade.

“No percurso avaliado, as propriedades que utilizam o confinamento mostraram uma produtividade, em média, 40% superior”, ilustrou, acrescentando que muitos pecuaristas optaram por não informar sobre a intenção de confinamento acreditando que a divulgação de uma maior expectativa de animais confinados pudesse derrubar os preços da arroba do boi gordo.

Na avaliação de Nogueira, o potencial de crescimento na pecuária não está nas atividades de cria e recria.

“O Brasil e a África Subsaariana são as únicas regiões com espaço para crescer nessas atividades”, observou.

“As tecnologias da pecuária, principalmente as de engorda, já estão dominadas. Precisamos evoluir na cria e a recria”, acrescentou Pessôa.

PASTAGEM

“Está crescendo a demanda por tecnologias de nutrição de pastagens. Pelo menos 45% dos produtores entrevistados afirmaram corrigir e adubar”, revelou Nogueira, apontando uma oportunidade para as empresas de fertilizantes.

No entanto, nos 940 mil hectares de pastos por onde as equipes passaram pelo menos de 11% das áreas de estão degradadas ou em estágio avançado de degradação, o que significa que menos 9,4% das áreas de estão semidegradadas e 2,4%, degradadas.  A expedição também observou a presença de erosão e de plantas invasoras, além de um histórico de utilização dessas pastagens relatado pelos pecuaristas.

“Tomando por base a área total de pastagem brasileira, isso significa que 19 milhões de hectares de pastos precisam de intervenção nos próximos dois anos, dos quais, 5 milhões de hectares que teriam de ser refeitos esse”, argumentou nogueira.

“Seriam necessários R$ 10 bilhões a 15 bilhões para reformar o pasto que já estragou”, calculou.

O Rally também avaliou o Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono), do governo federal.  De acordo com Nogueira, 18,5% da área de pastos já estão utilizando as atividades do programa,  destacando correção e fertilização, conversão de pastagens em agricultura, com cultivo de grãos ou cana, recuperação de pastagens degradadas com novos pastos, plantio direto e Integração-Lavoura-Pastagem-Floresta (ILPF),  outros, como. Os resultados do Programa ABC no campo serão divulgados dentro de um mês.

SOBRE O RALLY

A edição 2014 começou dia 24 de abril, em Campo Grande, e terminou no dia 28 de maio. As cinco equipes técnicas do Rally visitaram propriedades em 165 municípios de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rondônia, São Paulo e Tocantins, percorrendo 55 mil quilômetros, mapeando e fotografando pastagens, e entrevistando cerca de 120 pecuaristas. Os 9 Estados visitados respondem por mais 75% do rebanho bovino nacional e 85% da produção de carne.

Ao todo, foram aplicados 415 questionários, 76 entrevistas completas com produtores, 86 visitas em propriedades e 325 pastos amostrados aleatoriamente, além de 12 eventos regionais. A expedição que atingiu pelo menos 1.165 pecuaristas, segundo Nogueira.

Durante o percurso, as equipes realizaram levantamento sobre as áreas de pastagem e de agricultura em cada propriedade, condições da bovinocultura das áreas de cria, recria, engorda e confinamento do país.

Por Equipe SNA/SP

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