Oferta superior à demanda pressiona cotações no mercado internacional de soja

“Novos aumentos no cultivo da soja, não só no Brasil como em outros grandes países produtores, estará diretamente ligado à oferta e à demanda”, diz o novo presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa. Foto: Divulgação
“Novos aumentos no cultivo da soja, não só no Brasil como em outros grandes países produtores, estará diretamente ligado à oferta e à demanda”, diz o novo presidente da Aprosoja Brasil, Marcos da Rosa. Foto: Divulgação

Enquanto uma cultura apresentar resultados econômicos positivos, sempre haverá estímulo à sua produção, garante Marcos da Rosa, novo presidente da Aprosoja Brasil (Associação dos Produtores de Soja), referindo-se à safra de soja 2014/15 que enfrentou problemas climáticos, mas obteve resultado econômico favorável. Porém, ressalta, “outros fatores influenciam o aumento na semeadura da cultura, sobretudo, com relação à demanda”.

Marcos – que a partir de 1º de maio passa a responder pela entidade, mas oficialmente tomará posse no próximo dia 19 – explica que no acumulado da última década o crescimento da produção e do consumo ocorreram simultaneamente, ambos com aumento de 45% de 2006 até 2016. “No entanto, nas últimas safras vemos os estoques finais de soja crescendo ano a ano em virtude e incrementos produtivos superior à sua demanda, o que vem pressionando já as cotações no mercado internacional”, esclarece.

Segundo o novo dirigente da Aprosoja, “assim, novos aumentos no cultivo da soja, não só no Brasil como em outros grandes países produtores, estará diretamente ligado à oferta e à demanda”. “Caso a demanda reduza o ritmo de aumento em relação à oferta pode trazer impacto sobre a produção de soja brasileira.”

Ele chama a atenção para a questão do dólar, ponto que considera importante que vem dando fôlego ao crescimento produtivo, “mas que deve ser olhado com muita cautela, pois pode trazer prejuízos econômicos à cultura”.

Em uma avaliação geral, em sua opinião, a conclusão que se chega é que haverá estímulo. Mas alerta para a situação dos bolsões na região Centro-Oeste e para 80% dos municípios produtores de soja da região do Mapito (Maranhão, Tocantins e Piauí), que colheram menos da metade da produtividade prevista.

Segundo Marcos, “a situação é dramática”. “Nestes municípios, se o poder público não adotar uma política de apoio aos produtores, é muito provável que teremos redução de área na próxima safra. A Aprosoja Brasil já estima uma redução potencial de mais de 50% de produção no Mapito e impacto financeiro proporcional de R$ 3,4 bilhões.”

 

“BOOM”

De acordo com ele, pode ser dito que houve um “boom” na área plantada de soja no Brasil que teve um crescimento próximo a 10 milhões de hectares. Segundo dados da Conab, diz ele, nos últimos dez anos a área semeada de soja no Brasil apresentou um avanço de 46%. “É verdade que na década anterior (1996 a 2006) o crescimento foi um pouco maior, cerca de 12 milhões de hectares, mas está claro que nas últimas duas décadas ocorreu o grande “boom” da soja no Brasil”, acentua.

Destaca ainda que “se fizermos uma análise externa, proporcionalmente, o país também cresceu mais que os dois grandes principais produtores mundiais, Estados Unidos e Argentina”. “Nos Estados Unidos houve um avanço próximo a 15% na área semeada de 2006 até 2016, enquanto que na Argentina o aumento da área semeada da soja foi de 30%. Já a área mundial apresentou um avanço de 29% na área semeada na última década, ou seja, inferior ao ocorrido no Brasil.”

“Podemos dizer que o principal Estado a contribuir para o grande aumento na área semeada no País foi Mato Grosso, que aumentou a sua área semeada de 49% de 2006 até 2016, aumento este superior ao apresentado na área semeada de soja no Brasil”, salienta o novo presidente da Aprosoja.

 

Por equipe SNA/SP

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