Parceria busca melhorar qualidade do leite produzido por agricultores familiares no RJ

O produtor rural, Roberto Escrivani, deposita leite cru em um tanque comunitário do município de Valença, RJ. Foto: Aline Bastos
O produtor rural, Roberto Escrivani, deposita leite cru em um tanque comunitário do município de Valença, RJ. Foto: Aline Bastos

O Brasil é o quarto maior produtor mundial de leite, com mais de 34 bilhões de litros em 2013, mas a demanda ainda é por um produto de melhor qualidade. A parceria entre a Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e a cooperativa Boa Nova, no município de Valença (RJ), pretende aumentar a qualidade do leite ao implantar um novo protocolo de higienização de tanques refrigerados de armazenamento de leite cru.

A princípio, a iniciativa vai atender em torno de 12 tanques coletivos de agricultores familiares, que fornecem cerca de 20 mil litros de leite diariamente à cooperativa.

O foco do trabalho da Embrapa está nas principais bacias leiteiras do estado do Rio de Janeiro, localizadas no sul e no noroeste fluminense, mas a ideia é avançar também para a região da Zona da Mata de Minas Gerais, com o apoio da Emater e de outros parceiros.

“A maior vantagem desse método é a facilidade de adoção pelos produtores, baixo custo e redução do impacto ambiental no processo de higienização dos tanques coletivos de leite. O resultado final é a garantia de entrega de um produto com maior qualidade e segurança para o consumidor”, diz André Dutra, líder da iniciativa pela Embrapa e doutor em Ciência de Alimentos.

O depósito do leite cru em tanques refrigerados em até duas horas depois da ordenha é uma exigência legal. Por serem em tanques comunitários, demandam o estabelecimento de uma relação de confiança entre os vizinhos, além de uma organização na produção.

“Em função dos custos da aquisição desses tanques, os produtores normalmente compartilham o equipamento. A pecuária leiteira é a atividade que predomina nos sistemas produtivos de agricultores familiares no Brasil. Por isso, deve ocorrer um esforço de todos os atores da cadeia leiteira para que o agricultor familiar seja valorizado no esforço de obter um leite de qualidade”, observa Rodrigo Paranhos, pesquisador da Embrapa e membro do projeto.

Geralmente, a melhoria da qualidade do produto representa um incremento na remuneração do agricultor familiar. A cooperativa Boa Nova adota fortemente essa prática.

“Com os resultados das análises microbiológicas realizadas, consultamos uma tabela de pagamento. Se a qualidade do leite é alta, o produtor é remunerado com um valor maior pelo litro de leite, mas se estiver abaixo do recomendado pela legislação, ele será penalizado. Esse acompanhamento é feito mês a mês. Então, se no próximo mês ele tiver melhorado, recebe uma bonificação financeira”, explica Fernanda Silva, médica veterinária e responsável pela qualidade do leite da cooperativa.

 

SANIDADE DO REBANHO

De acordo com ela, uma das maiores dificuldades para a obtenção de um leite de qualidade ainda é a sanidade do rebanho, especialmente relacionada à mastite. A questão da limpeza e da higienização também tem forte impacto e depende da orientação e capacitação da mão-de-obra.

“Às vezes, o produtor está fazendo tudo certo na propriedade rural, com controle de zoonoses dos animais e cuidados higiênico-sanitários durante a ordenha, mas, quando coloca o leite cru no tanque coletivo com falhas na sanitização, ‘contamina’ o produto, impactando em sua qualidade. Estou confiante que o projeto possa mudar a forma de trabalho dos pequenos produtores nesses tanques”, acrescenta Fernanda.

Até 2018, a Embrapa pretende instalar três unidades demonstrativas de referência com o protocolo de higienização de tanques de armazenamento de leite no Rio de Janeiro e Minas Gerais e capacitar tecnicamente cerca de 250 agricultores familiares que utilizam tanques coletivos.

 

Fonte: Embrapa Agroindústria de Alimentos 

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